segunda-feira, 9 de julho de 2012

"Somos impotentes para conseguir a verdade sobre os banqueiros" -- Quem disse isto?

Errou quem respondeu à pergunta-título desta postagem dizendo que a frase teria sido formulada por alguma autoridade policial ou da Justiça do Brasil, ou ainda por algum parlamentar de alguma das nossas infindáveis CPIs inconclusas sobre o sistema financeiro. Tampouco acertou quem disse que esse teria sido mais um desabafo de Obama frente a mais um banqueiro milionário, dono ou executivo sênior de banco falido.

A frase foi dita por uma parlamentar britânica do Partido Conservador, Andrea Leadsom, que é membro da comissão do Parlamento britânico que investiga o chamado "escândalo da Libor" ou "escândalo do [banco] Barclays", que vem varrendo como um tsunami os setores financeiro e político britânicos desde o fim de junho passado. O escândalo explodiu quando o banco Barclays, fundado em 1690, recebeu a multa récorde de £290 milhões (US$ 450 milhões) por tentativa de manipulação de uma taxa de juros crucial, conhecida como Libor (London Interbank Offered Rate) -- taxa interbancária de Londres, que é a taxa de juros pela qual os bancos londrinos fazem empréstimos entre si -- e de sua equivalente europeia Euribor. Há sérias suspeitas de que o Barclays seja apenas a ponta do iceberg, e de que todo o mercado financeiro britânico venha sendo manipulado desde 2005. - Se é verdade que os seres humanos são basicamente os mesmos em qualquer latitude, os banqueiros levam isso ao extremo: são gêmeos univitelinos.

A MP (Membro do Parlamento) Leadsom admitiu que os políticos têm sido "inúteis", no que se refere a chegar à verdade  por trás desse escândalo bancário. Ela foi a responsável pelos únicos momentos desconfortáveis vividos pelo principal executivo do Barclays, Bob Diamond, quando de sua inquirição na semana passada pela Comissão do Tesouro da Casa dos Comuns. Leadsom se queixou pelo fato de que os investigadores do caso não tiveram acesso a e-mails e gravações das reuniões dos principais envolvidos. Seus comentários francos levantam a suspeita de que a grande investigação parlamentar sobre esse escândalo não conseguirá descobrir toda a verdade. O primeiro-ministro David Cameron rejeitou os apelos do Partido Trabalhista para que o inquérito passasse a ser conduzido por um juiz, argumentando que esse procedimento seria demasiado longo. Vários dos MPs que questionaram Bob Diamond na semana passada pensam reconvocá-lo, porque não se contentaram com suas respostas.

Outra autoridade financeira seriamente envolvida no escândalo é o vice-presidente do Banco da Inglaterra (o Banco Central do Reino Unido), Paul Tucker, que passaria hoje pela mesma comissão de inquérito que interrogou Bob Diamond.

Mais uma vez confirma-se o velho ditado de que certas coisas acontecem até com as melhores famílias inglesas ...

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