terça-feira, 13 de novembro de 2012

Governo nos faz de otários e cobaias, subsidiando indústrias que fabricam carros inseguros

[Testes de segurança efetuados há pouco com carros brasileiros, especialmente os chamados "populares", revelam que alguns deles estão defasados nada menos que 20 anos em relação aos similares fabricados em países industrializados. Ou seja: o governo de Dilma Roussef está subsidiando com o nosso dinheiro fabricantes de automóveis que colocam em risco nossas vidas e as de nossas famílias!

Transcrevo a seguir, na íntegra, o relatório emitido a respeito pela Latin NCAP, uma iniciativa conjunta da Federação Internacional do Automóvel (FIA), a Fundação FIA, a Global New Car Assessment Programme (GNCAP), a Fundação Gonzalo Rodríguez, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a International Consumer Research & Testing (ICRT), que tem como objetivo: - i) oferecer aos consumidores da América Latina e do Caribe avaliações independentes e imparciais de segurança dos carros novos;m - ii) estimular os fabricantes a melhorarem o desempenho em segurança de seus veículos à venda na região da América Latina e do Caribe; - iii) incentivar os governos da América Latina e do Caribe a aplicarem as regulamentações exigidas pelas Nações Unidas quanto aos testes de colisão para os veículos de passageiros.

O relatório, vídeos e outras informações importantes sobre os testes citados  estão disponíveis no site da Latin NCAP.]

Buenos Aires, 13 de novembro de 2012
Níveis de segurança nos carros da América Latina continuam sendo muito baixos, embora algumas marcas mostrem avanços 

Os últimos resultados dos testes de batida publicados pelo Latin NCAP indicam que os níveis de segurança de alguns dos veículos mais populares da região ainda ficam 20 anos atrasados quanto aos países industrializados e por baixo dos padrões globais. Contudo, houve um avanço e alguns carros atingiram uma pontuação em segurança de quatro estrelas; existem dois fabricantes que incluem airbags como equipamento padrão nos modelos testados.

Os carros com pior desempenho dos oito testados na terceira fase do Latin NCAP foram o Renault Sandero e o JAC J3 [o grifo é meu]. O Sandero obteve apenas uma estrela devido ao desempenho instável de sua carroceria, bem como à falta de airbags. Esse foi um resultado decepcionante por parte da Renault, um fabricante com boa reputação na Europa em termos de segurança. A companhia certamente pode oferecer algo muito melhor, como o conferido em outro modelo testado; o Fluence, por exemplo, que obteve quatro estrelas [até outubro passado, o Renault Sandero foi o 8° carro mais vendido no Brasil, com 83.175 unidades entregues ao mercado -- se colocarmos uma média de 2 ocupantes por carro, teremos pelo menos cerca de 166.000 brasileiros com a vida em risco por irresponsabilidade da Renault e do governo Dilma que a subsidia para fazer esse carro inseguro]. O JAC 3 também obteve apenas uma estrela apesar de contar com dois airbags; isso indica claramente a vital importância da força do habitáculo na proteção dos ocupantes no caso de batida [até outubro passado, o JAC J3 foi o 76° carro em vendas no país, com 7.361 unidades vendidas -- temos pois pelo menos 14.600 brasileiros com a vida em risco por causa da irresponsabilidade da chinesa JAC e do governo Dilma que a subsidia para fabricar esse carro inseguro].

Os airbags não compensam uma pobre resistência estrutural, o Latin NCAP considera firmemente que os consumidores não devem ser confundidos pelos fabricantes que se descansam apenas nos airbags para oferecer uma falsa impressão de segurança. A inclusão de um airbag, apenas, não garante a segurança do carro. Assim sendo, tanto o público, quanto os governos, deve ser capaz de verificar a integridade estrutural do carro. Isso se consegue mediante a aplicação dos padrões de testes de batida das Nações Unidas (regulamentações R94 e R95), proporcionando aos consumidores a possibilidade de comparar o desempenho em segurança dos diferentes modelos como o faz o Latin NCAP.

É alentador, na Fase III, o significativo aumento no número de carros que obtiveram quatro estrelas. Cinco modelos atingiram as quatro estrelas evidenciando os benefícios combinados do melhoramento da força da estrutura, dos airbags e dos cintos de segurança. Os modelos que possuem quatro estrelas são o Novo Ford Fiesta KD, o Honda City, o Renault Fluence, o Toyota Etios hatchback e o VW Polo hatchback. Outro modelo testado, o Volkswagen Clássico/Bora, conseguiu apenas três estrelas, devido a sua fraca integridade estrutural.

Em um alentador passo para frente, a Ford e a VW confirmaram que o airbag para motorista e acompanhante faz parte do equipamento padrão no Novo Ford Fiesta e no Volkswagen Clássico/Bora em todos os mercados do Latin NCAP. O Latin NCAP recebe com prazer esta incorporação prévia aos requisitos legais em alguns países da América Latina.

Outro sinal de avanço nestes testes de batida é a obtenção, pela primeira vez, de quatro estrelas para a proteção infantil. Dois modelos, o Ford Fiesta e o Honda City, conseguiram esse tão bem-vindo progresso. O uso do sistema de retenção infantil com o ISOFIX desempenhou um papel fundamental na redução da probabilidade de instalação incorreta, melhorando a atividade dinâmica em geral. O Latin NCAP recomenda o ISOFIX e impulsiona os governos, fabricantes e provedores da região a apoiar o sistema ISOFIX com base na regulamentação R44 das Nações Unidas.

O Latin NCAP se satisfaz com os contínuos signos de diálogo construtivo com os fabricantes de carros. A disposição de alguns fabricantes líderes para mudar sua produção e oferecer modelos mais seguros no mercado é muito bem-vinda, demonstrando os benefícios dos esforços por parte do Latin NCAP em criar consciência sobre o desempenho da segurança dos carros vendidos na região.

Um assunto preocupante para o Latin NCAP é a conformidade da produção que os modelos devem manter desde sua aprovação original para a venda e no período em que são fabricados e vendidos nos mercados da região. A falta dos padrões de segurança da ONU para os veículos na América Latina, e dos laboratórios de testes de carros, dificulta que os governos possam garantir que todos os fabricantes mantenham a qualidade dos carros vendidos em seus mercados. O Latin NCAP recomenda uma discussão com os fazedores de políticas acerca deste assunto especialmente naqueles países com importantes instalações para a produção de carros.

O Latin NCAP realiza atualmente uma consultoria com governos, grupos de consumidores, automóveis clubes, provedores de seguros, fabricantes, experts em segurança e público em geral. A consultoria ajudará a desenhar o futuro do Latin NCAP enquanto se prepara para se estabelecer como uma entidade legal permanente de promoção da segurança viária ao serviço dos interesses dos consumidores em toda América Latina e o Caribe. Para mais detalhes, acesse http://www.latinncap.com/en/

Ao completar a Fase III, o Latin NCAP conta agora com 26 modelos incluindo a maioria dos modelos de carros mais vendidos da região. É introduzido um resumo desses resultados neste comunicado de imprensa.

A opinião dos Sócios do Programa

Max Mosley, Presidente do Global NCAP: “É realmente impactante saber que os principais fabricantes são dispostos a vender carros com uma estrela na América Latina quando, na Europa, seus veículos obtêm cinco estrelas. Felizmente, o Latin NCAP está instalando o negócio da segurança veicular na agenda e está percebendo certos avanços. É um prazer contar com um aumento no número de carros que obtêm quatro estrelas, pois nos aproxima do momento em que serão eliminados, definitivamente, do mercado os carros com uma estrela, que nem sequer seriam aprovados pelos testes de batida mais básicos das Nações Unidas”.

Carlos Macaya, Trustee da Fundação FIA e do Automóvel Clube de Costa Rica: “Agora que o Latin NCAP fica em seu terceiro ano, começam a ser vislumbrados benefícios reais em termos de melhoras na segurança viária na América Latina. O Latin NCAP está demonstrando que vale a pena. Foi gerado um aumento no número de carros com quatro estrelas que entraram no mercado, e a mensagem é clara: não só é possível aumentar muito mais os níveis de segurança veicular na região, mas também é absolutamente crucial. Essa tendência no aumento da segurança deve se manter. Não podemos permitir outra coisa, já que há vidas que dependem disso”.

María Fernanda Rodriguez, Presidenta da Fundação Gonzalo Rodríguez:
"Embora comecemos a visualizar uma leve melhora nos ocupantes da frente adultos, continuamos preocupados porque vemos que a segurança das crianças não acompanha o mesmo ritmo. A grande maioria dos carros testados, os mais vendidos na região, ainda contam apenas com duas estrelas no tocante a crianças. Neste ano conseguimos comprovar como a ancoragem ISOFIX faz a diferença. Consideramos que o ISOFIX é um bom exemplo de como um elemento de baixo custo pode gerar um grande impacto. Esse pequeno dispositivo deve fazer parte de todos os veículos novos o mais rápido possível, como acontece nos países desenvolvidos".

Guido Adriaenssens, Diretor Executivo da International Consumer Research & Testing: “Recebemos com prazer o avanço dos fabricantes. No entanto, em termos de responsabilidade social, continuamos nos perguntando por que existe tanta discrepância entre o que eles estão dispostos a fazer para proteger os consumidores europeus e aquilo que fazem, atualmente, pelos consumidores da América Latina. Ficamos contentes quando ouvimos que alguns fabricantes prometem avanços importantes para os próximos anos”.

Jorge Tomasi, Presidente da FIA IV Región e Presidente do Automóvel Clube do Uruguai: "Embora seja importante destacar a promulgação da lei que obriga a fabricar veículos com dispositivos de segurança (ABS, Airbags), em alguns países como no Brasil e na Argentina, a partir do ano 2014, este tipo de equipamento não garantirá, em sua totalidade, a segurança dos veículos. Por enquanto, os resultados do Programa Latin NCAP vêm demonstrando algumas diferenças na segurança estrutural dos modelos fabricados na América Latina e os produzidos na Europa. Os meios e as tecnologias devem facilitar a circulação de carros com maiores padrões de segurança; contudo, para que isso aconteça, é preciso impulsionar ações que envolvam governos, fabricantes e organizações privadas, conscientizando, sobretudo, os consumidores sobre as vantagens e necessidade de comprar carros seguros".

Eng. Alejandro Tadía, Especialista líder na Divisão de Transporte do Departamento de Infraestrutura e Meio Ambiente do Banco Interamericano de Desenvolvimento: “Aspiramos a contar com veículos que tenham melhores padrões de segurança na região, o impacto econômico e social é muito alto, o objetivo do BID é fomentar o fortalecimento institucional e técnico dos países da América Latina em matéria de segurança viária. Assim sendo, e conforme as metas da Década de Ação das Nações Unidas sob o pilar de “veículos mais seguros”, o BID apoia iniciativas como o programa Latin NCAP, que até o momento vem demonstrando a necessidade de agir por parte de nossos governos exigindo aos produtores a comercialização de veículos que cumpram com os mesmos padrões de segurança daqueles veículos vendidos na Europa ou nos Estados Unidos. O BID continuará apoiando esse tipo de iniciativas que promovem o diálogo regional em matéria de segurança viária, fomentando melhores práticas de regulação veicular nos países da América Latina”.

Acerca do Latin NCAP
 
O Programa de Avaliação de Carros Novos para a América Latina (Latin NCAP) foi lançado em 2010 como um projeto piloto de três anos para avaliar qual a contribuição potencial que um programa independente de avaliação de veículos novos pode proporcionar para a segurança viária na América Latina e no Caribe (LAC). O Latin NCAP tem respaldo de programas similares desenvolvidos nos últimos trinta anos na América do Norte, na Europa, na Ásia e na Austrália, que comprovaram ser muito eficazes na melhoria da segurança dos veículos motorizados.

Os responsáveis por essa iniciativa são a Federação Internacional do Automóvel (FIA); a Fundação FIA, com seus membros para a América Latina; a Fundação Gonzalo Rodríguez (Uruguai), e a International Consumers Research and Testing (ICRT) contando com aopio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Desde 2010, o Latin NCAP realizou três etapas de testes de colisão para avaliar a segurança dos veículos mais vendidos disponíveis nos principais mercados da região O projeto piloto do Latin NCAP demonstrou que o programa pode estimular com sucesso a conscientização das pessoas, governos e fabricantes a ter maior atenção com a segurança veicular. Os bons resultados do projeto piloto apontam para um futuro promissor para o Latin NCAP. Mais informacao em http://www.latinncap.com/en/

Resultados Fase III

[Não pude reproduzir aqui as tabelas com os resultados dos testes para cada fabricante e modelo porque estão em formato pdf, mas podem ser acessadas pelos links já fornecidos acima. Acesse os resultados por fabricante neste link. Alguns vídeos estão disponíveis também em reportagem publicada hoje pela Folha de S. Paulo.]

Os dois piores carros no "crash test" da Latin NCAP

Renault Sandero - (Foto: Divulgação)

 
JAC J3 - (Foto: Divulgação)

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