quinta-feira, 6 de março de 2014

Los Angeles quer ampliar a proibição ao cigarro eletrônico

[O tabagismo é um dos piores vícios da humanidade, responsável pela morte de milhões de pessoas e doenças graves do pulmão. Em 2011, o Brasil gastou R$ 21 bilhões com o tratamento de doenças relacionadas ao tabaco. Com o cerco cada vez maior contra eles, os fabricantes de cigarros têm posto para atuar toda sua criatividade diabólica para manter e ampliar o vício do fumo, principalmente entre os jovens. Nos EUA, por exemplo, eles introduziram os minicharutos com sabor (que vêm com sabores de sorvetes, como morango, melancia, baunilha e chocolate).

Outra frente de ataque da indústria do fumo é o cigarro eletrônico, que é um dispositivo eletrônico que tenta imitar, em forma e função, um cigarro comum. Para isso, o aparelho é dividido em três partes principais: cartucho (filtro), parte eletrônica e bateria. Além disso, muitos modelos ainda oferecem uma luz na ponta, simulando a brasa. O “fumante” puxa o ar pelo cartucho (onde estão a água e as substâncias químicas, que podem ser aromatizantes, essências e até mesmo nicotina), ao mesmo tempo em que o dispositivo eletrônico é acionado para acender a pequena lâmpada de LED e ativar o atomizador.

A sociedade organizada está começando a se proteger também contra o cigarro eletrônico -- também conhecido como e-cigarette. A reportagem traduzida abaixo, do site Slate (do The Washington Post), nos relata os esforços da municipalidade de Los Angeles para ampliar a proibição ao e-cigarette. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Se a Câmara Municipal de Los Angeles lograr seu intento, o cigarro eletrônico será banido de restaurantes, bares, locais de trabalho, parques, praias e outros locais públicos. Se convertida em lei pelo prefeito Eric Garcetti a proibição, que recebeu apoio unânime na terça-feira 4 de março, entrará em vigor em 30 dias. Os e-cigarettes ainda serão permitidos nos chamados vaping lounges [salas ou espaços reservados para fumantes de cigarros eletrônicos -- "to vape" é um neologismo para descrever a atividade de "fumar" um e-cigarette; o termo "fumar" ("smoke", em inglês) não se aplica no caso, porque não há fumaça e sim vapor], uma pequena concessão para quem apoia os dispositivos de ou para nicotina.  

A preocupação principal parece ser com a possibilidade de que "vaping" seja a porta de entrada para "smoking". Eis o que disse o LA Times: "O presidente da Câmara Herb Wesson, no discurso mais emocionado do dia, descreveu seu vício de décadas de fumar cigarro, um hábito que, disse aos seus colegas, quase certamente o mataria um dia. Wesson disse que começou a fumar porque queria ser "legal". "Quando você tem 15 anos, você quer ser 'legal'", disse ele. "E não darei meu apoio a nada, absolutamente nada que possa atrair um novo fumante".

Entretanto, outros legisladores comentaram que as coisas poderiam caminhar em outra direção, com fumantes usando o cigarro eletrônico para abandonar o vício. De qualquer modo, a proibição colocará Los Angeles ao lado de cidades como Nova Iorque e Chicago, que também impõem restrições ao uso dos e-cigarettes. Como comentou a revista Bloomberg Businesweek, não paree muito promissor o futuro da indústria de US$ 1,5 bilhões do cigarro eletrônico, que ainda não foi regulamentada pela agência de remédios e alimentos dos EUA (FDA, em inglês).

[No Brasil, o cigarro eletrônico é proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e não tem registro no país. O Brasil segue orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), contrária ao produto. No entanto, os cigarros eletrônicos são facilmente comprados pela internet e há gente que traz na bagagem vindo, ao voltar da Europa ou EUA, onde a venda é liberada porque o produto ainda não foi submetido a aprovação.

A Foods & Drugs Administration (FDA), agência americana que regula medicamentos, alimentos e controla o fumo, identificou substâncias cancerígenas e componentes químicos tóxicos, como nitrosamina e dietilenoglicol. Outra pesquisa, realizada em 2009 pela Universidade de Atenas (Grécia), indica que os e-cigarettes podem causar danos aos pulmões. No Brasil, no mesmo ano, uma doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul estudou a dispersão de fumaça no Laboratório de Estudos Térmico e Aerodinâmico da instituição e constatou que a fumaça não era vapor d’água, como informava o fabricante.

Para a pneumologista Maria das Graças Rodrigues, presidente da Comissão de Controle do Tabagismo da Associação Médica de Minas Gerais, não há estudos conclusivos sobre as substâncias presentes no cigarro eletrônico. Ela lembra, no entanto, que a nicotina é um dos componentes, o que pode manter a dependência e provocar efeitos cardiovasculares, como aumento de pressão e risco de arritmia. "Não indico porque não conhecemos os componentes. Não sabemos se faz bem ou mal".

Na internet, porém, um homem que se apresenta como o primeiro vendedor em Minas, há três anos no mercado, oferece kits com refis e duas baterias, com preços entre R$ 220 e R$ 395. Ele trabalha com 15 modelos e conta que um refil de 30 ml equivale a 10 maços. O vendedor sabe que o negócio é ilegal, mas garante satisfação. "Depois dele, você não bota nenhum outro na boca”, afirma. “Tenho uma empresa, compro em dólar e registro a encomenda como se fosse outra coisa", explica.]


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