sábado, 3 de maio de 2014

Novo alerta sério sobre nossa situação em energia elétrica. E agora?!

[Por mais que nos aborreça, o desmantelamento do setor elétrico no governo Dilma NPS (Nosso, Pinóquio de Saias) tem que enfatizado e repisado mil vezes, porque nos empurra para o caos e revela um nível de estupidez e irresponsabilidade como jamais se viu neste país. Em qualquer país decente essa madame estaria nas barras de um tribunal, por péssima e criminosa gestão pública. A reportagem abaixo, de Valdo Cruz, foi publicada na Folha de S. Paulo de hoje 03/5 e aborda novas críticas do engenheiro Mario Veiga, um dos mais respeitados consultores do país no setor elétrico, à administração de Dilma NPS. Não é a primeira vez que ele vem a público denunciar os desmandos do governo da madame nesse setor -- ver postagem anterior. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Especialista do setor elétrico, Mario Veiga diz que o país não tem capacidade de gerar a quantidade necessária de energia hidrelétrica. Em vez do excesso de 6.000 megawatts médios estimados pelo governo, ele afirma que cálculos mostram deficit de 2.000 MW, não considerados nas simulações oficiais. Se houvesse o excesso apontado, não teria havido problemas em 2010, 2012 e 2013, quando a situação dos reservatórios era favorável, afirma. Em todos esse anos, as térmicas tiveram de ser acionadas.

Veiga recomenda ao governo adotar já um programa de redução de 6% no consumo. Isso para evitar os cenários de maior risco, levantados por sua consultoria, de os reservatórios chegarem a um nível de 10% em novembro, o que seria uma situação "complicada e perigosa". [Ver postagem anterior.]


Engenheiro eletricista, presidente da consultoria PSR, Mario Veiga, 61, foi convidado pela presidente Dilma para, em 2012, integrar o grupo que fechou uma das principais apostas do governo: a redução das tarifas de energia. O resultado final do plano, no entanto, foi criticado por ele após seu lançamento.


Mario Veiga, engenheiro eletricista, presidente da consultora PSR - (Foto: Denis Ribeiro/Divulgação/Exame - Fonte: Folha de S. Paulo).

Folha - Por que o sistema elétrico entrou nesse período de estresse, com risco de falta de energia e preços altos?
Mario Veiga - Porque o governo deixou as distribuidoras ficarem sem contratos para entrega de energia e por uma deficiência estrutural da capacidade de geração, agravada em 2014 pela seca. Em vez de o sistema ter um excesso de 6.000 MW médios, como estima o governo, há um deficit de 2.000 MW médios de suprimento.

Há dois mísseis. Um, da deficiência estrutural, que levou as térmicas a serem mais acionadas do que o normal, mesmo em anos de situação hidrológica m ais favorável, como em 2010, 2012 e mesmo 2013. O segundo é a descontratação das distribuidoras, que foi inédita.

O que significa, em percentuais, essa deficiência?
Em torno de 3,5% da capacidade de geração efetiva do país. Você precisaria colocar 3,5% a mais para restaurar o equilíbrio do sistema. Alertamos isso em 2010 e 2012.

Como vocês chegam a essa conclusão, enquanto o governo aponta excesso?
Em 2010, a energia armazenada nas hidrelétricas era maior do que em qualquer época da história. E as chuvas foram mais ou menos 90% da média histórica.

A gente brinca que 2010 deveria ser mamão com açúcar, não precisaria ligar as térmicas, os reservatórios atenderiam praticamente tudo. Foi exatamente o contrário. Começamos com o maior armazenamento da história e terminamos com o pior.

2012 é quase um ano gêmeo de 2010, as condições foram muito parecidas e favoráveis. E o ano terminou ligando todas as térmicas, meio no desespero. Então tem algo errado com esse sistema. O sistema estava esvaziando muito mais que o normal.

Qual o motivo da deficiência?
Fizemos uma análise detalhada para checar por que a capacidade de produção das hidrelétricas estava muito menor do que diz a teoria. Por quê? Porque as restrições operativas que o ONS tem enfrentado no dia a dia são piores do que está nos estudos de planejamento.

O ONS conhece profundamente a operação do sistema, mas só pode trabalhar com os recursos que recebe. Esse é o recado principal.

Na época, fizemos a conta e dissemos que, para colocar o sistema na normalidade, levando em consideração as restrições operativas, você precisaria de mais 2.000 megawatts médios.

E o que aconteceu em 2013?
É um ano-chave para entender as preocupações dos técnicos. A afluência foi 100% da média, um ano perfeito sob o ponto de vista hidrológico. E as térmicas ficaram ligadas o tempo todo, gastamos aquela fortuna e terminamos o ano muito mal. Já estava armada a confusão para 2014.

Isso acontece justamente por causa daquela deficiência de geração. Os modelos de simulação do governo não estão representando as restrições, os problemas operativos que o ONS está enfrentando na vida real.

Por exemplo?
Itaipu. Em 2014, a usina foi esvaziada em cinco metros, uma operação inédita, nunca na história ela esvaziou tanto, nem na época do racionamento. Temos profundo respeito pela capacidade de operação do ONS. Se fez isso é porque enfrentou alguma restrição, o que levou a uma perda gigantesca de eficiência.

E os modelos de simulação do governo nem permitem a entrada dessa hipótese, o que é uma restrição operativa.

As usinas acima de Itaipu estão vertendo água, sem gerar energia. Não faz sentido, nenhum modelo de simulação faria uma coisa dessa, porque é jogar água fora. A única explicação que temos é que o governo decidiu verter água para ajudar Itaipu. [Itaipu, também transformada em feudo do PT, virou instrumento definitivo de chantagem do Paraguai desde que o Brasil aceitou, por iniciativa do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) em 2009, desmanchar o Tratado de Itaipu para dar mais dinheiro aos paraguaios. E o crime de lesa-pátria arquitetado pelo NPA foi sacramentado por Dilma NPS. A operação de Itaipu não atende mais aos objetivos técnicos de interesse do Brasil, sua operação hoje é política, à mercê do Paraguai.]

É bom dizer que nós, da PSR, nem sabemos em detalhes quais são as restrições operativas. Recalibramos os parâmetros de 2010 e depois testamos simulando 2012 e 2013. E cravou o resultado. Nossos cálculos mostraram que havia uma deficiência de geração de energia, enquanto o governo diz o contrário.

Há risco de racionamento neste ano?
O que acontece se o governo não decretar nenhum tipo de redução da demanda? Há uma probabilidade de 46% de os reservatórios chegarem a novembro com apenas 10% de armazenamento.

Isso é uma situação muito perigosa e complicada do ponto de vista operacional e o governo teria de adotar uma redução de demanda emergencial e muito mais profunda.

O que o governo deveria fazer?
Nossa recomendação é começar desde já uma redução de 6% da demanda. 








Um comentário:

  1. Após leitura do blog, não tenho mais a menor dúvida. Explico: Nos meus tempos de CEPEL, até os anos 80-90, lá estava também o Mário Veiga. Seu trabalho já era, então, admirado e bem reconhecido, excelente técnico que era. Aliás, além de seus predicados técnicos, era também muito estimado pelas verdades que transmetia com clareza. Com o passar do tempo, tudo indica que aprimorou seu perfil e... "quem avisa amigo é!" Ou esse ditado não serve pro governo? OK! Vamos nos preparar para o cenário sinistro, sem que precisemos trocer para ele. Assistam "The Darkest Hour - O momento mais sombrio" enquanto há tempo.

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