quinta-feira, 18 de julho de 2013

Governo e Itamaraty deixam novamente a Bolívia nos avacalhar

Nossa política externa é tão ridícula, incoerente e inconsistente que já viramos piada no cenário internacional. Nossos posicionamentos titubeantes e controversos em relação a questões internacionais relevantes têm nos propiciado críticas acerbas nos principais jornais do exterior, assim como de atores importantes do cenário externo. O ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda nos chamou de "anão diplomático".

Um colunista do prestigioso e respeitado jornal espanhol El País reclamou, com razão, do que chamou de "cruel indiferença" do Brasil com relação a reiteradas violações de direitos humanos em Cuba, na Venezuela, no Equador e na Nicarágua. Citou, também corretamente, a posição incoerente do nosso país com referência ao estranho resultado das eleições venezuelanas que elegeram o sucessor de Hugo Chávez.

O golpe imundo perpetrado contra o Paraguai com a liderança do Brasil -- sem a qual ele jamais teria ocorrido -- para defenestrá-lo do Mercosul e assim permitir o ingresso da Venezuela nesse bloco é um dos capítulos mais vergonhosos de nossa política externa na América do Sul. Com gestos como esse nosso país avilta seu perfil e perde o respeito da comunidade internacional, vizinha e alhures.

Nossa ex-guerrilheira e o Itamaraty fingem falar grosso com os EUA -- como no caso da espionagem da NSA no país -- mas em relação aos nossos vizinhos, especialmente os fronteiriços, metem o rabo no meio das pernas e deixam que nos façam de saco de pancada e nos exponham ao ridículo. Para eles, os vizinhos, a orientação da nossa Dama de Ferrugem e de Patriota e sua trupe de diplomatas a orientação é manter azeitada ao máximo a dobradiça na nossa coluna vertebral. Nesse nosso relacionamento com os vizinhos estes ignoram solenemente o princípio tradicional da reciprocidade. Nesse capítulo temos dois algozes destacados, a Argentina e a Bolívia, que nos elegeram como alvo preferido para suas reiteradas humilhações. Nosso relacionamento masoquista com os argentinos já virou um caso psicanalítico.  Eles deitam e rolam às nossas custas.

A Bolívia tem se esmerado em nos espezinhar. Em 2007, ela botou tropas em refinarias da Petrobras e assumiu seu controle, e o Brasil engoliu o sapo gigante sem reclamar. Recentemente, a imprensa noticiou que em outubro de 2011 um avião da FAB que levou o ministro da Defesa Celso Amorim em missão oficial a La Paz foi indevidamente vistoriado pela Bolívia, sem autorização nossa. Reação brasileira: "A vistoria ao avião nesta ocasião não foi autorizada pelo ministro, afirma a pasta, e poderia motivar retaliação por parte do Brasil, com a aplicação do princípio de reciprocidade nas relações entre os países, caso os atos fossem cometidos novamente. A Defesa afirma que não foram registrados novos episódios de desrespeito à imunidade de aeronaves do governo brasileiro".  Sem procuração nossa para bancar Jesus Cristo, o governo brasileiro deixou exposta sua outra face para levar outra bolacha da Bolívia a qualquer momento. Pura palhaçada.

Hoje, o sempre bem informado Merval Pereira desmente a declaração do governo via Ministério da Defesa. Diz ele: "Agora mesmo ficamos sabendo que aviões da FAB usados por autoridades brasileiras, inclusive o ministro da Defesa Celso Amorim, foram revistados abusivamente por agentes antidrogas do governo da Bolívia. O acinte aconteceu não uma única vez, mas três, e somente então o governo brasileiro fez um protesto formal, que só se tornou público dois anos depois, quando o fato foi revelado pela imprensa". 

É fácil imaginar a dupla satisfação da Bolívia, depois de invadir nossos aviões da FAB, ver o Brasil apoiá-la -- corretamente, por sinal -- no episódio recente do bloqueio de França, Itália, Espanha e Portugal contra o pouso do avião presidencial boliviano que transportava o presidente Evo Morales.

Viramos mulher de malandro.




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