domingo, 1 de setembro de 2013

A arte de Toulouse-Lautrec

[Para esta postagem usarei como referência o livro "Toulouse Lautrec" da coleção "Grandes Mestres", da Abril Coleções (2011), a wikipédia e o Google. Clique nas imagens para ampliá-las.]

Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa nasceu em 24 de novembro de 1844. Nascido na nobreza, herdeiro de uma linhagem aristocrática francesa, seu pai era o Conde Alphonse de Toulouse-Lautrec-Monfa, e sua mãe Adéle Tapié de Céleyran. Seus pais queriam que o filho seguisse com esmero o mesmo caminho nobre de toda a sua família, tanto materna quanto paterna.

Toulouse-Lautrec sofria de uma doença desconhecida em sua época. Certamente uma distrofia poli-hipofisária (debilidade óssea que compromete o crescimento). Sofreu dois acidentes em sua juventude, fraturando o fêmur esquerdo aos doze anos e o direito aos quatorze anos. Os ossos mal soldados pararam de crescer e fizeram com que Henri não ultrapassasse a altura de 1,52 m, tornando-se um homem com corpo de adulto, mas com pernas curtas de menino. Porém, o jovem não se deixou abater por tal infortúnio. Em seus longos períodos de cama, Toulouse-Lautrec fazia desenhos e pintava aquarelas, abrindo espaço para seu incrível talento que ainda se abriria.

Aos dezesseis anos foi estudar pintura com Léon Bonnat, professor rígido que não lhe agradava. Logo depois foi estudar com Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras suburbanas de Montmartre, em Paris. É lá que Lautrec descobriu a inspiração que lhe faltava. Mudou-se para aquele bairro de má fama e encontrou seu lugar entre trabalhadores, prostitutas e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.

Frequentador assíduo do Moulin Rouge e de outros cabarés, o pequeno nobre acaba se acomodando muito bem naquele ambiente tão estranho que seus pais nunca aceitaram em ter o filho. O tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boêmia parisiense, que ele representava através de um desenho que lembra a espontaneidade do desenho satírico de Honoré Daumier, e uma composição dinâmica que poderia ter sido influenciada pela fotografia e as gravuras japonesas, dois fatores de grande importância cultural no fim do século XIX.

Era atraído por Montmartre, uma área de Paris famosa pela boemia e por ser antro de artistas, escritores, filósofos. Escondido no coração de Montmartre estava o jardim de Pere Foret onde Toulouse-Lautrec pintou uma série de óleos sobre tela ao ar livre de Carmen Gaudin (a modelo ruiva que aparece no quadro "A Lavadeira" de 1888). Quando o cabaré Moulin Rouge abriu as portas ali perto, Toulouse-Lautrec foi contratado para fazer cartazes. Posteriormente ele passou a ter assento cativo no cabaré, onde suas pinturas eram expostas. Nos muitos conhecidos trabalhos que ele fez para o Moulin Rouge e outras casas noturnas parisienses estão retratadas a cantora Yvette Guilbert, a dançarina Louise Weber, mais conhecida como a louca e cativante La Goulue("A Gulosa"), a qual criou o cancan francês, e também a dançarina mais discreta Jane Avril.

Testemunha da vida noturna de Montmartre, Lautrec não apenas faz pinturas, como também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da publicidade do século XIX, onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado pela revolução industrial. O cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer parisienses. Trilhando o caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido como Art Nouveau. O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe baixa quanto por críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.

Destacava-se por sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da vida noturna fervilhante e opulenta. Usava muito vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o cabelo cor de laranja e a cor verde limão para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna. Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individualizada (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente aplicava a tinta em uma estreita e longilinea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço forte do desenho. O contorno simples era a "marca registrada" de Lautrec desde o início da carreira como designer de cartazes. Não pintava sombras. Sua pinturas sempre incluiam pessoas (um grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era amarelo.

Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6, raramente 6 cores. Em vez de usar uma multiplicidade de cores, Lautrec preferiu criar seus efeitos com justaposições e modulações delicadas.

Torna-se amigo de Van Gogh em 1886. Neste ano, dá início à sua colaboração com publicações como Le Mirliton, Le Paris Illustré, La Chronique Médicale, que lhe encomendam desenhos humorísticos e caricaturas.

Em 1888 expõe 11 obras na 20ª Mostra de Bruxelas. Em 1889 suas obras são exibidas pela primeira vez no Salon des Indépendants, em sua 5ª edição -- são elas O Baile no Moulin de la Galette e o Retrato de M. Fourcadel.

Em 1893, a galeria Boussod & Valadon realiza uma mostra de suas pinturas e litografias. Passa longos períodos nos bordéis da rua d'Amboise. Frequenta o ateliê do pintor Whistler. É dessa época sua paixão pela Opéra e pela Comédie Française, e também pelos palcos de vanguarda como o Théâtre Libre e o Théâtre de l'Oeuvre.

Em 1894 começa a colaborar com o Le Rire, e em Londres conhece Oscar Wilde. Em 1895 executa os painéis para a tenda da Gulosa na Foire du Trône. Em 1896, produz a série Elles para o editor Pellet. Realiza sua segunda exposição individual na galeria Manzi-Joyant. O ciclo de pinturas das casas de prostituição pode servisitado em uma sala à parte, fechada a chave no primeiro andar.

Em 1897 torna-se hóspede dos irmãos Natanson, editores da Revue Blanche. Sofre ataques de delirium tremens. Transfere seu ateliê para a rua Frochot 15.
Em 1891 aluga um apartamento no número 21 da rue Fontaine. Produz seu primeiro cartaz, Moulin Rouge, que o torna conhecido em Paris. Expõe na galeria Barc de Bouteville com Anquetin, Bernard, Bonnard e Maurice Denis.

Em 1899, a vida desregrada e o excesso de álcool finalmente cobram seu preço do artista. Recusa uma condecoração oficial. Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica psiquiátrica. Ao sair é constantemente vigiado para que não beba e não volte a frequentar os bordéis, vigilância que ele consegue burlar. Sua saúde vai-se deteriorando cada vez mais, até que em 1901 não é mais capaz de viver sozinho. Despede-se de Paris com a certeza de que está com os dias contados. Sofre ataques de paralisia e quase não consegue mais pintar.

Em 9 de Setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre aos 36 anos em consequência de um derrame, nos braços de sua mãe no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux, às duas horas e quinze minutos da manhã. Encontra-se sepultado no Cemitério de Verdelais, na França.

Em vida, foi incompreendido e os comentários da imprensa refletem isso. O livro da Abril Coleções cita que o jornal Lyon Républicain escreveu: "Ser bizarro e deformado, que vê tudo através de suas deficiências físicas". J. Roques, no Le Courrier Français, disse: "Como existem os apaixonados por corridas, por execuções em praça públicaou por espetáculos, existem também apaixonados por Lautrec. É uma dádiva para a humanidade que existam poucos artistas desse gênero". E para o La Dépêche, de Lion, Toulouse-Lautrec foi a vida inteira "prisioneiro de uma fórmula: duende, anão, boêmio de Montmartre".

Clique nas imagens abaixo para ampliá-las.

 Toulouse Lautrec em 1892, então com 28 anos. - (Foto: Wikipédia).

Toulouse Lautrec fotografado por Maurice Guibert, em 1890 (35,1 x 26,1 cm). Museu de Arte Moderna, Nova Iorque. - (Foto: Google).

Condessa Adèle de Toulouse-Lautrec (a mãe do pintor) (1881-1883). Óleo sobre tela, 93,5 x 81 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

  Um operário em Celeyran (1882). Óleo sobre madeira. Museu Toulouse Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

 Condessa Adèle de Toulouse-Lautrec (a mãe do pintor) (1882). Crayon sobre papel. Brooklyn Museum. - (Foto: Google).

 Autorretrato diante de um espelho (1882-1883). Óleo sobre papelão, 32,4 x 40,3 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

Carmen Gaudin ou "Mulher ruiva no jardim do Sr. Foret" (1887). Óleo sobre papelão, 58,1 x 71,4 cm. Museu Norton Simon, EUA - (Foto: do Museu).

 Retrato de Van Gogh (1887). Pastel sobre papel, 54 x 45 cm. Museu Van Gogh, Amsterdam. - (Foto: do Museu).

A Bebedora (1889). Nanquim sobre papel e aquarela, 41 x 31 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

 Ressaca (Suzanne Valadon) (1887-1889). O livro da Abril dá a este quadro o nome de "A Bebedora" (como acima), que não é o do catálogo do museu que possui a obra. Óleo sobre tela, 45 x 53,3 cm. Fogg Art Museum, Harvard Art Museums, Cambridge (EUA). - (Foto: do Museu).

Retrato de Suzanne Valadon (1885-1887). Óleo sobre tela, 54 x 45 cm. Ny Carlsberg Glyptotek, Copenhague. - (Foto: Google).

 Mulher jovem à mesa, "Pó de arroz" (1887). Gesso negro e óleo sobre tela, 65 x 58 cm. Museu Van Gogh, Amsterdam. - (Foto: do Museu).

Em Montrouge (a prostituta Rosa la Rouge, um dos modelos favoritos de Lautrec) (1886-1887). Óleo sobre tela, 72,3 x 49 cm. Barnes Foundation, Merion (EUA). - (Foto: da Fundação).

A Lavadeira (1886-1888). Óleo sobre tela, 93 x75 cm. Este quadro foi vendido em 2005 por US$ 22,4 milhões em um leilão da Christie's de Nova Iorque, batendo o recorde mundial para uma obra do pintor. Coleção particular. - (Foto: Google).

 No Circo Fernando (1888). Óleo sobre tela, 161,3 x 100,3 cm. Art Institute, Chicago, EUA. - (Foto: Google).

 Mulher com sombrinha (Berthe, a surda, no jardim do Sr. Foret) (1889). Óleo sobre tela, 57,5 x 76,7 cm. Museu Hermitage, Moscou. - (Foto: Google).

A dança no Moulin Rouge (1890). Óleo sobre tela, 149,9 x 115,6 cm. Museu de Arte da Filadelfia, EUA. - (Foto: Google).

 Mulher se penteando. Aquela que se penteia (1891). Óleo sobre papelão, 30 x 44 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

 Jane Avril dançando (1891). Óleo sobre cartão, 45 x 85,5 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

 Jane Avril saindo do Moulin Rouge (1892). Óleo sobre papelão. Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut (EUA). - (Foto: Google).

 Mulher com boá negro (1892). Óleo sobre papelão, 40 x 50 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

 O inglês no Moulin Rouge (1892). Litografia, 42,9 x 62,8 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

Embaixadores - Aristide Bruant (1892). Litografia, 98,4 x 141,2 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

Rainha da alegria (1892). Litografia, 99 x 149,5 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

 Duas mulheres dançando no Moulin Rouge (1892). Óleo sobre papelão, 80 x 93 cm. Galeria Nacional em Praga, República Tcheca. - (Foto: Google).

No leito (1892). Óleo sobre cartão sobreposto a madeira, 70 x 53,5 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

 Baile do Moulin Rouge - A Gulosa (1893). Litografia, 122 x 193 cm. Museu de Artes Decorativas, Paris. - (Foto: Google).

Divã japonês (1893). Litografia, 60 x 80 cm. Museu Hermitage, Moscou. - (Foto: do Museu). 
 

  
 No circo novo, Papai Crisântemo (1894). Vitral (vidros americanos e um tipo de pedras -"cabochons"), 0,85 x 1,20 m. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

Capa para Yvette Guilbert (1894). Litografia sobre papel aplicado sobre madeira, 38,4 x 40,5 cm (a imagem). The Art Institute, Chicago, EUA. - (Foto: do Instituto).

 Duas mulheres seminuas de costas (exame médico no bordel) (1894). Óleo sobre papel, 39 x 54 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

Exame médico no bordel da Rue des Moulins (1894). Óleo sobre papelão, 59,5 x 98,2 cm. National Gallery of Art, Washington, DC. (Foto: Google).

Yvette Guilbert (1894). Crayon e óleo sobre papel, 93 x 186 cm. Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).
 
 A cantora Yvette Gilbert (1894). Pastel e têmpera sobre papelão, 42 x 57 cm. Museu Hermitage, Moscou. - (Foto: Google).

Marelle Lender (1895). Prova sobre tecido, 24,4 x 32,9 cm. Biblioteca Nacional, Paris. - (Foto: Google).


A palhaça Cha-u-Kao (1895). Óleo sobre papelão, 43 x 58 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

 A dança moura (1895). Óleo sobre tela, 307,5 x 285 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).
O baile no Moulin Rouge (1895). Óleo sobre tela, 307,5 x 285 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

A Companhia da Srta. Églantine (1896). Litografia, 79 x 61 cm. Museu de Arte Moderna, Nova Iorque. - (Foto: Google).

A Toilette (1896). Óleo sobre cartão, 54 x 67 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

Mulher de perfil (1896). Óleo sobre papelão, 48 x 56 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

 A palhaça do Moulin Rouge (1897). Litografia, 35,5 x 46 cm. Museu Hermitage, Moscou. - (Foto: do Museu). 

 Paul Leclercq, amigo de Lautrec e fundador da "La Revue Blanche" (1897). Óleo sobre papelão, 67 x 54 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).

  Retrato de Jeanne Granier (soprano e atriz francesa) (1897).  Giz vermelho sobre papel, 32,6 x 47,8 cm. Harvard Art Museums/Fogg Museum. - (Foto: do Museu).

 May Belfort (1898). Litografia, 24,2 x 29,5 cm. Biblioteca Nacional, Paris. - (Foto: Google).

Louis Bouglé (1898). Óleo sobre madeira, 51 x 50,1 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: do Museu).
 
  A inglesa do Star, do Havre (1899). Óleo sobre madeira.
Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

 Retrato de Romain Coolus (1899). Óleo sobre madeira.
Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

 A modista (Srta. Louise Blouet d'Enguin) (1900). Óleo sobre tela.
Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).

 Um exame na Faculdade de Medicina de Paris (1901). Óleo sobre papelão.
Museu Toulouse-Lautrec, Albi, França. - (Foto: Google).









4 comentários:

  1. Ou não sei fazer contas ou , se Toulouse-Lautrec nasceu em 1844 e morreu em 1901 , morreu com 57 anos e não com 36...

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  2. ele nasceu em 1864 e morreu antes de completar os 37

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  3. a obra carmen gaudin foi feita em q ano?

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