quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Quem disse que Dilma NPS não é desonesta?

A desonestidade, ainda que só em princípios, dificilmente vem desacompanhada de atos e feitos, principalmente quando atinge o ocupante de um alto cargo executivo como é o caso de um presidente e/ou uma presidente da República. Esse é exatamente o caso de Lula, o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata) e de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia).

O NPA vem sendo desnudado homeopaticamente pela Lava-Jato, e o que está surgindo não deixa surpresas. Além disso, esse cidadão já perdeu a aura de inatacável e intocável -- seu boneco inflado, vestido de prisioneiro nas manifestações de domingo passado (16/8), foi um dos melhores resultados ostensivos desses protestos, corolários da campanha de assepsia política e moral que a Lava-Jato vem produzindo no país. No caso da nossa governanta, ainda não se descobriu -- e acho que dificilmente se encontrará -- algum ato desonesto direcionado para seu enriquecimento pessoal, como no caso de executivos e políticos envolvidos no petrolão. Mas, é preciso acabar de vez com a balela de que Dilma NPS é absolutamente honesta em termos éticos.

Exemplos de sua desonestidade ética existem aos borbotões, desde o tempo em que se tornou um elemento chave na definição da plataforma eleitoral do NPA. A madame é ambidestra exímia na arte de simular limpezas éticas e profiláticas  -- ela finge punir com uma mão, mas rapidinho recompõe os fatos com a outra. Nos dois governos do NPA ela, a exemplo dele -- seu criador e guru -- posava de executiva eficiente e implacável, mas teve a mesma cegueira seletiva que "impediu" que seu tutor visse as lambanças e pilantragens do mensalão e do petrolão que se planejaram, se implementaram e se avantajaram debaixo de sua barba e seu bigode.

Nossa Dama de Ferrugem não aparenta ter buço, mas muita coisa podre ocorreu debaixo de seu nariz com a conivência dela por ação e/ou omissão -- tanto no mensalão como, agora,no petrolão. Sua atitude cúmplice, e depois covarde, na compra fraudulenta da refinaria americana de Pasadena é por si só demonstração inequívoca e suficiente de sua desonestidade de princípios. Suas defenestrações de ex-ministros do NPA e sua repelente reaproximação repleta de elogios com vários deles -- sendo emblemático o caso de Carlos Lupi, do PDT -- são de dar engulhos. Suas ostensivas pressões sobre os ministros do TCU para que não rejeitem suas pedaladas são coisas de Poderoso Chefão.

Analfabeta política, economista incompetente e absolutamente avessa a diálogo, Dilma NPS mergulhou de cabeça e nada de braçadas na versão política mesquinha, aética e imoral da prática franciscana de que "é dando que se recebe" -- na versão lulo-dilmista-petista transformada em "é comprando/subornando políticos que se recebe favores e se governa". Dando continuidade ao loteamento de cargos para comprar políticos de baixo coturno moral sempre realizado por seu antecessor, nossa Dama de Ferrugem planeja agora beneficiar com cargos os mais diversos (em características e remunerações) todos os grupos políticos que considerar indispensáveis para tirá-la das cordas no relacionamento com o Congresso Nacional, situação em que ela mesma se meteu por sua arrogância pessoal e por sua ignorância política. 

A denúncia desse loteamento foi feita pelo jornalista José Casado, um dos jornalistas mais bem informados deste país, em sua coluna no O Globo de 18/8. Casado afirma que ela e Michel Temer combinaram começar a primavera com quase todos os grupos parlamentares governistas instalados em cargos-chave na administração direta federal, autarquias, fundações e empresas estatais. Segundo ele, quem comanda a logística para esse suborno coletivo, às nossas custas, é Eliseu Padilha (PMDB-RS), ministro da Aviação Civil. Casado afirma ainda que, também nessa tarefa a troika Dilma NPS, Temer e Padilha atua com a bênção do NPA. 

Segundo Casado, o resultado desse novo loteamento governamental tende a ser praticamente invisível para os contribuintes. Vai ficar encoberto pelos cargos e funções multiplicados na última década. Foram 130 mil contratações entre a posse de Lula, no 1º de janeiro de 2003, e os primeiros 90 dias deste segundo governo Dilma (o negrito é meu, não de Casado). Essa cifra significa que os governos federais petistas contrataram 40 novos servidores a cada dia útil, nos últimos 13 anos, de acordo com o banco de dados do Ministério do Planejamento (novamente, a ênfase no texto é minha, não do jornalista).

José Casado prossegue: entre Lula e Dilma, a folha de pagamentos da administração federal (excluídas as estatais) inchou na proporção de cinco contratações por hora — uma a cada 12 minutos — em cada jornada de trabalho, durante 3.117 dias úteis.

Ao mesmo tempo, proliferaram as remunerações por “confiança” e “gratificação”, sem contar adicionais por “incorporação”, “periculosidade” etc. São cerca de cem mil as funções comissionadas na estrutura governamental. 


Em março contavam-se 615,6 mil funcionários civis ativos. Dilma dispõe de uma força de trabalho 26% maior que Lula em 2003. No entanto, os serviços públicos estão em colapso, especialmente na saúde e educação. O peso e a intensidade do “ajuste” necessário para financiar o setor público demonstram quanto o Estado ficou maior que a economia — e não apenas por causa do funcionalismo. 

Na mesmíssima edição do Globo que publicou o texto de José Casado há,na página ao lado, um outro texto ("A casa da mãe Dilma"), de autoria do economista Gil Castello Branco, fundador da ONG Associação Contas Abertas, que aborda com outra lente exatamente o mesmo tema da proliferação de cargos públicos para agradar a políticos e partidos. 

Na lógica aliciadora da ex-guerrilheira e do petismo, segundo a qual companheiros fiéis que perderam cargos e/ou mandatos não podem ficar desabrigados, Dilma NPS decidiu nomear o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo (PT-PR) para a direção-geral brasileira da Itaipu Binacional. Paulo Bernardo tem um currículo "rico" no cenário petista: foi fiel e submisso ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e Ministro das Comunicações dos governos do NPA e da ex-guerrilheira (2005-2011). Há outro atributo de peso no currículo de Paulo Bernardo: ele é casado com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), pau mandado de Dilma NPS, da qual foi ministra-chefe da Casa Civil de 2011 a 2014. Aliás, Gleisi já foi diretora da Itaipu Binacional de 2003 a 2006 (governo do NPA) e foi corresponsável pelo desmanche do Tratado de Itaipu para atender a uma chantagem do Paraguai em prejuízo para o Brasil. Há uma história malcheirosa sobre uma "indenização" que recebeu quando se demitiu da diretoria da Itaipu. A indicação agora de seu marido para a direção-geral de Itaipu mostra que o lado brasileiro dessa importantíssima binacional virou um feudo familiar.

Paulo Bernardo substituirá Jorge Samek na direção-geral de Itaipu. Samek, um ex-vereador petista de Curitiba, ficou nada menos que 12 anos no cargo.

Não há argumento decente e plausível que sustente que ao fazer isso tudo de plena consciência, Dilma NPS seja minimamente honesta em termos éticos. Esta afirmativa é minha, não foi feita por nenhum dos jornalistas citados no texto acima.








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