segunda-feira, 22 de julho de 2013

Alemanha tem quase 8 milhões de analfabetos, ou 14% da força de trabalho

[A informação que traduzo abaixo, do Ministério da Educação alemão, é simplesmente surpreendente. A locomotiva da Europa e a quarta economia do mundo em termos de PIB tem nada menos que 14% de sua força de trabalho formados por analfabetos funcionais. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A pesquisa de nível um (level-one survey, "leo") feita em 2011 pela Universidade de Hamburgo concluiu que 2,3 milhões de pessoas na Alemanha conseguem ler ou escrever palavras isoladas, mas não sentenças inteiras. Assim, no conjunto, mais de 4% da população operária alemã são diretamente afetados pelo analfabetismo. O número de analfabetos funcionais no país é muito maior do que se supunha -- cerca de 7,5 milhões ou 14% da força de trabalho alemã podem ler ou escrever sentenças individuais, mas são incapazes de uma compreensão coerente mesmo no caso de instruções de trabalho breves, curtas.

É impossível ter uma participação adequada na vida social se você for funcionalmente analfabeto. Estimativas anteriores situavam em cerca de 4 milhões o número de pessoas afetadas por anafalbetismo funciona no país. O estudo revela que a soletração mesmo de palavras comuns é um problema para 21 milhões de pessoas na Alemanha, o que representa quase 40% da mão de obra [embora a pronúncia do alemão seja extremamente fiel à grafia das palavras, e muito menos errática e dúbia do que a do inglês por exemplo, a soletração de uma palavra em alemão requer bastante atenção -- agravada pela possibilidade teoricamente infinita de formação de palavras compostas pela junção direta de palavras individuais].

A pesquisa de nível um (leo) foi realizada pela Universidade de Hamburgo no contexto da pesquisa suplementar de 2010 sobre a educação continuada europeia "Pesquisa de Educação Adulta" (AES, na sigla em inglês). Em uma amostragem aleatória, foram entrevistadas mais de 7.000 pessoas na faixa etária entre 18 e 64 anos . No caso da "leo", esse número foi aumentado de uma amostra aleatória de 1.350 pessoas nos níveis de educação mais baixos.

O estudo citado disponibiliza, pela primeira vez na Alemanha, dados nacionais confiáveis e diferenciados sobre analfabetismo -- isto é, a capacidade de lidar com texto escrito por leitura e escrita, e de compreensão e produção de manifestação com conteúdo nos níveis mais baixos de competência para ler e escrever. O projeto de pesquisa da Universidade de Hamburgo recebeu financiamento de 1,3 milhões de euros [cerca de R$ 4 milhões] do Ministério Federal de Educação e Pesquisa do governo alemão [a pesquisa "leo" está disponível em formato pdf].

[Em relação à população total do país -- 81,5 milhões de habitantes -- a taxa de analfabetismo funcional da Alemanha é de 9,2%. A incapacidade de soletração afeta 26% da população em geral, na média. 

No caso do Brasil, os valores consolidados até 2011 são os seguintes:

Analfabeto e rudimentar/Analfabetos funcionais: passaram de 39% em 2001 para 27% em 2011
Básico e pleno/Alfabetizados funcionalmente: de 61% em 2011 para 73% em 2011.

Em termos populacionais, o Brasil tinha em 2011 cerca de 52,4 milhões analfabetos funcionais, num universo de cerca de 194 milhões de pessoas. Ou seja, tínhamos em 2011 um contingente de analfabetos funcionais equivalente a um Myanmar (ex- Birmânia) inteiro ou cerca de 110% da Espanha toda. Temos, sem dúvida nenhuma, um longuíssimo caminho pela frente.

Mapa-múndi da taxa de alfabetização (clique na imagem para ampliá-la):

 
Mapa-múndi da taxa de alfabetização por país em 2011 (Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU de 2011). Não há dados disponíveis para a área em cinza.]



Um comentário:

  1. Bullshit!! É óbvio que uns 75% da população brasileira está num nível de totalmente analfabeto a parcamente letrado!

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