terça-feira, 12 de agosto de 2014

Em 2013 Dilma NPS esperneou contra bisbilhotagem da NSA na sua vida -- em 2014 computador do Planalto agride e difama dois jornalistas

Depois de 12 anos de governos petralhas, em que a ética foi escorraçada da política e da gestão pública e a corrupção ganhou ares institucionais, continua a vir do governo e do Planalto o mantra petista "faça o que digo e não olhe o que faço".

Quando estourou no ano passado o escândalo da espionagem da NSA contra o governo e ela, Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) fez o devido escarcéu, sem porém a sobriedade e a eficiência de Angela Merkel. Essa pilantragem do governo Obama virou mote no governo e serviu de base para todos os atos e gestos do governo da madame em contraponto e antagonismo aos EUA a partir de então. Ser contra Tio Sam virou lema da nossa esdrúxula e capenga política externa.

Eis que surge uma comprovação de que a ira supostamente santa da madame contra bisbilhotices na vida privada de instituições e pessoas só vale quando ela própria é a vítima. Fora isso, vale tudo no reino da petralhada. No dia 08/8, o Globo denunciou que a rede de internet do Palácio do Planalto foi usada em maio do ano passado para fazer alterações difamatórias nos perfis dos jornalistas Míriam Leitão, colunista do jornal, e Carlos Alberto Sardenberg, da CBN e Rede Globo, na Wikipédia, com o objetivo de criticá-los. O IP 200.181.15.10, da Presidência da República, foi usado na enciclopédia colaborativa virtual para fazer alterações em maio do ano passado. O IP é uma espécie de identidade digital que permite saber de onde partiram as modificações. No entanto, apenas os administradores da rede do Planalto têm como saber exatamente qual equipamento do local foi usado.




As alterações nos perfis de Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg feitas via computador da rede de internet do Palácio do Planalto (clique na imagem para ampliá-la) -- (Infográfico: O Globo).


O dois jornalistas têm em comum o fato de serem críticos sistemáticos e implacáveis dos malfeitos e lambanças do governo Dilma NPS. O fato denunciado é grave, porque implica entre outras coisas o uso indevido, imoral e antiético de pessoa(s) e recurso(s) da máquina administrativa do governo para atacar e coagir pessoas que são incômodas ao Executivo. É um ato ostensivo contra a liberdade de expressão.

A primeira reação do governo à denúncia seguiu à risca a cartilha moleque do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata) quando pilhado em flagrantes de malfeitos: não vi, não sei de nada, não tenho nada com isso. Disse o Palácio do Planalto“o número do protocolo de internet (IP) citado pela reportagem é o endereço geral do servidor da rede sem fio do Palácio do Planalto. Isso significa que qualquer pessoa que utilizou essa rede via internet móvel terá como endereço de saída este número geral de IP. Por isso, não é possível apontar com segurança a identidade de quem alterou os textos citados pela reportagem a partir deste número de IP em maio de 2013”. Há controvérsias. Técnicos garantem que as informações podem ser resgatadas dos servidores de Palácio. E, se lá não estiverem, a identidade de quem as retirou terá ficado gravada.

O governo quis fazer-se de Pilatos tupiniquim e dar o caso por encerrado. Do alto da visão autocrática e prepotente de sua titular, o governo acha que sua opinião resolve definitivamente qualquer assunto e não pode ser contestada.

Apesar de ex-guerrilheira contra ditadura e arbitrariedades, como se autodefine, Dilma NPS tem muito ainda a aprender em termos de democracia. Com seu estilo rude e mandão, nesse caso específico ela se esqueceu do poder da imprensa e de um jornal, especialmente quando jornalistas seus são vítimas de arbitrariedade e violência de qualquer natureza. A partir de 08/8, o jornal O Globo assestou suas poderosas baterias contra o governo e o Palácio do Planalto, demandando a punição do(s) culpado(s) pela violência contra Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, dois de seus colunistas de ponta. A televisão Globo juntou-se a essa cruzada, e o assunto não sai das manchetes desde então. 

Demonstrando sua indiferença contra o bochicho gerado pelo ocorrido e, inequivocamente, sua sensação de impunidade, o(s) usuário(s) de um computador do governo voltou(aram) a alterar o perfil de Miriam Leitão em 09/8.

Depois que o Sistema Globo passou a dar ênfase ao ocorrido e a insistir na punição da agressão, começaram a pipocar reações de apoio por todos os lados. A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) através de seu presidente divulgou nota na sexta-feira 08/8 afirmando que "condena todo o ato de adulteração de dados ou informação falsa contra qualquer cidadão" e diz que o fato denunciado se revela ainda mais "inaceitável" quando envolve servidores do Estado e tem por objetivo atingir profissionais da empresa. Para a Abert é de fundamental importância a apuração das denúncias pelo Palácio do Planalto e a garantia do direito à veracidade dos fatos", finaliza a nota.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, jornalista Tarcísio Holanda, classificou o fato como "insólito e inaceitável". A vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga diz que a denúncia tem que ser apurada de forma criteriosa. Ela acrescenta ainda que posições divergentes devem ser debatidas publicamente e não por meio de anonimato. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também divulgou nota, assinada pelo vice-presidente da entidade, Francisco Mesquita Neto, responsável pelo Comitê de Liberdade e Expressão. Na nota, a entidade condena a alteração dos perfis, cobra apuração dos fatos e punição dos responsáveis.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta sexta-feira que "o fato deverá ser apreciado pelos colegas da Procuradoria da República no Distrito Federal. E deve ser enfrentado também no âmbito disciplinar próprio da previsão do serviço público". O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), protocolou, na tarde da sexta-feira 08/8, representação na Procuradoria Geral da República (PGR) em que pede a abertura de investigação para apurar a denúncia envolvendo a rede de internet do Palácio do Planalto na alteração criminosa dos perfis dos jornalistas do Globo.

Adversários da presidente Dilma Rousseff na campanha eleitoral à Presidência da República deste ano, os candidatos do PSDB, Aécio Neves; do PSB, Eduardo Campos e do PSC, Pastor Everaldo condenaram o uso da rede da Presidência da República para alterar perfil dos de jornalistas. Os candidatos cobraram apuração dos fatos e punição dos responsáveis pelas alterações.

Acuado, o governo fez o de sempre: untou-se de vaselina e foi buscar uma saída. Dilma NPS afirmou neste sábado que pediu investigação sobre denúncias de que perfis de jornalistas na enciclopédia virtual Wikipédia foram alterados por meio de rede de computadores ligada ao Palácio do Planalto. “Isso é absolutamente inadmissível por parte do Planalto e do governo federal ou por parte de qualquer governo”, disse, ao chegar para caminhada de campanha em Osasco, na Grande São Paulo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, classificou como "abominável"alteração dos perfis dos jornalistas e disse que o Planalto irá criar uma comissão técnica para investigar o incidente. "Comissão técnica" é, geralmente, o primeiro passo importante para não gerar nada ou gerar monstrengo -- o dromedário foi parido por uma "comissão técnica" incompetente organizada para produzir um camelo.

Hoje, 12/8, a coluna "Vida Digital" de Pedro Doria ("A Wikipédia do Planalto") revela que o mesmo IP 200.181.15.10, da Presidência da República, autor da difamação contra Miriam Leitão e Carlos Sardenberg, dedicou-se com afinco à edição de artigos na Wikipédia, a enciclopédia livre da internet, e tudo foi feito de dentro do Palácio do Planalto.

Dessa história toda tiram-se até aqui as seguintes conclusões:

● não existe nenhum controle sobre o que é feito com pessoal e recursos da Presidência da República, desde que em benefício dos interesses -- quaisquer que sejam eles -- do PT e de Dilma NPS;
● a chamada "democracia petista" só funciona por eructação ou êmese, e assim mesmo só quando acuada;
● a imprensa livre é inegavelmente o quarto poder da República e indispensável para uma democracia genuína;
● não fossem Miriam Leitão e Carlos A. Sardenberg jornalistas do Globo, mas sim de um jornal de menor expressão e poder, a petralhada e Dilma NPS varreriam esse incidente para debaixo do tapete do Planalto, como já fizeram com inúmeros outros atos delituosos contra a democracia, a ética e a moral;
● não fosse também 2014 um ano eleitoral, dificilmente Dilma NPS iria se lixar para o ocorrido;
● a imprensa só é implacável com quem é alheio ao seu meio, no mais é extremamente corporativista, seletiva e parcial; órgão nenhum da imprensa teve a lisura e a hombridade de acusar a Rede Bandeirantes de TV de irresponsabilidade e homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) por ter contribuído para a morte de seu cinegrafista Santiago Andrade no início de fevereiro deste ano, ao mandá-lo cobrir um evento de violência e risco evidentes no Rio de Janeiro sem qualquer equipamento de proteção à sua integridade física, seja colete de proteção e/ou capacete.

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