sexta-feira, 25 de maio de 2012

Voto secreto, a opção covarde do Congresso Nacional

Segundo O Globo de ontem, o senador Demóstenes Torres já contaria com 30 dos 41 votos de que precisa no Senado para não ter seu mandato cassado. Como se explica e justifica esse vislumbre de salvamento para um político que foi visceralmente exposto em público em toda a extensão de sua decrepitude moral e ética? Como pode ser absolvido um senador da República tutelado e pautado por um contraventor, a quem trata por "professor" (e é por ele chamado de "doutor"), a quem avisa previamente de iniciativas no Legislativo e no Judiciário, em andamento ou por vir, que possam prejudicá-lo e com quem se enreda no mais puro estilo da bandidagem e da marginalidade?! Que vilipendia o mandato com um comportamento de absoluta excrescência em termos morais e éticos?!

As explicações para isso são várias, todas nauseabundas e abjetas, mas há uma que, a meu ver, sintetiza todas as demais: a existência, nas duas casas do Congresso, de uma instituição abominável e ignóbil chamada "voto secreto". Quem se esconde por detrás desse tipo de voto? Os pusilânimes, os frouxos de espírito e caráter, os marginais da cidadania. É com esse tipo de voto desse tipo de gentalha que conta o senador Demóstenes quando a votação sobre sua cassação for a plenário, porque na Comissão de Ética do Senado sua condenação já se evidenciou.

Com a votação secreta nivelam-se por baixo os parlamentares, o Legislativo se comporta ostensivamente como uma quadrilha, um bando, a marginália, e a Casa que representam se reveste ética e moralmente de um clima que ofende profundamente o olfato, mareja os olhos, agride o estômago, constrange irremediavelmente o espírito e enxovalha os princípios de tudo que possa ser decente.

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