sábado, 30 de novembro de 2013

Criança diz cada uma!

Há exatos 50 anos atrás, o médico foniatra Pedro Bloch (1914-2004) escreveu um livro delicioso que tinha o título que dei a esta postagem. Nele, Bloch reproduziu inúmeras historiazinhas, expressões e definições que os pirralhos que eram seus pacientes diziam a ele ou à família. Infelizmente, perdi o meu exemplar e o livrinho esgotou-se -- encontrei-o hoje à venda em um sebo de S. Paulo pelo preço absurdo de R$ 470,00!...

Mesmo arriscando vender gato por lebre, já que de falsos autores a internet está abarrotada, reproduzo abaixo alguns exemplos do livrinho do Bloch.

A Foto

Maria do Rosário é neta de Afonso Pena Júnior. Descobrindo uma foto da avó da belle époque, pergunta:
-- Vovó, que brotinho é essse aqui?
-- Sou eu, querida.
-- E esse vestido tão lindo, a senhora guardou?
-- Guardei sim, meu bem. No quarto de guardar.
-- E esse leque também a senhora guardou?
-- Guardei no mesmo lugar.
-- E esses brincos também?
-- Também, meu anjo.
-- E a cara, a senhora também guardou lá vovó?

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O Chifre

Luis Ricardo, de cinco anos, estava brincando com o Fernandinho e fazendo mil e uma estrepolias, quando a tia Armanda reclamou:
-- Mas que é isso, Ricardo! Então isso é maneira de brincar? Você se portando mal vai ficar como um diabinho, com dois chifrinhos na testa. Olha, estão até nascendo ...
E Fernando para o outro:
-- Aproveita logo! Dá uma chifrada nela.

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A Freira

Márcia, sobrinha de Murad, deparando com uma freira à porta de sua casa:
-- Mamãe, olha ali uma mulher vestida de padre!

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O Cotovelo

Ziraldo estava ensinando à sua filha as partes do corpo:
-- Isto são os olhos ... Isto é a boca ... Aqui está o pescoço.
Depois, passou para os membros:
-- Isto é a mão ... braço ... antebraço.
E dobrando o braço da menina apontou para o cotovelo:
-- E isto aqui ...
-- Isto eu sei, atalhou a menininha.
-- Sabe?
-- Sei. Isto é o queixo do braço.

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Filho de romancista

Herberto Sales Filho, um menino maravilhoso, tem umas saídas extraordinárias. 
Maneira de pedir uma folha em branco para rabiscar:
-- Papai, me dá uma folha de papel vazio?

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O Nascimento

Vitor Emanuel, de quatro anos, ouviu no rádio o locutor dizer entre outras coisas:
-- O Brasil nasceu na Bahia.
Vitinho riu daquela asneira e perguntou:
-- Mamãe, lugar nasce?

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A Coceira

Márcia, de três anos, filha de Vittorio Lanari, não sabendo como se referir à coceira que estava sentindo no braço, explicou:
-- Tou com dor de pulga.

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A Bola

A meninazinha contemplou a lua cheia, conta-me a psicóloga Ofélia Bolsson Cardoso, e perguntou à mãe:
-- Foi Pelé quem chutou ela?

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O Sol

Meu pai, avô coruja elevado à última potência, cortava uma manga rosa para sua neta de 3 anos e lhe oferecia os pedaços descascados. Carolinne, muito perguntadeira naquela idade, questionou porque a manga era vermelha de um lado e amarela do outro. O avô prontamente explicou:
-- Ela é vermelha deste lado porque foi o lado que ela recebeu mais sol, e geralmente é do lado avermelhado que a manga é mais doce.
Ela olhou p'ra cima, pensou um pouco e veio com a pergunta:
-- Vovô, o sol tem açúcar?

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Um comentário:

  1. Marcelo não vai deixar a desejar... Estou tomando o cuidado de registrar suas historinhas!
    Beijos

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