segunda-feira, 30 de julho de 2012

Aplicativos de smartphones turbinam GPS com ferramentas sociais

[O texto abaixo é da autoria de Leonardo Luís e foi publicado hoje no jornal Folha de S. Paulo.]

Navegadores de GPS convencionais costumam mostrar o trajeto mais curto, mas nem sempre exibem o mais rápido. Fatores como engarrafamentos, obras e acidentes recém-ocorridos podem ser mais relevantes para quem tem pressa do que a distância a ser percorrida.  

Um aplicativo de GPS para iOS e Android, o Waze, com cerca de 20 milhões de usuários no mundo, calcula as rotas mais rápidas com base em dados de tráfego enviados pelos próprios usuários, constantemente atualizados. Ele tende a desviar de vias em que usuários acusam tráfego intenso quando há alternativas mais viáveis.  "É o equivalente a uma Wikipédia para o trânsito", diz Uri Levine, criador do app.


Telas do aplicativo Waze -- clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Divulgação). 

O Waze, que chegou ao Brasil em junho com um mapa completo do país, é um de vários aplicativos que integram recursos sociais às funcionalidades comuns do GPS.  

Há alguns dias, foi lançado nos EUA o Twist, para iOS. Desenvolvido por Mike Belshe, um dos criadores do browser Chrome, ele é semelhante ao Glympse, app para Android, iOS e Windows Phone (fora do Windows Marketplace brasileiro, por enquanto). Com ambos os apps, o usuário compartilha com amigos o trajeto que está fazendo em tempo real. Contatos adicionados recebem por e-mail um link para ver o percurso, com uma estimativa de quando a pessoa chegará ao destino. 

Diferentemente de ferramentas como o Google Latitude (para várias plataformas) e o Find My Friends (para iOS), o Twist e o Glympse se propõem a responder não só à pergunta "onde você está?", mas também a questões como "você está vindo?" e "a que horas você vai chegar?". 

Apesar de não deixar ver a evolução do trajeto em tempo real, o Waze também permite compartilhar estimativas de chegada --e elas tendem a ser mais precisas que as do Twist e do Glympse, por considerarem o trânsito. A confiabilidade do Waze depende, no entanto, da base de usuários. No Brasil, cerca de 480 mil pessoas têm o aplicativo, metade delas na cidade de São Paulo. Em Israel, onde fica a sede do serviço, são 2 milhões. Lá, o mapa foi todo construído pelos usuários --o app desenha rotas ainda não registradas à medida que carros passam por elas. No Brasil, para acelerar a adesão, o Waze gerou mapas em parceria com a empresa de mapas digitais Multispectral. 

Assim como alguns aparelhos de GPS convencionais, o Waze pode enviar alertas sobre radares, e usuários podem avisar sobre a presença de policiamento.  Nesse sentido, ele é menos completo do que o Trapster, app com mais de 16 milhões de usuários no mundo todo cujo foco são alertas do tipo. O Trapster (para iOS, Android e Windows Phone) tem em seu registro quase 6 milhões de radares em diversos países. Outros 21 tipos de alertas são possíveis, como avisar sobre um animal morto na pista. "É uma versão high-tech da piscada de faróis para aletar sobre incidentes", diz o site do aplicativo. 

 Mão na roda - clique na imagem para ampliá-la -- (Ilustração: Folha de S. Paulo).

CORRIDA: APPS X GPS

Deixamos a sede da Folha, no centro de São Paulo, às 16h29 de uma quarta-feira, com destino a um endereço na Vila Sônia (zona sul), em carros diferentes. Um deles seguia o percurso recomendado pelo Google Maps e pelo aparelho de GPS do motorista. O outro era ajudado pelos apps Trapster e Waze.  Logo no começo, uma esperteza do Waze: ele sugeriu que fugíssemos da rua da Consolação, que estava com tráfego intenso, e déssemos a volta pela marginal Tietê. 

O percurso sugerido seria de 24 km, cerca de 11 km a mais que a rota pela Consolação, mas menos demorado. Chegaríamos ao destino às 17h20, dizia o Waze.  O Trapster, que não sugere rotas, só endossava os dados do Waze sobre a intensidade do tráfego. Ele apontava corretamente a presença da maioria dos radares. O Waze deixava passar quase todos. 

Usamos também apps para compartilhar na web o percurso em tempo real: o Glympse para o carro que fazia a rota do Waze e o Twist para o outro. Ambos faziam previsões pouco realistas do tempo de viagem --diziam que ela demoraria menos de 30 minutos.  O Waze estimou que a viagem do carro conduzido por suas sugestões levaria 51 minutos. Ela levou 53. O carro sem os aplicativos chegou 15 minutos depois, às 17h37.

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