terça-feira, 3 de julho de 2012

Mercosul, cada vez mais um saco de gatos

O Mercosul se confirma cada vez mais como uma bagunça, um saco de gatos, um tiroteio de um bando de cegos. O primeiro e principal contribuinte para esse fiasco é o Brasil, que não sabe liderar, tem medo de liderar, não tem política externa de Estado e sim de governo e de partido, é frouxo com seus vizinhos de uma maneira vergonhosa e, em assuntos externos, atua como um amador e aprendiz, substituindo a relação entre estadistas por um compadrio de baixo nível.

A operação casada para a entrada da Venezuela no Mercosul, usando-se o Paraguai como moeda de troca, é a mais recente demonstração inequívoca do estágio paleolítico daquilo que se afigura cada vez mais como um grupelho de amadores farristas do que uma associação entre países. A zorra é tamanha, que agora o Uruguai ameaça voltar atrás da decisão de admitir a Venezuela no bloco e acusa o Brasil (Dª Dilma) de tê-lo pressionado. O Brasil e a Argentina, que só se juntam em assuntos podres, responderam imediatamente que a proposta para entrada dos venezuelanos no Mercosul partiu do próprio Uruguai, via seu presidente José Mujica.

Até nesse detalhe de responder à acusação uruguaia o Brasil não se deu ao devido respeito -- pela Argentina se pronunciou, como de praxe e correto, sua chancelaria; pelo Brasil, falou nosso chanceler n° 2, Marco Aurélio Garcia, alcunhado de "assessor presidencial para assuntos internacionais", uma das inúmeras excrescências criadas por Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA), encampadas pela nossa ex-guerrilheira. Nesse ínterim, nosso chanceler n° 1, ironicamente chamado Patriota, deve ter ficado ocupado com a lubrificação da dobradiça de sua coluna dorsal, hoje um prerrequisito indispensável para quem quiser ser ministro de Relações Exteriores do governo petista. Ritual à parte, Brasil e Argentina têm mais é que enfiar suas cabeças num buraco, como avestruzes que são em política externa, para se esconder do papelão que fizeram nesse imbróglio.

Quem deve estar se deliciando com essa ópera bufa, algo em que é especialista, é o bolivariano Hugo Chávez, chamego inconteste do NPA. A Venezuela só acrescenta quantidade ao Mercosul, em termos de qualidade só serve para reduzir ainda mais o baixíssimo nível do grupo.

Enquanto isso, no Uruguai a imprensa cai de borduna no governo por causa desse charivari da admissão da Venezuela, em que o chanceler uruguaio Luis Almagro aparentemente desacredita seu presidente Mujica e diz que foi contra o ingresso venezuelano no Mercosul.

Personalidade por personalidade, o melhor que o Brasil poderia fazer para manter seu "padrão" de política externa, era anistiar (coisa que sabemos fazer como poucos) Carlinhos Cachoeira e designá-lo como Alto-Representante Geral do Mercosul em substituição ao embaixador Samuel Pinheiro Guimarães (mais conhecido como Samuca no Itamaraty), que em boa hora deixou esse cargo e, com isso, melhorou bastante a assepsia dessa área do Mercosul. No mesmo ato de nomeação de Cachoeira seria atribuída ao tal Marco Aurélio Garcia a missão pioneira de plantar batatas e criar galinhas no alto do Pico da Bandeira.

Um comentário:

  1. Caro Vasco:
    Que vergonha a nossa política(?) externa atual...
    O sintomático é o abandono da palavra Chanceler, para um cargo que já foi orgulho nacional.
    Ednardo

    ResponderExcluir