sexta-feira, 13 de junho de 2014

Ecos da abertura da Copa

Finalmente, iniciou-se ontem a famigerada Copa do Mundo de Futebol Fifa 2014, objeto de amor e ódio neste país -- aparentemente, mais deste do daquele. A abertura do evento com Brasil e Croácia permitiu algumas observações e avaliações interessantes, a meu ver. Vejamos.

Aspectos políticos


Escaldados com as vaias recebidas na Copa das Confederações, o presidente da Fifa Joseph Blastter e a presidente Dilma NPS medraram e não discursaram na abertura da Copa, o que foi politicamente incorreto e lamentável. O dono e a anfitriã do show não suportam vaias. Blatter pode fazer o que lhe dá na telha, afinal ele só tem que dar satisfação a uma centena de presidentes de confederações, que via de regra têm mostrado bolsos e carteiras hospitaleiros para um dinheirinho extra. Mas, a presidente do país que recepciona delegações esportivas de 32 países, vários chefes de Estado e milhares de turistas estrangeiros não pode dar faniquito e fazer esse tipo de grosseria. Essa madame é uma democrata de araque.


A paúra de Blatter e de Dilma NPS era tanta, que ambos se esconderam na última fila do camarote das autoridades. Não me consta que o protocolo para um evento desse porte e dessa repercussão mande a presidente anfitriã, o dono do evento e o secretário-geral da ONU (Ban Ki-moon) se esconderem na última fila na cerimônia de abertura. Foi uma palhaçada, certamente imposta pelo governo brasileiro.


Dilma NPS, sua filha, Joseph Blatter (Fifa) e Ban Ki-moon (ONU) no escurinho da última fila do camarote VIP na abertura da Copa (só faltou a ex-guerrilheira esconder-se atrás da pilastra ...). A foto (Google) teria sido tirada num dos momentos (foram quatro) em que a presidente era vaiada e xingada, o que explica sua aparência e a das demais autoridades. 


A ausência do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) no evento foi sintomática, embora preenchesse uma lacuna. Ele é outro tipo de político reles, chinfrim, porcaria, que só gosta de baba-ovo à sua volta -- a hipótese de ser vaiado o irrita. Como é muito mais malandro e melhor de faro que a ex-guerrilheira, o NPA escondeu-se na sombra de sua covardia e ficou em casa. Logo ele, corintiano doente e o grande (ir)responsável por essa Copa estar no Brasil. Mesmo no aconchego de sua pusilanimidade, o NPA não deixou no entanto de desempenhar seu papel de guru merreca e fazer seu comentário idiota, dizendo que o xingamento a Dilma partiu das cadeiras numeradas e, portanto, não representa a opinião do povo. O NPA decretou assim que entre os milhares de brasileiros presentes no estádio não havia sequer um eleitor de Dilma NPS em 2010, nem tampouco petistas. E pregou mais uma peça em sua afilhada política e poste de estimação -- a primeira foi ter lhe jogado no colo a responsabilidade de fazer um evento dessa grandeza e o desgaste que disso seria inevitável.

A reação do público à simples menção do nome da nossa Dama de Ferrugem teve dois momentos, um inatacável e o outro absurdo, grosseiro e inaceitável. A vaia foi e é legítima, se lá estivesse eu teria engrossado esse coro. Mas, xingar a presidente com termo de baixo calão é uma grosseria inadmissível, uma boçalidade que depõe contra o nosso país. 

Aliás, por falar em público, o turista que anda por nossas ruas, bares e botequins e esteve ontem no Itaquerão deve ter pensado que estava em outro país. Não me lembro de ter visto um preto ou mulato sequer no meio do público -- também, pudera, com os preços dos ingressos impostos pela Fifa não é qualquer um que pode assistir à Copa. Gozado, por que será que Dilma NPS não impôs à Fifa a aplicação de cotas para nossas minorias nos ingressos? Ela é tão fissurada nisso ... 

Antes do jogo, uns 200 idiotas e boçais tentaram bloquear uma avenida importante de acesso ao estádio, gritando "não vai ter Copa" -- só o slogan já define o que existe e fede na caixa craniana dessa gentalha. Rapazes e moças, em sua maioria encapuzados ou com os rostos cobertos com máscaras contra gás, entraram em choque com a polícia. Duas repórteres da americana CNN se feriram. Em um determinado momento, a televisão se concentrou em um jovem de boa aparência e surpreendentemente de rosto à mostra que batia no peito qual um Tarzan urbano grotesco, perdido naquele cipoal, e dizia contra os policiais aquelas baboseiras de agressão ao povo, defesa da burguesia, e outros que tais. Em outro momento, um pai retirava da manifestação aos safanões o filho manifestante e mascarado, dizendo-lhe que não o sustentava para fazer aquilo. Quando o próprio pai tirou a camisa que escondia o rosto do filho, apareceu um fedelho com cara de idiota.

No capítulo dos malfeitos de comportamento, sobrou uma polêmica para os jogadores croatas. O gestor do estádio Itaquerão Andres Sanchez, ex-presidente do Corinthians, ficou revoltado com os jogadores da seleção da Croácia após o jogo de abertura da Copa do Mundo, na tarde de ontem.  O dirigente disse que os atletas sujaram todo o vestiário, deixaram água pelos corredores e saíram sem dar satisfação. "Eles bagunçaram tudo, sujaram tudo. Ficaram ainda três dedos de água nos corredores. Quero ver quem vai limpar", disse Sanchez à rádio Bandeirantes.

A seleção da Croácia negou nesta sexta-feira (13) ter danificado o vestiário do Itaquerão após a derrota para o Brasil, como afirmou na véspera o gestor do estádio, Andres Sanchez. O time europeu ainda criticou a arena, classificada como "inacabada". [O estádio está inacabado, mas não em pontos e locais à disposição dos jogadores -- os vestiários, por exemplo, são excelentes na opinião dos jornalistas da ESPN que os visitaram.]

Em nota oficial, a equipe croata afirmou que uma mesa quebrou no vestiário por não ter aguentado peso do material em cima dela. Sobre o problema da água, a federação disse que, devido ao estádio "inacabado", a drenagem da água dos chuveiros não funcionou e por isso o vestiário ficou molhado.

O estádio e a festa de inauguração

Para quem estava a centenas de quilômetros dele, como eu, o estádio estava muito bonito e os repórteres que cobriam o jogo também o elogiaram, frisando porém que havia ainda entulho e coisas por fazer em certos locais. Como se esperava, as comunicações foram muito deficientes, não aguentaram o volume de tráfego. Circulou a notícia de que cerca da metade da Europa não recebera as imagens da festa de abertura.

Parte dos refletores pifou durante cerca de 10 minutos e deve ter dado um tremendo susto na turma da Fifa. Dá p'ra imaginar o caos que seria o estádio todo apagado. 

Achei a festa de abertura simpática -- só o fato de não ter tido mulata de bunda de fora já foi um feito -- mas morna demais, principalmente pelo superreduzido número de participantes. A Fifa está ganhando uma nota preta nessa Copa, mas resolveu fazer economia de palito em banquete e contratou só uma meia dúzia de participantes para a festa. Nas tomadas aéreas viam-se os enormes vazios no palco. A música-tema do evento é péssima, salvaram-se as duas mulheres que fingiram cantá-la (o playback era evidente e lamentável). 

Nossa seleção

O time brasileiro teve um desempenho de sofrível para ruim, não merecia ganhar -- o empate teria sido mais justo. Daniel Alves, por exemplo, escancarou para os croatas uma avenida que dava para passar o exército "inimigo".  Se pegarmos pela frente a Holanda que hoje humilhou a Espanha, estamos fritos e mal pagos.

Bastidores

Para apimentar um pouco mais uma Copa já p'ra lá de apimentada, a Interpol (polícia internacional) pediu à nossa Polícia Federal para ficar de olho na "combinação" de resultados durante a Copa do MundoPoliciais, em especial os que acompanham os times em ônibus e hotéis, estão instruídos a observar qualquer aproximação suspeita a jogadores, treinadores e dirigentes, além de árbitros.

A maior dificuldade, contudo, é a ausência de leis que tipificam como crime a combinação de resultados e também de equipes especializadas em combater a ação de grupos que ganham dinheiro comprando o placar de jogos. Como não há o delito no Brasil, a polícia estuda enquadrar possíveis suspeitos em fraude ou estelionato, a depender do caso. Palestra da Interpol apresentada esta semana a policiais, à qual a Folha de S. Paulo teve acesso, aponta zagueiros e goleiros (e às vezes atacantes) como alvos preferenciais dos grupos especializados em corromper jogadores, além do suborno de árbitros. Casos recentes mostram que quadrilhas optam por cooptar os mais jovens, com baixo nível cultural e salários reduzidos.

A Interpol alerta, contudo, que os resultados podem ser alterados com a ação de outros personagens, como dirigentes, treinadores e até funcionários dos estádios.

A Interpol conta com uma força-tarefa para monitorar casos suspeitos. A Fifa também escalou profissionais que devem ser acionados caso haja qualquer indício de combinação de resultados.

Logo após a divulgação, pela CNN, dessa iniciativa da Interpol, o chefe do escritório brasileiro da Interpol (organização de polícia internacional com 190 países-membros), Luiz Eduardo Navajas, negou nesta sexta-feira (13) que estejam em andamento  investigações sobre corrupção e combinação de resultados de jogos durante a Copa do Mundo. 

Em coletiva de imprensa convocada para Navajas falar especificamente sobre o assunto, o policial informou que houve um treinamento da Interpol na última terça-feira (10), em Brasília, com 80 policiais de 38 países sobre formas de coibir possíveis casos. Conforme o chefe da Interpol no Brasil, não há em andamento nenhuma investigação sobre fraudes em eventos esportivos. Ele afirmou que a presença da equipe da Interpol no Brasil foi motivada exclusivamente pelo treinamento e não por um caso concreto de corrupção.





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