sexta-feira, 7 de março de 2014

Escolas não funcionam no resto da semana do Carnaval -- que país é este?!

A quinta e a sexta-feiras pós quarta-feira de cinzas foram enforcadas pelas escolas, nenhuma abriu -- pelo menos em Niterói. Como crianças e adolescentes não têm estafa de carnaval, é evidente que essa gazeta coletiva foi capitaneada pelos professores com a cumplicidade criminosa das direções das escolas e das famílias dos alunos. 

Essa é a visão que o país e os brasileiros têm da educação. Trata-se para eles de uma atividade absolutamente de segunda importância e, portanto, interruptível a qualquer momento e pelo tempo considerado necessário e conveniente. Prioridade mesmo são o carnaval e a malandragem, o resto que se dane.

Já estou ouvindo o argumento dos gazeteiros: "pô, reclamando por causa de 2 dias?!". Na esperança de que essa cambada saiba aritmética, 2 dias em 5 representam 40%. Pergunte a qualquer deles se está disposto a abrir mão de 40% do salário ... É evidente que o raciocínio que prevaleceu foi o da vadiagem institucionalizada -- já que perdemos 3 dias na semana por conta do carnaval, p'ra quê sair da praia, ou do sítio, ou da coçação de saco p'ra enfrentar a aporrinhação de levar alguém à escola por 2 dias?! Que são 2 dias na vida de um estudante? 

Já vamos ter uma paralização escolar generalizada, no país inteiro (mesmo onde não há nem campo de futebol, nem televisão) durante a Copa do Mundo, sem contar os locais que sofreram recentemente greves de professores públicos, como o Rio por exemplo. Ou seja, o calendário escolar de 2014 está fortemente comprometido.

É por causa desse conceito de considerar a educação uma atividade absolutamente descartável que o Brasil dá vexame nas avaliações internacionais sobre educação, que o país sofre apagão de mão de obra qualificada, que o comportamento em público do brasileiro médio é rude, grosseiro, boçal -- é só prestar atenção nos motoristas no trânsito, nos espectadores nos cinemas e teatros, nos passageiros dos transportes coletivos, nos torcedores nos campos de futebol, no cidadão que emporcalha a cidade por onde passa, no abuso de familiares de alunos que bloqueiam diariamente as ruas para levar e apanhar seus filhotes nas escolas, no perfil ético, moral e cívico dos políticos eleitos, no perfil de vários juízes togados, e por aí vai. 

Essa gazeta escolar de quase metade da semana carnavalesca foi a demonstração definitiva de que somos um país medíocre, para dizer o mínimo e não perder a elegância.

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