quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A pizza do mensalão já está no forno

A sessão de hoje do STF teve todos os jeitos e aromas de uma autêntica cantina italiana. Mesmo pela televisão sentia-se no ar a presença marcante e inconfundível do orégano e da mozzarella, pelo menos. Destoante apenas o mau gosto dos chefs em trajarem-se de preto. Mas, nos raros momentos de silêncio concedidos pelos egos falantes, podia-se entreouvir trechos de uma tarantela.

Os chefs togados do programa de culinária de hoje do Supremo Tribunal Federal -- José Antonio Dias Dias Toffoli, Luiz Roberto Barroso, Teori Zavascki e Rosa Weber (disparado o pior chef do quarteto) -- deram mais quatro passos para finalizar aquela que será a pizza de mais longo cozimento, mais cara e de receita mais extensa da face da Terra. Falta pouco, muito pouco para que os mensaleiros e os chefs se fartem com essa peça clássica da culinária italiana. Mais dois votos e acaba a churumela. Há um chef, Ricardo Lewandowski, que está com a mão na massa desde o início da receita e que não vê a hora de poder se dedicar tranquilo à sua pantagruélica refeição. O outro chef provável do piquenique pinta ser Celso Mello, que pode transformar-se (por antiguidade) no líder dos pizzaiolos. A maior dificuldade dessa turma de chefs será impedir que o cheiro de cloaca dos bastidores da cozinha supere os odores de sua pizza de estimação.

A discussão sobre detalhes da receita tem tons surreais. O busílis, no fundo, é definir o que é que prevalece no embate entre o Regimento Interno vigente do STF -- que prevê (ia) (nem no tempo deste verbo os chefs coincidem) entre os artigos 230 e 246 a figura dos embargos infringentes -- e a lei nº 8.038/1990 que não os prevê em decisões de única instância dos tribunais superiores, em matéria penal [ver artigo de 24/7/2013, no Globo (reproduzido na Coluna do Augusto Nunes na Veja de mesma data) , da ex-ministra do Supremo Ellen Gracie].  Para um raciocínio cartesiano de engenheiro é simplesmente impossível entender que um Regimento Interno de um tribunal prevaleça sobre uma lei que o contradiz, mas enfim ...

Para completar todo o clima que cerca essa culinária complexa, seu inspirador-mor José Dirceu, sentindo no ar (ou por outras vias menos etéreas?...) que sua pizza predileta estava finalmente a caminho do forno, veio ontem com uma ameaça e uma chantagem contra o STF anunciando que "a decisão de amanhã [hoje] não será o “último capítulo” de seu julgamento sobre o mensalão" e que "deve pedir revisão criminal e apelar a cortes internacionais para reverter a condenação por formação de quadrilha e corrupção ativa".  Concretizando-se, como tudo faz crer (torço e rezo para estar errado) que o Supremo lhe dará novo julgamento, quero ver quem convencerá o povão petista de que essa decisão não resultou da "peitada" que seu guru deu no STF. Zé Dirceu será canonizado e entronizado no altar do PT, e o país entrará em luto fechado.

Inovador como sempre, o patropi distribuirá pizza no enterro do STF e da nossa democracia.



3 comentários:

  1. Confesso que, ontem, abandonei o assunto. Não são aqueles discursos gongóricos que vão me convencer de coisa alguma. A verdade dispensa urubus. Então, com um placar de 7 x 4 (meu vaticínio), o STF decretará que "no Brasil, o crime compensa, remunera e compra felicidade". Tudo ao meio de muito rococó, lantejoulas e firulas do vernáculo.
    #!@%&¨?>|{#@!

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  2. Deixei de perguntar: Conhecem alguém que veja filme ruim duas vezes? Eu conheço 200 milhões de cândidas pessoas. Legal... hein?

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  3. Só não vale acusar os ministros de estarem levando dinheiro do esquema de Dirceu e Marcos Valério. Eles, estão se divertindo como atores, ora fazendo papel de Verdugos com suas vistosas capas pretas, ora viram pelo avesso e aparece o vermelho do toureador.

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