quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Cidades históricas de Minas Gerais (II): Tiradentes

Ver postagem anterior. Para o texto abaixo usei como referências a internet e o livro São João del Rei, Tiradentes, Congonhas -- da coleção "Tesouros de Minas"(ed. Autêntica, 2014).

O ouro descoberto por João Siqueira Afonso, em 1702, no local denominado “Ponta do Morro” atraiu um grande número de pessoas que, interessadas na exploração, ergueram uma capela e formaram um arraial que ficou conhecido com Santo Antônio da Ponta do Morro.

Tiradentes foi uma das cidades que mais teve ouro de superfície no Brasil, e graças a esta abundância, o arraial se desenvolveu, sendo elevado em 1718, à categoria de Vila de São José del Rei, ganhando a configuração arquitetônica que permanece até hoje.


A decadência do metal não impede a Coroa Portuguesa de lançar a derrama, exigindo o pagamento compulsório de impostos atrasados do quinto do ouro. Esta atitude opressora da metrópole faz nascer um sentimento revolucionário, que ficou conhecido como Inconfidência Mineira.


Em 06 de dezembro de 1889, com a valorização da figura do alferes, o governo republicano, decide trocar o nome da cidade para Tiradentes , homenageando o filho ilustre, nascido em 1746 na fazenda do Pombal, à margem direita do rio das mortes e em 1938, não só a cidade, mas todo seu entorno paisagístico é tombado pelo IPHAN, e hoje, Tiradentes se orgulha de sua vocação turística, sendo considerada um dos pólos turísticos mais importantes do Brasil.



Ao ser proclamada a República, o governo republicano precisava de um herói que, segundo os novos governantes, representava esses ideais. A escolha caiu sobre o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que além de tudo combateu um governo monárquico. Dessa feita, foi mudado o nome da cidade para Tiradentes. Tiradentes tornou-se um dos centros históricos da arte barroca mais bem preservados do Brasil, por isso voltou a ter importância, agora turística, na metade do século XX, foi proclamada patrimônio histórico nacional tendo suas casas, lampiões, igrejas, monumentos e demais partes recuperadas.

1702: A história da cidade teve início quando o bandeirante paulista João de Siqueira Afonso localizou filões de metais preciosos na região do Rio das Mortes e fundou o Arraial Velho de Santo Antônio, que posteriormente viria a ser Tiradentes. Naquele período, o Ciclo do Ouro estava em expansão na região das Minas Gerais, com a fundação de diversos arraiais em localidades onde eram encontradas riquezas naturais.
1718: Elevação do arraial à condição de Vila de São José del Rei. Segundo informações históricas, o nome “São José” adveio de uma homenagem ao príncipe português Dom José I. Desde a fundação, o arraial se expandiu aos poucos, pois constituía uma das rotas comerciais existentes e, com isso, ganhou importância no cenário das Minas.
1860: A Vila de São José del Rei foi elevada à categoria de cidade. Com a presença do poder imperial no Brasil, qualquer menção a Tiradentes e seus companheiros de Inconfidência Mineira podia ser encarada como uma ameaça à monarquia no país. Seria preciso que os ares republicanos permitissem nova alteração no nome do local.
1889: Após a proclamação da República, o alferes Joaquim José da Silva Xavier  (Tiradentes), antes considerado um inimigo do Império, foi transformado em herói nacional e homenageado com o nome da bela cidade.
1938: O charmoso conjunto arquitetônico da cidade de Tiradentes foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em um período cujo nacionalismo estava em alta através da figura do então presidente Getúlio Vargas.


Rua Silvio Vasconcelos, Tiradentes - (Foto: Google)










Imagens de Tiradentes - (Fotos: Google)




Sabores de Minas, em Tiradentes - (Fotos: Google)


Rua da Câmara - ao fundo, a Igreja de Santo Antônio, matriz de Tiradentes, obra-prima da arquitetura barroca mineira - (Foto: Google)



Igreja de Santo Antônio, matriz de Tiradentes - (Foto: Google)

A Matriz de Santo Antônio de Tiradentes teve a sua construção iniciada em 1710, no lugar  de uma pequena capela bandeirante, que foi a primeira Matriz da Comarca do Rio das Mortes. Em 1732 a Irmandade do Santíssimo Sacramento, em petição à Coroa Portuguesa, diz estar a igreja construída, faltando o forro e o assoalho. Na verdade, em 1733, o entalhador João Ferreira Sampaio trabalhava no altar-mor e em 1736/37 na obra de talha dos muros da capela-mor e arco-cruzeiro. Parece que em 1752 a igreja já estava concluída internamente, pois o pintor Antônio de Caldas, recebia, neste ano, 7.200 réis pelo douramento da igreja.

A igreja foi construída sobre uma colina e com grande aterro na parte fronteira, sua fachada, com duas torres bem desenhadas e frontão composto por duas largas volutas é ornamentada com rocalhas e encimadas por pináculos. No centro do acrotério existe uma cruz da cantaria, ladeada por dois globos flamejantes. Este frontespício foi construído em 1810/16, sob risco do Aleijadinho. O mestre da obra foi Cláudio Pereira Viana, que não só executou este serviço, como também a escadaria e balaustrada do adro, entre 1818 e 1820. Toda fachada foi executada em taipa, tijolos e argamassa, inclusive os ornatos rococó.




Altar-mor da Igreja de Santo Antônio, matriz de Tiradentes - (Fotos: Google)

Órgão da Igreja de Santo Antônio, matriz de Tiradentes, comprado na cidade do Porto (Portugal) - tem características alemãs - (Foto: Google)

Mais de 400 quilos de ouro foram utilizados na construção da igreja, a segunda mais rica desse metal no país. A variedade de elementos artísticos, como colunas, guirlandas, painéis ovais, castiçais e outros elementos do altar-mor revelam sua imponência.




Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a mais antiga de Tiradentes. A primitiva capela foi erguida pela Irmandade dos Homens Pretos, provavelmente em 1708.
A portada e o frontão com volutas bem desenhadas dão graciosidade ao frontispício em alvenaria de pedra. Na capela-mor, interessante pintura em perspectiva retrata a Virgem entregando o Rosário a São Francisco de Assis e a São Domingos Gusmão. O forro da nave foi pintado por Manoel Victor de Jesus e representa os quinze mistérios do Rosário.






Igreja das Mercês, no Largo das Mercês, em Tiradentes - (Fotos: Google) 

Possui magnífico interior rococó. O altar único, em talha policromada, forma com a capela-mor, arco cruzeiro e nave um conjunto de pinturas e dourados de rara beleza, executado por Manoel Victor de Jesus no período de 1793 a 1824. Não possui torres, e o local em que fica o sino é integrado à própria construção.


O Santuário da Santíssima Trindade recebe uma das maiores festas religiosas da região, o anual Jubileu da Santíssima, que atrai milhares de romeiros. Esse evento é celebrado na cidade há mais de dois séculos.


Pertencente à Irmandade dos Homens Pardos, a Igreja de São João Evangelista se caracteriza pela fachada simples e pela mistura de estilos em seu interior. Localizada no centro da cidade, a capela não possui torres, estando sua sineira em uma das janelas laterais. Reúne, na talha da caela-mor, elementos de estilo oriental, barroco e rococó. No local, está enterrado Manoel Dias de Oliveira, importante compositor brasileiro do período colonial.



No final da ladeira da Matriz, encontra-se o mais belo chafariz de Minas Gerais, construído em 1749 pela câmara para uma tríplice função: abastecer a vila com água potável pelas bicas frontais, lavagem de roupas pela lateral direita e bebedouro dos cavalos pela lateral esquerda. Sua fachada barroca guarda uma rara imagem de São José de Botas e um brasão da coroa portuguesa em arenito. O bosque Mãe D’água, localizado atrás do chafariz com aproximadamente um 1 Km de extensão, leva até a nascente que o abastece e seu caminho acompanha o aqueduto de pedra feito pelos escravos.





Teto da sala dos cinco sentidos, no Museu Casa Padre Toledo em Tiradentes-MG. Cada plano representa um sentido ilustrado com personagens da cultura greco-romana. Não nos foi ainda possível identificar os grupos que representam a visão (plano direito) e a audição (plano superior). Os outros são: Tato (plano central) - Hermes e Afrodite; Olfato (plano esquerdo) - Eros e Psique; Paladar (plano inferior) - Dionísio e Ariadne.

Museu Casa Padre Toledo - (Fotos: Google)

Essa casa imponente, digna do poderoso vigário da Comarca do Rio das Mortes, o inconfidente Padre Carlos Correia de Toledo e Melo, sem dúvida, merece uma visita. Foi a casa mais rica da Vila de São José del Rei. Alguns itens constantes na lista dos bens sequestrados revelam o ambiente de ostentação da residência. Cadeiras de caviúna com assento e encosto de damasco carmesim. A cabeceira da cama dourada e pintada, com sobrecéu de damasco. Essa casa, onde residiu o Padre Toledo de 1777 até sua prisão em 1789, já havia sido residência de outro inconfidente, o Cônego Luiz Vieira da Silva.

Foi nessa casa que aconteceu, em 8 de outubro de 1788, a festa de batizado de dois filhos de Alvarenga Peixoto e Bárbara Heliodora. O Padre Toledo havia sido o oficiante da cerimônia na Matriz de Santo Antônio. A festa acabou por se tornar uma reunião política. Entre os convidados estavam: Tomás Antônio Gonzaga, João Rodrigues de Macedo, Luiz Vaz de Toledo e Piza, irmão do Padre Toledo. Durante o calor dos festejos, brindes foram feitos. Luiz Vaz de Toledo e Piza declarou que cortaria, ele próprio, a cabeça do governador. O Padre Toledo revelava que se tornaria bispo. Alvarenga Peixoto anunciava: "eu serei rei e Dona Bárbara, a Rainha". Essas conversas e brindes acabaram sendo relatados por pessoas que estavam na festa e elas foram chamadas para depor na Devassa.

No século 19, a casa hospedou os dois imperadores brasileiros: D. Pedro I e D. Pedro II. Com o passar do tempo abrigou uma escola, a Prefeitura e a Câmara Municipal. É erroneamente chamada de "Casa de Tiradentes", pois não há nenhuma documentação que comprove que ele tenha residido na casa.

Sobrado Ramalho - (Foto: Google)

Este sobrado, situado no local conhecido como Quatro Cantos, na esquina das ruas Direita e da Câmara, é considerado o mais antigo da cidade. Foi residência particular da família Ramalho, que fundou a centenária Orquestra e Banda Ramalho em 1860. No século XX, abrigou um pequeno teatro no andar térreo.









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