terça-feira, 4 de março de 2014

Petrobras faz planejamento com real forte demais e preocupa o mercado

Infelizmente, parece que a Petrobras de tanto servir de gato e sapato para os governos petistas -- particularmente o de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) -- se deixou contaminar pelos vícios governamentais e decidiu ela mesma contribuir para prolongar seu inferno astral ante o mercado e os investidores. É o que nos conta a Folha de S. Paulo de hoje.

Segundo o jornal paulista, ao anunciar na semana passada seu plano de investimentos até 2018 a estatal informou que trabalha com um dólar a R$ 2,23 neste ano, o que significa um real bem mais forte do que especialistas e o próprio Banco Central estimam na hora de prever seus gastos e investimentos, o que tem preocupado analistas em bancos e corretoras. 

Essa preocupação se justifica pelo fato de que analistas consultados pelo Banco Central calculam uma cotação média de R$ 2,45 , enquanto o Comitê de Política Monetária  do BC trabalha com um valor médio de R$ 2,40. A cotação atual do dólar é de R$ 2,32.

A previsão é que a moeda americana ganhe força durante o ano, à medida que o Fed (BC dos EUA) continue a retirada de estímulos iniciada no fim de 2013 e que tem feito o dólar se valorizar ante divisas emergentes. Esse movimento fez o real perder 13,3% do seu valor ante o dólar em 2013.


"Ninguém no mercado consegue entender de onde saiu isso", diz Flávio Conde, analista da Corretora Gradual.

"Não posso acreditar na seriedade disso, porque todas as previsões, de dívida, de investimento, de importação, ficam maquiadas", afirma o economista Mauro Rochlin, do Ibmec/Rio.

Em relatório global, o banco suíço UBS considerou a taxa "uma surpresa".  Procurada, a Petrobras não quis se manifestar.


Dólar Petrobras -- estatal prevê real mais forte que a média do mercado (clique na imagem para ampliá-la) -- (Gráfico: Editoria de Arte/Folhapress - Fonte: Folha de S. Paulo).

Importação

O real mais forte é vantajoso para a Petrobras. Ela precisa importar 300 mil barris diariamente para atender ao mercado, porque suas refinarias têm produção inferior à demanda. Em 2013, o deficit financeiro na balança comercial de petróleo e derivados foi de US$ 14 bilhões, segundo a ANP (agência reguladora do setor).

"Se o real realmente ficar mais fraco, o impacto no caixa da empresa será dramático. Logo, quando escolhe um real forte para fazer suas projeções, ela é bem generosa consigo", diz a analista Luana Helsinger, da GBM Brasil.

O problema seria menor se a empresa não tivesse prejuízo com a venda de combustíveis, já que compra no exterior mais caro do que pode vender aqui, por determinação do governo, controlador da empresa, que teme impacto na inflação. Por mês, o prejuízo estimado é de R$ 500 milhões.

"Ao escolher esse câmbio, a empresa está dizendo que vai ter mais dinheiro em caixa para investir e pagar dívida do que provavelmente terá", diz Conde, da Gradual.

A Petrobras tem de baixar, em dois anos, a relação entre dívida e geração de caixa de 3,5 para 2,5. E a relação entre dívida e patrimônio líquido de 39% para 35%. Se não conseguir, corre o risco de perder o "grau de investimento" (selo de bom pagador dado pelas agências de risco) e teria de pagar mais juros para captar dinheiro lá fora. A empresa precisa captar US$ 12 bilhões por ano. 




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