quarta-feira, 22 de junho de 2016

Ainda o "inconformismo" da esquerda barulhenta com os rumos iniciais da cultura no governo Temer

Assim que Michel Temer anunciou a fusão do Ministério da Cultura com o da Educação, o mundo "cultural" brasileiro desabou sobre sua cabeça. Houve passeatas, ocupações de bens públicos federais vinculados ao ministério "extinto", e artistas de todos os quadrantes apressaram-se a repudiar o que chamaram de retrocesso e descaso com a cultura do país.

Aparentemente, tudo louvável, não houvesse um forte viés oportunista e egoísta nesse buchincho todo. Como disse Demétrio Magnoli,  o ruído maior veio da turma dos palcos: músicos, artistas, atores e atrizes. Parece até que a cultura se resume a só isso, nada mais. Cadê as vozes para defender nossas bibliotecas, nossos museus, nossos arquivos públicos, nosso folclore da esfera federal? Ou a turma dos palcos só olha para o próprio umbigo?

É sintomático que o auê todo tenha sido provocado pelo pessoal da cultura visível, a ostensiva, a que dá dinheiro para os artistas e ibope para o governo afastado. A cultura invisível não é problema nem preocupação de nenhum dos atores dos protestos e do governo afastado. Inúmeros -- a grande maioria -- dos artistas que apoiaram os protestos e ocupações, quer de maneira presencial  ou por declarações, são beneficiários de fartos recursos financeiros do governo via Lei Rouanet, o que os torna no mínimo justificadamente suspeitos de se manifestarem em causa própria.  [Ver: 1) Projetos culturais aprovados para captar recursos via Lei Rouanet -- alguém fiscaliza isso?! -- 2) Lei Rouanet x verbas para educação, ciências e pesquisa: adivinhem quem sai ganhando?]

A Biblioteca Nacional (Fundação Biblioteca Nacional) tem mais de 200 anos de história e possui um acervo de  9 milhões de itens -- por isso, é considerada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) uma das principais bibliotecas nacionais do mundo. É a maior do gênero na América do Sul e está entre as 10 maiores do planeta.

Apesar de toda essa importância, a Biblioteca Nacional foi absolutamente abandonada e desprezada nos 13 anos de governos petistas. Os problemas de conservação se acumulam, pondo em risco seu acervo e prejudicando seu acesso pelo público. A instituição tem problemas crônicos de infraestrutura.

Obras raras da Biblioteca na zona portuária do Rio foram destruídas por mofo e até ratos.

Seu último presidente da era petista, Renato Lessa, substituído por Helena Severo no governo interino de Temer, relatou os problemas que encontrou na Biblioteca quando ali chegou há três anos, e afirmou que ela não é prioridade do Estado. E aí, cadê os barulhentos -- vários deles simplesmente arruaceiros -- defensores da "cultura", mas que não dão a mínima para a Biblioteca Nacional (BN)? O abandono da BN é um dos inúmeros desserviços e descasos da era petista com a nossa cultura.

O azar da BN, diante dessa galera, é que ela não vai às ruas, ela não gera shows musicais e peças teatrais -- ela não aparece ostensivamente e, assim, não dá ibope. Não dando ibope, é evidente que Lula e Dilma não lhe deram atenção, seria perda de tempo.

Essa esquerda barulhenta, e povoada de vândalos, não fiscaliza nada pra valer, o que ela quer é chamar a atenção e ser manchete. O site Contas Abertas, de cuja seriedade ninguém duvida porque trabalha com dados e informações do próprio governo, denunciou recentemente que metade das iniciativas da Cultura no PAC não saíram do papel e que apenas metade do orçamento da Cultura foi utilizada nos últimos 15 anos. E aí, cadê esse bando de moças e rapazes histéricos que adoram esganiçar protestos nas ruas e ocupar bens públicos (que frequentemente vandalizam)? O que essa curriola fez de útil e proveitoso para eliminar ou minimizar essas calamidades contra sua "amada" Cultura?! E os atores, atrizes, compositores, cantores e músicos, onde estavam? E os professores universitários esquerdistas, faziam e fizeram o quê quanto a isso?

Em 12 de janeiro de 2015, o Museu Nacional, a mais antiga instituição científica da "Pátria Educadora", fechou as portas por falta de recursos. Em nota pública, sua direção esclareceu[...] Naquela que deveria ser a “Pátria Educadora”, conforme promessa da Presidente Dilma Roussef em sua posse, a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] não tem recebido os recursos que lhe cabem, inclusive para pagamento das empresas que prestam serviços de limpeza e portaria ao Museu Nacional. Impotente diante do que parece ser uma total insensibilidade da chamada “política de austeridade” […] só nos resta [...] vir a público para solicitar o apoio da sociedade e buscar sensibilizar as autoridades governamentais". Alguém por acaso viu algum movimento ostensivo de defesa do Museu por parte dos tais "defensores da Cultura"? Xongas!

O descaso da esquerda com nossos museus é tão grande e evidente, que nem mesmo os descasos da oposição com esse tipo de instituição é denunciado e protestado. O Museu do Ipiranga, também chamado de Museu Paulista, é uma instituição estadual vinculada à Universidade de São Paulo (USP). O governo paulista deixou o museu atingir tal estado de deterioração, que ele teve de ser fechado para obras em 2014 e só deverá reabrir em 2022! Alguém viu algum grupo de camisetas vermelhas ir para a Avenida Paulista e interromper o trânsito para protestar contra isso? Lhufas. Detalhe: o estado de São Paulo é governado pelo PSDB há 20 anos.

O ex-ministro da Cultura do governo Dilma, Juca Ferreira, gosta de fazer suas  frases de efeito, não raramente com pitadas de hipocrisia. Quando de sua recente saída do MinC, ele disse: "Prefiro a aspereza da realidade à superfície aveludada da hipocrisia", aplaudido pela plateia que o assistia. Mas, ele deitou e rolou no veludo da hipocrisia. Ultimamente, passou a verbalizar mais suas críticas contundentes à Lei Rouanet, "esquecendo-se" de que teve 7,5 anos para alterá-la e nada fez (5,5 anos como secretário-executivo de Gilberto Gil no MinC e 2 anos como ministro). Excesso de papo e mínimo de ação.


2 comentários:

  1. Esta cambada de artistas histéricos só olha para as benesses em seu favor.Quando se quer melhor distribuir estes recursos oriundos de isenção fiscal,direcionando-os a outras entidades culturais, que não "cantam" nem se exibem em "palcos ou novelas",como você bem salientou, ficam logo tendo xiliques

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