quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Com esse andar da carruagem, vamos acabar pedindo aos mensaleiros que nos perdoem

Nada do buchincho que se tem armado em torno das prisões dos primeiros mensaleiros condenados a ver o sol nascer quadrado chega a ser realmente novidade, mas é exatamente isso que desanima e faz-nos ver que ainda temos um longuíssimo caminho a percorrer até termos ou sermos uma democracia menos "exótica". PT, NPA et caterva estão armando seu circo costumeiro, palhaços que são. O preocupante é que o país ameaça cair nessa esparrela. Estão tentando, já com certo êxito, chantagear o país.

Pilantramente, estão colocando uma lupa de enorme poder de ampliação em tudo que se refere a essas prisões. Do jeito que as coisas andam, José Genoíno vai acabar canonizado.  

Para começo de conversa, é indispensável não esquecer que não há nenhum Zé Mané ou deficiente mental nessa curriola de mensaleiros. Tampouco nenhum inocente. Até ontem, essa gente toda deitava e rolava em berço esplêndido de malfeitos, sorridente, lépida e fagueira. Antes da sentença e de sua execução muito pouco ou nada se ouviu, muito menos com essa zoada toda, de cardiopatias graves e de outras mazelas físicas.  Não é preciso ser médico, nem analista, para saber do fenômeno da somatização quando se passa por algo inesperado -- e jamais passou pela cabeça dessa patota de pilantras que pudessem ser presos e condenados. Vale a velha recomendação: quem não tem saúde e preparo físico não deve se meter em atividade de risco. Entrou na chuva, é p'ra se molhar.

Nenhuma das falhas apontadas quanto às prisões é irremediável. Nosso judiciário tem mecanismos de autocorreção, e bons cardiologistas felizmente abundam no país -- inclusive em hospitais públicos. Mas, faria bem à vergonha do país acabar-se com essa hipocrisia e essa palhaçada de fazer parecer que tais falhas são novidades e só ocorreram porque os anjinhos do mensalão foram marcados como bodes expiatórios. Putz!!

A coluna de ontem de Merval Pereira no Globo ("Dura realidade") faz uma análise perfeita dessa pantomima armada em torno das primeiras prisões de mensaleiros condenados. Pontos-chave do texto:

  • Nada mais peculiar às elites privilegiadas do que esse escândalo que parentes e apoiadores petistas de Genoíno, Dirceu e Delúbio fazem diante da dura realidade de suas prisões. 
  • Fingir-se de preso político é uma maneira de escamotear a verdade.
  • É patético ver a ação de petistas que um dia em 2005 subiram à tribuna da Câmara chorando de vergonha e, hoje, voltam à mesma tribuna para tentar negar a ocorrência de crime no episódio do mensalão.
De acordo com o livro "Impacto da assistência jurídica a presos provisórios", de Julita Lemgruber e Marcia Fernandes (2011), em dezembro de 2010 o Brasil tinha 496.251 pessoas presas, das quais 44% eram presos provisórios, vale dizer, ainda não condenados e aguardando julgamento. Grande parte desses presos provisórios do país encontra-se em xadrezes de delegacias policiais ou em cadeias públicas, nas quais são regra a superlotação, a insalubridade 

e a falta de condições mínimas de higiene, onde esses presos provisórios ficam mofando por semanas ou meses para, no final, serem absolvidos ou condenados a penas que não os levariam à prisão. Na coluna de Ancelmo Gois de hoje no Globo, a mesma Julita Lemgruber que é coautora do livro citado acima relata que em 2012 havia 42% de presos provisórios no Rio. Entre esses presos provisórios no país e no Rio certamente há cardiopatas, gente com doenças crônicas, o diabo. Alguém por caso viu algum deputado petista, isoladamente ou em curriola, fazer algum movimento ou auê ostensivo em defesa dos direitos dessa gente?! E advogado famoso, alguém viu algum dando entrevista em defesa dessa gente?!

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