sexta-feira, 25 de julho de 2014

Violência institucional para obrigar o TCU a inocentar Dilma NPS no imbróglio de Pasadena

[Fiquei surpreso quando o ministro José Jorge isentou Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) e todo o Conselho de Administração da Petrobras de qualquer culpa pela compra desastrosa e eivada de erros da refinaria americana de Pasadena. Ele é o relator desse processo no TCU - Tribunal de Contas da União. Convivi com ele quando foi ministro de Minas e Energia (2001-2002) do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) e sempre admirei seu jeito calmo e firme de tomar decisões -- o José Jorge dessa decisão do TCU é outra pessoa.

A decisão de José Jorge contradiz inteiramente os conceitos básicos que regem as responsabilidades dos Conselhos de Administração das empresas, principalmente das estatais, e contraria até o Estatuto Social da Petrobras. Hoje, o jornalista Merval Pereira em sua coluna no O Globo dá detalhes das pressões petistas nos bastidores para que José Jorge tomasse a decisão que tomou. Como tudo o que envolve os governos petistas, essas manobras trazem o carimbo da imoralidade e da absoluta falta de ética. Os personagens envolvidos em mais essa negociata dão bem o calibre da pouca-vergonha: Luiz Adams e o NPA. O primeiro é Advogado-Geral da União (AGU), um pau-mandado de Dilma NPS, e o outro é o promotor de ilícitos mais conhecido e mais protegido deste país. O que estiver em itálico entre colchetes é de minha responsabilidade.]


AGU e Lula pressionam TCU

Merval Pereira -- Blog do Merval, 25/7/2014

Houve uma articulação do governo, que envolveu o Advogado-Geral da União (AGU) Luiz Adams, e até mesmo o ex-presidente Lula, para tentar engavetar o processo do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A decisão do Tribunal acabou isentando o Conselho de Administração, presidido na ocasião da compra pela hoje presidente Dilma Rousseff, de culpa pelo prejuízo causado à Petrobras, mas condenou os 11 diretores da estatal brasileira a ressarcirem os cofres públicos em quase U$ 1 bilhão.

O primeiro relato sobre essa manobra governamental, que se assemelha em tudo às pressões que o ex-presidente Lula fez sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o processo do mensalão não fosse a julgamento, foi feito pelo jornalista Reinaldo Azevedo, ontem, em seu blog na Veja. Fui a campo para esmiuçar o caso e descobri que na terça-feira dia 22, véspera da análise do processo, às 17 horas o Advogado-Geral da União foi ao TCU para uma audiência com o relator, ministro José Jorge (ex-senador do DEM e ex-candidato a vice-presidente da República na chapa tucana em 2006) e pediu para tirá-lo de pauta.


Não é um procedimento incomum, e normalmente os pedidos são atendidos para dar mais tempo aos advogados de se prepararem. Mas, como esse é um caso muito complexo e com delicadezas políticas, o ministro José Jorge tomou a precaução de publicar seu voto na intranet do TCU na véspera. Adams alegava querer fazer uma defesa oral, e não tivera tempo suficiente de analisar o relatório, divulgado no dia anterior.

Mas como o relatório fazia parte do processo, que já era público há muito tempo, o ministro José Jorge não viu razão para adiar o julgamento. Nessa conversa, José Jorge perguntou a Adams: “Você vai fazer a defesa de quem? Nós estamos aqui defendendo a Petrobras, condenando as pessoas a devolverem o dinheiro à Petrobras”. Ao mesmo tempo, o ministro do TCU José Mucio, que foi ministro de Articulação Política de Lula, foi chamado pelo ex-presidente para uma conversa em São Paulo.

No relato que fez a seus pares, disse que encontrou o ex-presidente muito preocupado, relatou mesmo que nunca vira antes Lula de moral tão baixa. O ex-presidente criticou a campanha de reeleição de Dilma, a indefinição do ministro Gilberto Carvalho, que não sabe se fica no Planalto ou vai para a campanha. E mostrou-se especialmente preocupado com a repercussão do processo do TCU sobre a refinaria de Pasadena na campanha eleitoral.

A preocupação era tão grande que Adams não fez a defesa oral e articulou com alguns ministros para que um deles, Benjamim Zymler, pedisse vista do processo. Quando José Jorge terminou de ler seu voto, Zymler alegou que a estimativa dos prejuízos precisava ser revista e pediu vista. O relator esclareceu então que seu voto ficaria computado, o que significava que o pedido de vista seria na votação já começada. [O ministro Zymler é outro velho conhecido meu. Engenheiro eletricista competente, trabalhou na Eletronorte e em uma empresa de consultoria em que também trabalhei. No TCU tem tido um desempenho com altos e baixos -- esse pedido de vista encomendado não enriquece seu currículo. Consta que tem pretensão de chegar ao STF, o que seria um motivo a mais por trás desse esdrúxulo e sintomático pedido de vista.]

Imediatamente o ministro Weder de Oliveira anunciou que votaria com o relator, alegando que aquela era uma etapa intermediária do processo, que a decisão definitiva só sairá mais adiante, quando fossem ouvidas as partes. Vários ministros, entre eles Ana Arraes, mãe do candidato do PSB Eduardo Campos, deram o voto a favor do relator, que já ficou com a maioria.

Foi então que o ministro José Mucio pediu que o assunto fosse logo à votação “já que a presidenta não está colocada”, e Zymler retirou o pedido de vista, tendo o relatório sido aprovado por unanimidade. Nos contatos mantidos por emissários do governo com ministros do TCU, houve um momento em que foi jogada na mesa a carta da nomeação para o Supremo Tribunal Federal (STF), cargo a que Adams aspira e também o ministro Benjamim Zymler.

Por isso a decisão de excluir os membros do Conselho Administrativo da Petrobras do rol dos culpados foi tão comemorada pelo Palácio do Planalto. Mas é preciso compreender que esse processo vai por etapas. Neste momento, o relator entendeu que seria mais útil concentrar a investigação e a responsabilização na diretoria executiva, que foi quem realmente operou o negócio. Se abrisse muito o leque, alega José Jorge, perderia o foco nas investigações.

Nada impede, porém que ao abrir a Tomada de Contas Especial (TCE) e ouvir os envolvidos no caso, membros do Conselho de Administração, inclusive a própria presidente da República, sejam convocados a depor e eventualmente incluídos no rol dos culpados. [Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. No Brasil, a justiça (propositadamente aqui escrita com inicial minúscula) não escreve certo nem em pauta retilínea. Além de cega, como suas coirmãs do planeta, a nossa é surda, nem sempre se expressa inteligível e logicamente, e sofre de seríssimas restrições motoras. É paquidérmica em sua velocidade de atuação, e muito mais frequentemente do que o aceitável joga escandalosamente a favor dos mais fortes, não importa a culpa destes. Meu receio é que essa decisão imoral de proteção do TCU a Dilma NPS crie jurisprudência e transforme legalmente os Conselhos de Administração em manadas de vacas de presépio, absolutamente isentas de responsabilidade pelo que decidem.]

Um comentário:

  1. Cometi um sério engano na postagem acima, para o qual me alertou meu dileto amigo Afrânio: José Jorge foi ministro de Minas e Energia do FHC e não do NPA. Fica feita a correção, com o meu pedido de desculpa.

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