segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Nossa Síria , agora, chama-se São Paulo

O índice de violência em S. Paulo vem crescendo assustadoramente, atingindo números absolutamente alarmantes e extremamente preocupantes, sem que se sinta qualquer medida realmente eficaz no combate a essa tragédia. Só neste fim de semana, na região metropolitana da capital paulista, entre a noite de sexta-feira (9) e a de ontem (11) foram 25 homicídios -- só de sábado para domingo foram 17! E, apesar disso, o governador paulista Geraldo Alckmin diz que a violência no Estado está sob controle ... Só se for dos marginais ...

Segundo a Folha de S. Paulo, este fim de semana violento na Grande São Paulo deixou 31 mortos (e não os 22 informados pelo Estadão, como citado acima). Nos dois fins de semana anteriores as mortes chegaram a 12 e 20. Ou seja, em apenas três fins de semana houve 63 assassinatos na Grande S. Paulo -- isso é estatística que se vê comumente em ações do narcotráfico no México. E o pior é que, paralelamente à violência dos marginais, cresce também o número de crimes praticados por policiais no exercício de suas funções.

Em 2012, a violência urbana está crescendo em São Paulo e diminuindo no Rio de Janeiro. Dono da menor taxa de homicídios do Brasil até o ano passado, o estado de São Paulo vive um surto de insegurança provocado por uma grande facção criminosa, o PCC - Primeiro Comando da Capital. Documentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram o envolvimento de cerca de 4 mil pessoas no Primeiro Comando da Capital (PCC). O órgão de inteligência financeira vinculado ao Ministério da Fazenda já tem mais de 60 relatórios prontos sobre a atuação da facção e, a partir desta semana, passa a compor a Agência Integrada de Inteligência, criada no dia 6 pelos governos federal e paulista para combater o crime organizado.

O PCC já atua além das fronteiras do Brasil. Relatório do Sistema Brasileiro de Inteligência (SisBin) mostra que o grupo tem alianças desde 2008 com traficantes de Paraguai e Bolívia e hoje domina o comércio de cocaína e maconha para boa parte do mercado brasileiro. A conexão internacional garante ao PCC não apenas o suprimento de drogas - apesar de outros meios, hoje o tráfico representa mais de 80% da arrecadação do grupo -, mas também o domínio da chamada "rota caipira", que entra pela fronteira via Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para alimentar interior paulista e capital, eventualmente chegando ao Rio. Além da associação com traficantes locais, o PCC tem instalado nesses países alguns de seus próprios homens.

Os fatos acima demonstram que o problema de segurança pública agora explicitado em S. Paulo é, na realidade inequívoca, um problema nacional e como tal tem que ser objeto de uma ação fortemente integrada entre o Governo Federal e não somente o governo paulista, mas com os demais estados da federação e, em especial, com os estados fronteiriços (principalmente com Bolívia, Paraguai e Colômbia). 

Que medidas tomar contra o crime organizado do PCC, ou de outras facções? Este é o grande desafio das ações governamentais mencionadas acima. O governador paulista listou três medidas que considera essenciais para atingir esse objetivo: a remoção de líderes de facções para presídios fora de São Paulo, a criação de uma agência de inteligência integrada, que combaterá pontos estratégicos do tráfico, e o fortalecimento do Instituto de Criminalística (IC), para pesquisar o "DNA" da droga que sustenta o crime organizado. Não se sabe em que estágio de implementação se encontram tais medidas, mas seus resultados até agora têm sido pífios.

E o Governo Federal, o que está fazendo para combater o crime organizado que elegeu S. Paulo como palco para demonstrar seu poder de fogo? Com a palavra nossa ex-guerrilheira, Dª Dilma Rousseff.

Em recente viagem que fiz à Itália, passei por Milão, Veneza e Roma, cidades em que se anda com absoluta segurança em qualquer hora do dia ou da noite, com a presença ostensiva de policiamento por toda parte.  Apesar da presença maciça de milhares de turistas das mais diversas origens, e de uma quantidade crescente de imigrantes legais e ilegais, essas cidades demonstram que o Estado italiano vem tendo êxito na manutenção da segurança pública. Quando chegaremos lá?



Um comentário:

  1. Vasco,

    Não acredito que a violência no Rio esteja diminuindo, ao contrário de São Paulo. Estamos falando na grande São Paulo que está com indice elevado de homicidios.Mas se levarmos em conta o Grande Rio (Rio, Niteroi, S. Gonçalo, Magé, S J Meriti, Caxias, Nova iguaçu, Belfort Roxo)não ficamos para trás.

    Agenor

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