quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No caso da detenção do brasileiro em Londres, o Brasil de Dilma e Patriota só ficou indignado pela metade

O episódio da detenção arbitrária de um brasileiro em Londres pela polícia londrina com o uso fajuto de legislação antiterrorismo serviu para comprovar, infelizmente mais uma vez, que o Brasil não tem a mínima noção do que quer e do que fazer em qualquer situação de política externa que fuja do trivial.  Somos ora piegas, ora amadores, ora ambas as coisas, mas inevitavelmente somos frouxos e erráticos -- e péssimos atores. Fingimos falar grosso com os americanos no caso da espionagem da NSA entre nós (mas nisso só enganamos os trouxas), e nos "indignamos" pela metade no caso da detenção de David Miranda pela polícia londrina. Fizemos outra vez o papel de otários e passamos recibo aos britânicos, mordendo sua isca e questionando apenas a alegação de terrorismo para sua prisão, quando até o Big Ben sabe que a razão inequívoca da detenção do brasileiro foi uma clara e inequívoca pressão contra o companheiro dele, o jornalista inglês Glen Greenwald, do The Guardian, que balançou o coreto dos EUA, do Reino Unido, da Alemanha et caterva, divulgando os documentos coletados por Edward Snowden sobre a espionagem da NSA mundo afora. David Miranda viajava com as despesas pagas pelo The Guardian. Ou seja, o busílis foi e é realmente a liberdade de imprensa.  Eis a nota capenga e subserviente do Itamaraty a esse respeito:

"Retenção de nacional brasileiro em Londres

18/08/2013 -
O Governo brasileiro manifesta grave preocupação com o episódio ocorrido no dia de hoje em Londres, onde cidadão brasileiro foi retido e mantido incomunicável no aeroporto de Heathrow por período de 9 horas, em ação baseada na legislação britânica de combate ao terrorismo. Trata-se de medida injustificável por envolver indivíduo contra quem não pesam quaisquer acusações que possam legitimar o uso de referida legislação. O Governo brasileiro espera que incidentes como o registrado hoje com o cidadão brasileiro não se repitam".

O Brasil de Dilma e Patriota não teve a coragem e a hombridade de protestar contra o cerceamento da liberdade de imprensa que estava por trás da prisão temporária do brasileiro porque no fundo, no fundo, os governos petistas não curtem em nada a liberdade de expressão na mídia, especialmente na mídia impressa. O NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) fez das tripas coração para emplacar uma lei de controle da imprensa e da mídia em geral, apoiado nas ideias nazifascistas de seu ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o jornalista Franklin Martins. Quem conhece bem a folha corrida deste cidadão é o Diogo Mainardi, que botou vários podres ele p'ra fora -- Franklin quis processar o Diogo e não conseguiu. Deem uma olhadinha na seção "Nomeação de familiares" do verbete "Franklin Martins" da Wikipédia. Pois bem, esse mesmo cidadão voltou na crista da onda e virou assessor especial da doce Dona Dilma, no rastro das manifestações de rua iniciadas em junho. Certamente, a missão de Franklin no Planalto não é dar palpite na educação do netinho da ex-guerrilheira, nem ensiná-la a trocar as fraldas do pimpolho. Vejam postagem anterior sobre as investidas desse cidadão contra a liberdade de expressão.

Como sói acontecer com a nossa diplomacia de dobradiça na coluna vertebral e com o Patropi petista, os estrangeiros -- especialmente os britânicos -- ficaram muito mais indignados com a prisão do brasileiro do que Dilma, Patriota e nós mesmos. O prestigioso jornal inglês The Financial Times publicou no dia 19/8 forte editorial contra a prisão do brasileiro e o The Guardian, obviamente, soltou o sarrafo no governo inglês (ver, por exemplo, o artigo de ontem de John Kampfner). Já a imprensa brasileira foi itamaratiana em sua reação, limitou-se a "repercutir" (usando este verbo chato da moda na mídia) os que os outros disseram, aqui e lá fora. Até onde pude constatar, o único a botar mesmo o dedo na ferida -- p'ra variar -- foi o jornalista Elio Gaspari em sua coluna de hoje no Globo e na Folha de S. Paulo.

Não será com esse tipo de reação pávida e servil que o Brasil se credenciará a ocupar algum lugar minimamente decente no cenário internacional.

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