sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A Amazon é um buraco negro que ameaça devorar a América empresarial

[O texto abaixo é da autoria de Matthew Iglesias e foi publicado hoje no blogue Money Box do site Slate.] 

Se uma grande empresa varejista anunciou um prejuízo de algumas centenas de milhões de dólares no terceiro trimestre, cerca de metade disso relacionada com sua atividade principal, o varejo, e a outra metade resultante de seu investimento em uma empresa startup de alta tecnologia, o culpado é óbvio -- a competição da Amazon. E se um fabricante de tablets acusou um prejuízo no terceiro trimestre, o culpado novamente seria óbvio -- a competição da Amazon. Excetuando a empresa em questão, foi a própria Amazon que, abaixo do comunicado à imprensa "Amazon.com anuncia aumento de 27% nas vendas no terceiro, alcançando US$ 13,81 bilhões", informou um prejuízo de US$ 274 milhões, cerca de metade disto relacionada com a empresa LivingSocial [empresa de compras coletivas do tipo Coupon, da qual a Amazon é coproprietária].

E é isso que faz da Amazon a empresa mais espantosa no mundo de hoje. Obviamente, ela não poderá continuar perdendo dinheiro dessa maneira no quarto trimestre e isso provavelmente não acontecerá. Mas, na maioria dos trimestres ela tem lucros muito baixos, com margens tão tênues que eventualmente podem forçá-la a situações como essa do prejuízo no terceiro trimestre. Como uma prestadora de serviços aos consumidores ela é incrível, mas como geradora de receitas e ganhos ela fracassa completamente.

Mas, o que faz da Amazonas não apenas um espanto mas também absolutamente perigosa é que em termos financeiros ela possui algo ainda melhor do que lucros -- uma confiança ilimitada da comunidade dos investidores. Você pode considerar o preço das ações de uma empresa como sendo formado conjuntamente por seus lucros ("ganhos") e pelo nível de otimismo de Wall Street em relação ao seu futuro, expresso na relação preço/ganhos ("price-to-earnings ratio", PE em inglês).

O gráfico abaixo mostra a Amazon (em azul), comparada com a líder mundial em tecnologia, a Apple (em alaranjado) e a líder mundial no varejo, a Wall-Mart (em vermelho) em termo de relação PE (clique na imagem para ampliá-la):


Quadro comparativo entre Amazon, Apple e Wall-Mart em termos de relação PE -- (Fonte: Blog Money Box/Slate).

Isso é simplesmente assombroso. Isso significa que Wall Street embarcou em uma estratégia de negócios da Amazon que na realidade não exige que ela tenha lucro, desde que ela aumente seus volumes de vendas. E, se você estiver em qualquer ramo de negócio que compita com a Amazon -- e a Amazon está em um monte de negócios, e parece entrar em novos tipos de negócios a cada ano -- isso deve deixá-lo aterrorizado.

Em qualquer ramo de negócios em que você esteja fazendo lucros grandes e corretos, você precisa sempre se preocupar com alguém que possa minar os seus preços. Mas, normalmente, você pode também ter alguma confiança em que seu concorrente será freado em seu corte de preços para manter seus próprios lucros. Neste aspecto, a Amazon foge completamente à regra. Wall Street a trata como se fosse uma startup novinha em folha, que precisa apenas preocupar-se com seu crescimento e pode encontrar um modelo viável de negócio mais tarde. Isso significa que se ela (Amazon) vier ao seu encalço, você não terá saída. Seus lucros irão encolher e seus acionistas irão puní-lo, mas os lucros da Amazon não necessitam necessariamente ter que crescer na mesma proporção. Eles precisam apenas mostrar que podem morder a sua fatia de mercado.

É bom ficar com medo.

Um comentário:

  1. Amigo VASCO:
    Pelo menos na venda de livros, ela já chegou ao BRASIL, com uma representação em São Paulo.
    Já notei diferenças; antes, um livro levava de 30 a 40 dias para ser entregue. o último que comprei chegou em NOVE DIAS, sem nenhum acréscimo.
    Abraços - LEVY

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