terça-feira, 31 de julho de 2012

Me engana que eu gosto: Chávez quer estreitar os "laços energéticos" com Brasil e Argentina

A entrada da Venezuela no Mercosul, apadrinhada pelo Brasil e pela Argentina e criticada pelo Uruguai, da maneira como se deu é motivo de eterna vergonha para o bloco e para nossa diplomacia -- usamos vergonhosa e covardemente o Paraguai como boi de piranha e moeda de troca, com a mesmíssima velocidade supersônica que criticamos na deposição do presidente paraguaio. O Itamaraty voltou a usar sua visão mercantilista e mercenária para justificar o apoio à Venezuela: se podemos botar mais dinheiro na burra, p'ra quê perder tempo com a democracia e rituais do Mercosul?

O Mercosul já era um blefe sem a Venezuela, agora com Hugo Chávez virou uma deprimente ópera bufa. Saiu do palco Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA), e entra o bufão Hugo Chávez -- se imaginarmos que à frente do bloco temos agora Dilma, Chávez e Cristina, com o Uruguai figurando à parte, fica patente que dessa troika dificilmente sairá algo que preste. 

Nesse domingo acompanhei um debate no Globonews Painel exatamente sobre a farsa que foi essa entrada da Venezuela no Mercosul. Os debatedores eram os embaixadores Rubens Barbosa (ex-embaixador nos EUA), Luiz Felipe Lampreia (ex-chanceler) e Antonio José Ferreira Simões, ex-embaixador em Caracas e atual subsecretário-geral da América do Sul no Itamaraty. Os dois primeiros são macacos velhos e vividos, sem dúvida questionáveis, mas muitíssimo mais experientes que o terceiro (que, por sinal, deu um show de incompetência e subserviência no debate). Com o embaixador Simões me reuni mais de uma vez, tanto em Brasília, quando chefiava o recém-criado Departamento de Energia do Itamaraty, e depois já na embaixada em Caracas. Fiquei espantadíssimo ao ver o cargo que hoje ocupa no MRE (Ministério das Relações Exteriores), repetindo a surpresa de quando o vi embaixador na Venezuela -- pelo jeito, a meritocracia não é mesmo o esporte predileto do Itamaraty ...

Além de se ter prestado ao triste papel de defensor do indefensável, Simões confirmou o que já tinha vivenciado nos encontros que tive com ele -- é absolutamente incapaz de qualquer sinal de coerência, é um espanto! Mas, suas intervenções canhestras permitiram vislumbrar detalhes nada recomendáveis e tranquilizadores da nossa política externa. Simões, por exemplo, informou que quando foi a Assunção para participar da deprimente pantomima da "consulta" às forças políticas paraguaia sobre o impeachment de Lugo, foi acompanhado não pelo nosso chanceler n° 1 (Antonio Patriota) mas pelo chanceler n° 2, Marco Aurélio Garcia, a figura bizarra escolhida pelo NPA para ser o "nosso" Richelieu ou Rasputin -- escrevo assim, bem reduzido, em respeito à inteligência e à memória dessas duas figuras históricas -- e mantido no cargo por Dª Dilma. Garcia é o guru esquerdista do PT, afagador e defensor de Chávez, Correa, Morales, e outros figuras exponencialmente negativas do cenário sul-americano -- todos, por sinal, tendo em comum o viés de volta e meia nos fazerem de gato e sapato, com o sorriso beneplácito e a aprovação de Garcia, e do Itamaraty (claro!).

Mal se abriram as cortinas do cabaré, e Chávez já deitou falação, começando por dizer que quer estreitar os "laços energéticos" com Brasil e Argentina, demonstrando mais uma vez a baixa estima que tem por nossa inteligência. Esse é o cara responsável pelo desmanche da estatal PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A.), empresa que há anos não consegue honrar seu compromisso de aportar a parcela que lhe cabe na construção da refinaria Abreu e Lima.  A novela dessa "parceria" nessa refinaria é a prova mais cabal e contundente da maneira frouxa e responsável de como os governos petistas defendem nossos interesses e nossa honra perante figuras da inexpressividade e da nocividade de um Hugo Chávez.

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