quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ives Gandra sai da hibernação e diz que José Dirceu foi condenado sem provas

Em 1944, o humorista americano E. B. White (1899-1985) escreveu que "democracia é a suspeita recorrente de que mais da metade das pessoas está certa mais que a metade do tempo". Em 1913, os dramaturgos franceses Robert de Flers (1872-1927) e Arman de Caillavet (1869-1915) em sua peça "L'habit vert" (O fraque verde) disseram que "democracia é o nome que damos às pessoas sempre que precisamos delas". E Winston Churchill (1874-1965), em discurso na Câmara dos Comuns em 11 de novembro de 1947, disse que "democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as outras formas que têm sido tentadas de tempos em tempos".

Nossa democracia é meio que uma salada mal feita disso tudo e algo mais. Um regime que se diz democrático e comporta 32 partidos políticos (com os dois agora aprovados pelo TSE), tem um Congresso presidido por Renan Calheiros, uma Câmara de Deputados presidida por Henrique Eduardo Alves, tem um governo com 39 ministros, uma presidente que cacareja raivosa contra o Tio Sam mas abriga sob suas asas partidos e políticos de reputação capenga e malcheirosa para não perder a base eleitoral para 2014, mesmo com casos de corrupção pipocando por todo lado, e tem um Judiciário paquidérmico, míope e vesgo que abriga Lewandowskis e Toffolis em seu tribunal máximo e que nele não consegue, em um ano, sequer vislumbrar se o que está fazendo é certo ou errado, é uma democracia que deve ter sido parida nas Ilhas Galápagos tal sua esquisitice.

Para aumentar nossa perplexidade e nossa descrença na Justiça tupiniquim, surge agora o jurista Ives Gandra declarando em entrevista publicada na Folha de S. Paulo de 22/9 que "José Dirceu foi condenado sem provas"!

Segundo Gandra, "o ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas. A teoria do domínio do fato foi adotada de forma inédita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para condená-lo. Sua adoção traz uma insegurança jurídica "monumental": a partir de agora, mesmo um inocente pode ser condenado com base apenas em presunções e indícios". Esse cidadão Gandra é mais um membro do Judiciário contaminado e paralizado pela tal da "inércia da Justiça". Leva um ano achando que o circo está pegando fogo, mas não diz nada porque não está lá nem tem gente sua sob risco. É o justiceiro cavalgando uma lesma. É o bombeiro que finge querer apagar o fogo, mas liga a mangueira na bomba de gasolina e fica a um ano de distância do fogaréu.

Aí, chega hoje, o mesmo Dr. Gandra manda uma carta à mesma Folha de S. Paulo para "esclarecimentos", tendo em vista as manifestações de crítica e apoio que recebeu pela entrevista do dia 22.

Já que estamos numa democracia sui generis, o Dr. Gandra devia ir plantar hortaliças. À lista de características especiais da nossa democracia apresentada mais acima, falta acrescentar a existência de sabichões e especialistas de alto e baixo coturno, tipo Ives Gandra et caterva, que são lerdos e seletivos em se manifestar, só o fazendo no apagar das luzes para aproveitar o último estertor dos holofotes. E para jogar bolas de gude no trajeto dos cavalos da carruagem da democracia do patropi.

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