sexta-feira, 13 de maio de 2016

Maranhão, um estado infeliz: berço do clã Sarney e de Waldir Maranhão

O Estado do Maranhão, de gloriosa história, infelizmente tem estado há décadas no topo de uma série de notícias extremamente negativas econômica, social e politicamente. Esse ciclo de infelicidades se reativou há uma semana com a desastrada e tragicômica atuação de um filho seu, o deputado federal Waldir Maranhão, hoje presidente interino da Câmara dos Deputados. Esse cidadão fez uma lambança homérica anulando monocraticamente a votação recente nessa casa do Congresso, que aprovou e enviou à apreciação do Senado o processo de impeachment de Dilmanta Sapiens Rousseff NPS (Nosso Pinóquio de Saia).

Inexperiente, medíocre, classificado como de baixo clero pelos colegas parlamentares, Waldir Maranhão se deixou levar como marionete de duas raposas -- o AGU José Eduardo Cardozo e Flavio Dino, governador de seu estado -- e fez essa besteira, essa palhaçada hiperbólica que o expôs definitivamente ao ridículo e fez do Brasil mais um motivo de chacota no cenário internacional. O marionete se ferrou, e as raposas mal foram
mencionadas.

O boneco Waldir Maranhão e seu ventríloquo José Eduardo Cardoso

Como desgraça pouca é bobagem, descobriu-se agora que o filho do deputado, Thiago Augusto Maranhão, que é médico residente em São Paulo, era funcionário-fantasma do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão com salário bruto de R$ 7.500,00 (R$ 6.529,85 após descontos). A pedalada parlamentar do pai custou a sinecura do filho, que foi exonerado do cargo no TCE-MA e poderá ter que devolver o que ali ganhou ilicitamente.

Mas, voltemos ao glorioso Estado do Maranhão. Ter gerado esse Waldir Maranhão não é a única desgraça dessa unidade da federação. Desde que José Sarney, nascido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, ocupou o cargo de governador (1966-1971), o Estado do Maranhão tornou-se por décadas feudo absoluto do clã Sarney, quer através da filha de Sarney, Roseana, que governou o estado quatro vezes, quer através de políticos absolutamente sujeitos ao patriarca do clã. O atual governador, Flavio Dino, é seu opositor e sua eleição foi uma reação dos eleitores ao clã Sarney. Agora, é torcer que isso não seja o início de um novo ciclo de um novo clã no estado.

Os resultados desse domínio absoluto do clã Sarney são simplesmente pavorosos para o Estado do Maranhão:

☛ O estado tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) igual a 0,683, comparável ao do Brasil em 1980 e superior apenas ao de Alagoas na lista dos estados brasileiros por IDH. O estado possui a segunda pior expectativa de vida do Brasil, também superior apenas à de Alagoas.

☛ De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em 2007, o Maranhão é o estado com o maior déficit habitacional relativo do país. O Maranhão apresenta um índice de 38,1 por cento (que equivale ao número de imóveis existentes, dividido pelo de moradias necessárias para suprir a demanda da população). Em termos absolutos, o déficit no estado chega a 570 606 unidades, o quinto maior do país. O déficit maranhense representa 7,14 por cento do déficit absoluto total brasileiro, estimado em 7 984 057. A média maranhense é quase três vezes maior do que a nacional, de 14,6 por cento. Para a Fundação Getulio Vargas, as causas do déficit no estado estariam relacionadas à má distribuição de renda, à inadimplência do estado e Municípios e à política aplicada no setor. O então secretário-adjunto da Secretaria de Estado das Cidades, Desenvolvimento Regional Sustentável e Infraestrutura, Heraldo Marinelli, contestou parte dessas causas. Para ele, o déficit "não tem correlação com a falta de políticas ao setor e com a inadimplência de estado e municípios" e também influenciaria o "processo histórico de concentração de renda" no estado.

☛ De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2009, o Maranhão possui o maior número de crianças entre oito e nove anos de idade analfabetas no país. Quase quarenta por cento das crianças do estado nessa faixa etária não sabem ler e escrever, enquanto que a média nacional é de 11,5 por cento. Os dados do instituto, porém, não oferecem um diagnóstico completo da situação, pois se baseiam somente na informação de pais sobre se seus filhos sabem ler e escrever um bilhete simples. Em 2006, os alunos do Maranhão obtiveram a quarta pior nota na prova do Exame Nacional do Ensino Médio de língua portuguesa. Em 2007, obtiveram a sétima pior, que foi mantida na avaliação de 2008. Na redação, os alunos se saíram um pouco melhor, apresentando a sexta pior nota em 2006 e subindo seis posições em 2007.
Em 2013 o Maranhão obteve a segunda pior nota entre os estados brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) em suas provas de matemática, leitura e ciências, ficando à frente apenas do estado de Alagoas.

 O Maranhão apresenta o segundo maior índice de mortalidade infantil do Brasil, inferior apenas ao de Alagoas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de cada mil nascidos no Maranhão por ano, 39 não sobreviverão ao primeiro ano de vida. Vários fatores contribuem para o alto índice de mortalidade infantil no estado: dentre eles, o fato de que apenas metade da população tem acesso à rede de esgoto e o de que quase quarenta por cento da população não tem acesso a água tratada.

☛ A população de grande parte do estado ainda sofre com problemas de saneamento básico, desnutrição infantil e renda per capita. O Maranhão apresenta altos índices de desnutrição entre as crianças de zero a cinco anos desde 1999, de acordo com levantamento do Fundo da Nações Unidas para a Infância. Levantamento de 2013 mostra que 51,6% das crianças maranhenses apresentam anemia por deficiência de feto. Em São Luiz o número é ainda maior, 68%. O Maranhão é um dos estados com alto risco em relação à situação nutricional de crianças. A desnutrição infantil é uma condição em que as crianças não comem proteínas e calorias suficientes. 

Pelo exposto acima, é revoltante ver o descaso e a indiferença de um clã político em relação ao seu estado natal, a ponto de levá-lo a índices sociais e econômicos simplesmente deploráveis. Observe-se que o Maranhão, em praticamente todos os índices mencionados, só não é pior que o estado de Alagoas, terra dos clãs de Collor e Renan Calheiros -- mas isto é matéria para outra postagem.





Um comentário:

  1. Segundo últimas noticias, Maranahão jantou com Dilma no palácio da Alvorada, junto com Cardoso e Dino e ele assinou ali na presença de todos,depois de varias taças de vinho o documento de cancelamento da reunião. Em troca Dilma deu-lhe 105 milhões em emendas parlamentares.

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