quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Movimentações estranhas de tropas americanas e francesas

[Stratfor Global Intelligence é um site mantido por assinantes, mas que também fornece relatórios grátis por newsletter (meu caso), que realiza análises geopolíticas. O texto que traduzi abaixo me foi enviado pela newsletter do Stratfor, com data de 28/9. Tenho minhas divergências com eles, mas acho que isso não invalida um interesse pontual em suas análises.]

Sumário

Stratfor recebeu vários relatórios sobre movimentações militares americanas e francesas que gostaríamos de assinalar para nossos leitores. Essas movimentações podem ter várias explicações e podem não estar interligadas. Mas, tendo em conta as numerosas crises em curso concentradas no norte da África e no Oriente Médio, consideramos que valia a pena acompanhar essas atividades.

Análise

De acordo com uma rede mundial de localizadores e rastreadores de aeronaves,  pelo menos uma dezena de aviões militares de transporte e aviões fortemente armados MC-130H, HC-130N, HC-130P  e AC-130U  cruzaram o Atlântico no dia 13 de setembro, rumando para o leste. Essas aeronaves são tipicamente usadas para uma multiplicidade de tarefas, incluindo uma estreita cooperação com forças de operação especiais. A última parada informada para as aeronaves foi a Baía de Souda, em Creta. Não ficou claro se os aviões deixaram Creta, mas estamos trabalhando em seu rastreamento.

Uma semana e meia depois, em 24/9, a mesma rede de localizadores de aeronaves observou uma esquadrilha de 12 caças a jato de combate F/A-18 Hornet, do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA chegando em duas ondas à base aérea de Moron, na Espanha. Não se sabe para onde a esquadrilha se encaminha, embora possa estar em rota para o Afeganistão  para reforçar as forças que lá estão. A esquadrilha de Hornets que sofreu pesadas baixas em 14/9 no ataque à base de Camp Bastion já foi substituída por outra unidade de Hornets, portanto é improvável que o deslocamento da esquadrilha esteja ligado diretamente àquele evento. É possível também que os F/A-18 estejam se dirigindo para a região do Conselho de Cooperação do Golfo. Várias esquadrilhas de superioridade aérea, incluindo uma esquadrilha de F-22 Raptors, já se deslocaram para a região. Se for esse o caso, o objetivo da esquadrilha é simplesmente reforçar ou substituir unidades já sediadas lá.

Posições militares ocidentais -- Quatro esquadrilhas de F/A-18 Super Hornets do Grupo de Combate 314 dos Fuzileiros Navais dos EUA - (Fonte: Stratfor - Ilustração: Ian Hitchcock/Getty Images).

Também em 24/9, o The New York Times publicou um artigo afirmando que Iraque e EUA estavam negociando um acordo que poderia resultar no retorno de pequenas unidades de soldados americanos ao Iraque para missões de treinamento. Por solicitação do governo iraquiano, de acordo com o gen. Robert Caslen, dos EUA, uma unidade de soldados de operações especiais do Exército foi recentemente deslocada para o Iraque para assessoria em contraterrorismo e ajudar nos serviços de inteligência. É possível que pelo menos algumas das aeronaves MC-130 mencionadas anteriormente estivessem levando essas tropas de operações especiais para o Iraque.

Outra informação publicada em 24/9, desta feita pelo jornal francês Le Figaro, relatava que cerca de 100 soldados de operações especiais franceses haviam sido deslocados para a região subsaariana [de Sahel] para atuar contra militantes no norte do Mali [o Le Figaro disse que essa tropa francesa destinava-se a treinar uma força de intervenção africana, encarregada de livrar a região de seus grupos de terroristas filiados à Aqmi (a al-Qaeda do Magreb islâmico)]. O jornal francês disse também que aeronaves de patrulhamento marítimo, que podem ser usadas para coletar informações de inteligência, serão deslocadas para a região e que comandos da Marinha francesa reforçarão as tropas francesas de operações especiais.

Finalmente, o jornalista italiano Guido Olimpio informou em setembro que Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) americanos estão no momento rastreando militantes em Cirenaica, o nome histórico para a Líbia oriental. Ele disse também que "fontes confiáveis" haviam confirmado que forças especiais americanas estavam planejando realizar operações de inteligência, que poderiam ser preparatórias para ataques cirúrgicos no norte da África, incluindo Líbia e Mali.

Todos esses deslocamentos podem ser movimentações planejadas previamente para treinamento, ou como parte de operações em andamento. Elas também não significam necessariamente que qualquer operação seja iminente. Os EUA e a França podem, simplesmente, estar posicionando ativos militares em uma região com predominância de conflitos, que podem acabar exigindo uma rápida intervenção ou ação militar.

Qiualquer que seja a intenção, essas movimentações, efetuadas simultaneamente, são muito interessantes e excitantes para serem ignoradas. Considerando os conflitos instáveis no norte da África, Síria e Afeganistão, assim como as tensões atuais com o Irã, esses delocamentos e essas informações são importantes para serem destacadas para nossos leitores.




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