sexta-feira, 19 de outubro de 2012

FAB usa aviões sem pilotos pela primeira vez para vigiar fronteiras

A FAB (Força Aérea Brasileira) usou pela primeira vez aviões não tripulados na vigilância da fronteira com a Bolívia. Os militares usaram duas unidades do Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), de fabricação israelense,  em uma operação de treinamento conjunta realizada com a Polícia Rodoviária Federal ontem, quarta-feira, nas imediações da cidade de Cáceres, em Mato Grosso.

As imagens feitas pelos Vants permitiram a polícia interceptar um veículo suspeito que tentou fugir de uma reserva montada pelo Exército em uma estrada, segundo um comunicado da FAB.  O exercício ocorreu no marco da "Operação Ágata VI", que mobilizou rumo às fronteiras com o Peru e a Bolívia cerca de 7.500 soldados para reforçar as operações contra o narcotráfico e o contrabando. Os Vants têm uma autonomia de voo de 16 horas e podem filmar imagens em alta resolução de dia e de noite de uma altitude de 5.500 metros.

Da "Operação Ágata 6" participam soldados do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que contam com apoio de caças-bombardeiros, helicópteros de combate, lanchas de patrulha e blindados.  As tropas foram deslocadas ao longo dos 4.216 quilômetros de fronteiras amazônicas com o Peru e a Bolívia e calcula-se que permanecerão ali durante duas semanas. Durante a Operação Ágata 6, a Força Aérea Brasileira levou dois Vants para Cáceres (MT), a 70 km da divisa entre os países, de onde podem cumprir missões em prol das Forças Armadas, dos órgãos de segurança pública e organizações como Ibama e Receita Federal. Com os Vants é possível fiscalizar, por exemplo, áreas onde há suspeitas de crimes ambientais, narcotráfico e garimpo ilegal.

Designados RQ-450, os VANT que estão em Cáceres podem permanecer no ar por até 16 horas para fazer filmagens em alta resolução tanto de dia quanto de noite, e transmitir tudo ao vivo. "Por ser uma plataforma que leva um sensor que produz dados, essa informação pode ser distribuída a quem for necessário. Entre Ministérios, há um uma coordenação, e essa informação pode fluir", explica o Tenente-Coronel Donald Gramkow, Comandante do Esquadrão Hórus, primeira unidade militar do Brasil a utilizar esse tipo de aeronave. "Podemos visualizar e tomar decisões ao mesmo tempo", complementa o Brigadeiro Maximo Ballatore Holland, que comanda as Ações da FAB durante a Ágata 6. No caso do voo de treinamento com a PRF, o veículo suspeito foi acompanhado antes, durante e depois da chegada de um helicóptero com os policiais e os militares.

Uma das medidas já adotadas no Esquadrão Hórus foi a definição de que somente aviadores podem ter o controle dessas aeronaves. Apesar de não levar tripulantes a bordo, o RQ-450 é comandado por uma dupla de militares que permanecem em uma cabine de controle no solo. Por este motivo, a Força Aérea designa o avião-robô como uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP). De fato, um mouse substitui o manche, mas o controle permanece nas mãos de oficiais com experiência de voo, conhecimento das áreas de operação e familiaridade com as regras de controle do espaço aéreo. É estreita a coordenação da unidade aérea operadora dos ARP com os órgãos de controle, subordinados ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o que garante a segurança dos voos. 

[Em janeiro de 2011 fiz postagem sobre o uso dos Vants para proteger as fronteiras da Amazônia.] 

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