quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Nokia mostra smartphone com câmera de 41 MP

O texto abaixo é da autoria de Camilo Rocha e foi publicado no dia 27/02/12 no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.

O título acima não está errado: a Nokia anunciou um smartphone com uma câmera com sensor de 41 MP. Um aparelho do tipo era esperado, mas o número de megapixels surpreendeu a todos. Chamado Nokia 808 PureView, ele foi apresentado na Mobile World Congress, em Barcelona, nesta segunda-feira, 27, durante a concorrida coletiva da empresa.

Segundo informações da coletiva, o alto poder de captura de luz do sensor permite fotos detalhadas e nítidas em diferentes resoluções: 5 MP, 8 MP e até 38 MP (mas não em 41 MP; os pixels do sensor na verdade ajudam a compor os pixels da imagem final, em menor quantidade). A lente do aparelho vem com a conhecida grife Carl Zeiss. A Nokia garante que o smartphone produz fotos com qualidade profissional. Para exemplificar, os telões mostraram uma imagem com ótima resolução. Acontecia então um zoom out, com o olhar se distanciando da imagem inicial e revelando que era apenas um detalhe de uma imagem bem maior.

O smartphone, que vem com sistema operacional Symbian (a empresa aproveitou para confirmar a continuidade do sistema, contrariando especulações de que estaria com os dias contados), oferece também áudio de qualidade com o sistema dolby 5.1 surround sound (usado em cinema e home theaters). A qualidade do som e da distribuição pelos seis canais também foi demonstrada na coletiva com resultado impressionante.

A coletiva da Nokia apresentou ainda as versões globais da série Lumia, como o 610, 710, 800 e 900, todos com Windows Phone, e a série Asha, mais barata e focada em trazer consumidores de países emergentes para o consumo de dados no celular (“quase um smartphone”, nas palavras do CEO da empresa, Stephen Elop).

(Foto: Divulgação).

iPad 3 deve ser apresentado no dia 7

O texto abaixo é da autoria de Carla Peralva e foi publicado ontem no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.

A Apple convocou a imprensa para um evento para a próxima quarta-feira, dia 7, em um centro de exposições em São Francisco. O convite enviado aos jornalistas diz apenas: “Nós temos algo que você realmente precisa ver. E tocar”. Na imagem, um iPad, o que sugere que o evento seja realmente o lançamento da nova geração do tablet da empresa. O texto do convite — “algo que você realmente precisa ver” — deu mais força às especulações de que o novo aparelho terá tela com a tecnologia “retina”, com quatro vezes mais pixels que a atual.

Foto: Reprodução

Mais cedo nesta terça-feira, 28, a CNBC foi a primeira a apontar que a Apple estaria efetivamente planejando lançar seu novo tablet em março, conforme já se especulava. Pelo Twitter, a rede americana informou que, segundo fontes anônimas, o iPad 3 seria lançado no dia 7 em Nova York. A CNBC disse também que o aparelho terá processador quad-core (de quatro núcleos) e suporte à rede 4G, rumores que vieram ganhando força nos últimos meses.

No início do mês, o All Things Digital acertou ao afirmar que o evento aconteceria no Yerba Buena Center for the Arts, local preferido pela Apple para anunciar novos produtos. Não há previsão de quando o novo tablet começará a ser vendido. No caso do iPad 2, passaram-se sete dias entre o anúncio e a  chegada às lojas. [No entanto, o site The Slatest diz que há especulações sobre o início das vendas do iPad 3 em meados de março.]

Interpol prende 25 hackers do Anonymous

A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) confirmou nesta terça-feira, 28, que prendeu 25 hackers suspeitos de pertencer ao grupo Anonymous nos últimos dias em quatro países. As detenções aconteceram em uma operação internacional que começou neste mês motivada por uma onda de ataques informáticos procedentes de Argentina, Chile, Colômbia e Espanha, afirmou a organização em comunicado.

Os ataques tiveram como alvo os sites do Ministério da Defesa colombiano e da presidência do país, assim como a companhia Endesa no Chile e sua Biblioteca Nacional, entre outros. “A operação foi realizada por agentes nacionais de Argentina, Chile, Colômbia e Espanha, sob a égide do Grupo Interpol da América Latina”, acrescentou.

Os agentes apreenderam 250 equipamentos informáticos e telefones celulares nos registros de 40 locais em 15 cidades, além de cartões de crédito e quantidades de dinheiro que, segundo os investigadores, servia para financiar as atividades ilícitas dos hackers. “Esta operação demonstra que a delinquência no mundo virtual tem consequências reais para as pessoas envolvidas e que internet não pode ser vista como um refúgio seguro para a atividade criminosa”, declarou o diretor-executivo interino de serviços policiais da Interpol, Bernd Rossbach.

Médico testa nova teoria sobre eficácia de 3 minutos de exercícios semanais

O texto abaixo é da autoria do Dr. Michael Mosley e foi publicado hoje pela BBC Brasil.

Sessões semanais de exercícios intensos, com duração de apenas alguns minutos cada uma, seriam suficientes para que você obtenha muitos dos benefícios obtidos com horas de ginástica convencional, segundo concluíram estudos recentes. Mas esses efeitos benéficos sobre a sua saúde e forma física são condicionais à sua configuração genética, ou seja, os especialistas dizem que apenas indivíduos com determinados genes conseguem se beneficiar do programa.

Quando li pela primeira vez estudos que diziam que eu poderia melhorar minha forma física de maneira significativa e mensurável fazendo apenas três minutos de exercícios intensos por semana, fiquei incrédulo. Mas essa alegação aparentemente absurda tem como base muitos anos de pesquisas feitas em vários países, incluindo a Grã-Bretanha. Resolvi testar a teoria.

HIT

O especialista que me acompanhou durante o experimento é Jamie Timmons, professor de Biologia do Envelhecimento na Birmingham University, em Birmingham, na Inglaterra. O programa de exercícios chama-se High Intensity Training (Treinamento de Alta Intensidade ou HIT, na sigla em inglês).

Timmons me assegurou de que fazendo apenas três minutos de HIT por semana durante quatro semanas consecutivas eu notaria mudanças sensíveis em vários indicadores da minha saúde. O primeiro indicador - e o que mais me interessava - era a minha sensibilidade à insulina. A insulina remove o açúcar do sangue e controla a gordura no organismo. Quando ela deixa de produzir efeito, você fica diabético. Meu pai era diabético e morreu por complicações decorrentes da doença.

Timmons foi enfático. Segundo ele, pesquisas feitas por vários centros mostram que três minutos de HIT por semana produzem uma melhoria de em média 24% na sensibilidade da pessoa à insulina.

De acordo com o especialista, a segunda melhoria que eu provavelmente notaria seria um aumento na minha resistência aeróbica - medida da capacidade dos pulmões e do coração de bombear oxigênio pelo seu corpo. A resistência aeróbica é considerada um excelente indicador da saúde futura de uma pessoa, embora os especialistas não saibam explicar porque. "O que se sabe é que trata-se de um indicador muito poderoso da sua saúde futura", disse Timmons.

Teste genético

Então, se eu conseguisse melhorar minha sensibilidade à insulina e minha resistência aeróbica, minha saúde de maneira geral ficaria melhor. Mas Timmons disse que existia um probleminha em potencial. Segundo ele, havia uma pequena chance de que eu não apresentasse melhoras na minha saúde. Não porque o programa HIT não funcione, mas por causa da minha herança genética.

Cada pessoa reage a exercícios de forma diferente. Em um estudo internacional feito com mil pessoas, pesquisadores pediram a participantes que fizessem quatro horas de exercícios por semana durante 20 semanas consecutivas. A resistência aeróbica dos voluntários foi medida antes e depois do programa de exercícios. Os resultados foram impressionantes. Embora 15% das pessoas tenham conseguido grandes avanços, 20% não apresentaram qualquer melhoria.

Os pesquisadores disseram que não havia indícios de que o grupo que não obteve avanços não tivesse se exercitado adequadamente. A equipe concluiu que o exercício simplesmente não produziu efeitos sobre a resistência aeróbica daquele grupo. Timmons e seus colaboradores investigaram as razões por trás dessas respostas variadas e descobriram que muitas das diferenças podem ser relacionadas a um pequeno grupo de genes. Com base nessa descoberta, eles desenvolveram um teste genético para prever quem tem mais chances de responder bem ao programa e quem não tem.

Fui convidado a fazer o teste, mas para evitar que minha resposta ao programa de exercícios fosse influenciada, Timmons só revelaria os resultados do teste genético após eu completar o meu programa de HIT. Concordei. Foi colhida uma amostra do meu sangue. Também fui submetido a alguns outros testes para avaliar como estava minha aptidão física antes de começar o programa. Depois, comecei meu HIT.

A todo vapor

Na verdade, HIT é muito simples. Você monta em uma bicicleta ergométrica, se aquece fazendo exercícios moderados por dois minutos, depois pedala a toda velocidade - o mais rápido possível - por 20 segundos. Nova sessão pedalando por dois minutos para recuperar o fôlego e, depois, outros 20 segundos pedalando com força máxima. Uma terceira sessão de dois minutos pedalando moderadamente e mais 20 segundos a todo vapor. Pronto, está encerrada a sessão semanal de HIT.

Mas como é que o HIT funciona? Timmons e outros pesquisadores com quem conversei acham que provavelmente esse tipo de exercício usa muito mais tecido muscular do que exercícios aeróbicos convencionais. Quando você faz HIT, não está usando apenas os músculos da perna, mas também do parte superior do corpo, incluindo os braços e ombros. Como resultado, 80% das células musculares do organismo são ativadas em comparação a exercícios como andar, correr ou andar de bicicleta moderadamente - onde estariam sendo ativadas de 20% a 40% das células musculares.

Exercícios também parecem ser necessários para quebrar os estoques de glicose do organismo. Eles ficam armazenados na forma de uma substância chamada glicogênio. Se você destrói esses estoques, abre espaço para mais glicose que é retirada do sangue e armazenada.

Um tanto quando cético, segui o programa de HIT durante quatro semanas, fazendo um total de 12 minutos de exercício intenso e 36 minutos de exercício moderado nesse período. Depois, voltei ao laboratório para ser submetido a novos testes.

Os resultados foram ambíguos. Minha sensibilidade à insulina melhorou significativamente - 24% - o que me deixou muito satisfeito. Mas minha resistência aeróbica não melhorou. Fiquei decepcionado, mas Timmons não se surpreendeu. É que o exame genético que haviam feito em mim tinha revelado que eu não responderia aos exercícios. Não importa quanto exercício eu tivesse feito, ou que tipo. Minha resistência aeróbica não teria melhorado.

Vou continuar a fazer o HIT porque consigo ver os benefícios. O programa não é adequado a qualquer pessoa porque, embora seja curto, é extremamente intenso. Antes de tentar qualquer novo programa de exercícios, especialmente se você sofre de algum problema físico, consulte seu médico.

O médico Michael Mosley apresentou o programa Horizon: The Truth About Exercise, transmitido pela BBC na Grã-Bretanha no dia 28 de fevereiro.

  Atividades de curta duração beneficiariam pessoas de determinada configuração genética - (Foto: BBC Brasil).



 Regime de exercícios intensos não alterou a resistência aeróbica de Mosley -- (Foto: BBC Brasil).


Microsoft apresenta o Windows 8 para teste

A Microsoft lança nesta quarta-feira, 29, a primeira versão de teste aberto do Windows 8, dando ao público a primeira oportunidade de testar o sistema operacional enxuto e reformulado por meio do qual a empresa espera restaurar a supremacia que vem perdendo no setor de tecnologia.

O Windows 8, primeiro sistema operacional Windows compatível com os microprocessadores de menor consumo de energia projetados pela ARM Holdings, poderá ser usado em tablets, além de computadores pessoais e laptops. “O sistema operacional começou a ser visto, em larga medida, como irrelevante”, disse Sid Parakh, analista da administradora de fundos McAdams Wright Ragen, que detém ações da Microsoft. “Esse é um lançamento que terá de provar novamente sua relevância”.

Tablets, smartphones e computação em nuvem tornaram a visão de Bill Gates de “um computador em cada mesa e cada casa” uma ideia antiquada, enquanto Apple, Google e Amazon.com ditam a atual agenda para o setor de computação. Ainda assim, todos os novos e poderosos aparelhos dessas empresas precisam de software operacional básico, e a Microsoft está apostando que ainda reste espaço considerável para o Windows.

+ Clique aqui para baixar o novo sistema operacional para teste

“O grande incremento é que será viável para a plataforma ARM, permitindo uso no formato tablet – isso dá importância ao lançamento”, disse Dan Hanson, administrador de carteiras da BlackRock, que controla 5% das ações da Microsoft em seus diversos fundos. “A Microsoft identificou corretamente a relevância do formato tablet há mais de uma década. O novo sistema operacional pode permitir que enfim coloque suas ideias em prática”, disse.

O produto. O Windows 8 terá duas versões principais: uma que funciona com os chips tradicionais da linhagem x86, fabricados pela Intel para computadores pessoais e laptops, e uma nova versão para microprocessadores ARM, que se tornaram o padrão para tablets, smartphones e outros aparelhos portáteis. A Microsoft afirmou que planeja levar ao mercado, ao mesmo tempo, máquinas acionadas pelas versões ARM e Intel, mas ainda não definiu uma data.

Em ambas versões, o Windows 8 apresenta uma interface completamente nova, emprestada do que a Microsoft define como estilo “Metro” de seu mais recente software Windows Phone. Isso envolve blocos ou “pastilhas” que podem ser movimentadas na tela ou pressionadas para acionar aplicativos diretamente. As pastilhas se atualizam em tempo real e, com isso, o usuário poderá verificar de imediato seus e-mails, mensagens de voz e notificações do Facebook. Se os usuários de PCs e laptops não apreciarem o novo formato, podem voltar ao estilo antigo com um simples comando de mouse.

A chave para qualquer software operacional -seja o Apple iOS usado nos iPhones e iPads, o Google Android usado em smartphones ou o Windows- é atrair a adesão dos programadores que criam aplicativos e, quanto a isso, o Windows 8 está começando bem. “O maior obstáculo de nossos projetistas é tentar acatar o espírito dos usuários do Metro, para os quais menos significa mais”, disse Paul Murphy, diretor de desenvolvimento de negócios da Aviary, produtora de uma ferramenta fotográfica que pode ser integrada a aplicativos iOS e Android. “Isso era um desafio, e continua sendo, mas acredito que depois de uns dois meses de experiência eles comecem a gostar da ideia e apreciem a simplicidade do design”.

Muita coisa em jogo. Mesmo que o Windows 8 obtenha imenso sucesso, ele pode se provar menos lucrativo para a Microsoft que seus predecessores, simplesmente porque a companhia não poderá cobrar tanto por software para um tablet de US$ 400 quanto cobrava pelo sistema que acionava um computador pessoal de US$ 1.500. O preço médio do Windows para computadores pessoais é de cerca de US$ 80 hoje, mas no caso dos tablets deve ficar em apenas metade desse valor, segundo analistas da Sanford C Bernstein.

Wall Street antecipa alta nas vendas do Windows por pelo menos 12 meses a partir do lançamento, considerando a intensa demanda por tablets, mas não prevê uma disparada semelhante à do Windows 7. Analistas estimam que o lucro por ação da Microsoft suba em 12 por cento ao ano nos dois próximos anos fiscais, o que supera a projeção de crescimento zero para este ano, em função da estagnação nas vendas de computadores. “Os próximos quatro a seis trimestres serão extremamente importantes para a Microsoft”, disse Parakh. “Eles precisam provar que tem um produto competitivo não só para computadores pessoais e laptops mas para tablets e até celulares. Essa é a oportunidade deles”.


 O novo sistema operacional do Windows 8 está adaptado para uso também em tablets e smartphones - (Foto: Divulgação).

Cresce taxa de desemprego no país

A taxa de desemprego no conjunto das sete regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade e pelo Dieese subiu para 9,5% em janeiro ante 9,1% em dezembro. Em janeiro de 2011, a taxa de desemprego estava em 10,4%. No mês passado, o contingente de desempregados foi estimado em 2,111 milhões de pessoas, 104 mil a mais que em dezembro. A pesquisa é feita nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal.

O rendimento médio real dos ocupados subiu 0,4% em dezembro ante novembro e passou a valer R$ 1.458,00. Em relação a dezembro de 2010, o rendimento caiu 1,2%. A massa de rendimento dos ocupados aumentou 0,9% em dezembro ante novembro e ficou praticamente estável em relação a dezembro de 2010, com variação de 0,2%.

A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu para 9,6% em janeiro ante 9% em dezembro. Em janeiro de 2011, o desemprego estava em 10,5%. No mês passado, o contingente de desempregados foi estimado em 1,037 milhão de pessoas, 69 mil a mais que em dezembro.

O rendimento médio real dos ocupados na região metropolitana de São Paulo cresceu 0,6% em dezembro na comparação com novembro e passou a valer R$ 1.591,00. Em relação a dezembro de 2010, o rendimento médio real dos ocupados caiu 1,9%. A massa de rendimento dos ocupados subiu 0,6% em dezembro ante novembro, mas caiu 0,9% ante dezembro de 2010.

Sessões do STF, um programa controvertido da TV brasileira

As sessões televisadas do STF (Supremo Tribunal Federal) são, quase que infalivelmente, um santo remédio para quem tem insônia, crônica ou não. Psicólogos, sociólogos, linguistas e outros que tais devem se fartar com aquele desfilar de egos e vaidades, aquela irremovível e pétrea aversão à síntese, aquela manipulação quase obscena de verbetes e expressões, no vernáculo ou em latim. A esse respeito, o Globo publicou ontem (28/02/12) um texto interessante do historiador Marco Antonio Villa, que o reproduziu também em seu blogue. Não concordo sempre com o que esse cidadão diz, mas esse texto me pareceu digno de leitura, por isso o transcrevo integralmente a seguir.

É, leitor, cabe rir

Marco Antonio Villa (O Globo, 28/02/12)

Foi-se o tempo em que o Judiciário era o poder menos conhecido da República. Que seu funcionamento e suas mazelas eram assuntos que somente interessavam aos profissionais do Direito. Hoje - e é um fato extremamente positivo - comenta-se sobre a Justiça em qualquer lugar. Porém, pouco se fala sobre a luta travada no interior do Judiciário. Os privilégios denunciados e comprovados estão restritos a uma pequena parcela dos magistrados e funcionários. Nos juizados de primeira instância, os juízes trabalham muito, sem a mínima estrutura operacional e o número de funcionários é insuficiente para o bom andamento dos trabalhos. E estão, até hoje, aguardando receber as "vantagens eventuais", espécie de mais-valia macunaímica. Muitos reclamam que suas sentenças condenatórias são reformadas nas cortes superiores, lançando por terra todo o trabalho realizado, além de jogar água no moinho da impunidade.

Em meio a este saudável debate, o Supremo Tribunal Federal se destaca. Suas sessões são acompanhadas pela televisão como se fosse um reality show. Os ministros adoram o som da própria voz. Os votos são intermináveis. A maior parte da argumentação poderia ser resumida em poucas páginas. Pior só o regimento interno. O parágrafo único do artigo 16 reza que os ministros "receberão o tratamento de Excelência, conservando os títulos e as as honras correspondentes, mesmo após a aposentadoria". É inacreditável. O STF não deve ter recebido a notícia que a República foi proclamada em 1889. Acredita que a denominação de ministro é um título nobiliárquico.


Um bom exemplo de como funciona aquela Corte foi a apreciação da contestação da Associação dos Magistrados Brasileiros acerca das atribuições do Conselho Nacional de Justiça. A derrota da AMB foi saudada como uma grande vitória. Foi ignorado o placar apertadíssimo da decisão: 6 a 5. E que o presidente do STF, Cezar Peluso, foi um dos vencidos (e quem assistiu a sessão deve ter ficado horrorizado com as suas constantes intervenções, atropelando falas de outros ministros, e esquecendo-se que era o presidente, e não parte ativa do debate). [Não sei se é devido à vertigem do posto, causada ou reforçada pela altura destacada do tablado da cadeira do presidente do STF, mas o fato é que ninguém que ali se sentou teve até agora comportamento condizente com a função de "presidir" uma pensão -- Nelson Jobim, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, e outros, invariavelmente foram -- ou têm sido -- deselegantes, exibicionistas e impertinentes, intervindo descarada e abusivamente nas manifestações de seus pares.] É sabido que Peluso também é o presidente do CNJ e adversário figadal da corregedora, ministra Eliana Calmon. Quase um mês depois da "vitória democrática", nada mudou. O STF ainda não resolveu várias pendências envolvendo a decisão, o que, na prática, pode retirar os instrumentos investigatórios do CNJ.

O STF condensa os defeitos do Judiciário. O relatório das atividades de 2011 serve como um bom exemplo. Diferentemente do ano anterior, neste, Peluso deixou de lado o culto da personalidade. Só pôs uma foto, o que, para os seus padrões, é um enorme progresso. Porém, cometeu alguns equívocos. Como um Dr. Pangloss nativo, considerou a ação do Judiciário marcada pela "celeridade, eficiência e modernização". Entusiasmado, escreveu duas introduções, uma delas, curiosamente, intitulada "visão de futuro". Nesta "visão", encerrou o texto com uma conclamação política, confusa, desnecessária e descabida para uma Suprema Corte: "O Poder Judiciário já não precisará lidar com uma sobrecarga insuportável de processos, em todas as latitudes do seu aparato burocrático, e poderá ampliar e intensificar sua valorosa contribuição ao desenvolvimento virtuoso da nação, entendido não apenas como progresso econômico, mas como avanço social, educacional e cultural, necessários à emancipação da sociedade em todos os planos das potencialidades humanas".


A leitura do relatório, confesso, causa um certo mal-estar. Por que tantas fotografias do prédio do STF? Falta o que dizer? Quando se espera informações precisas, o leitor é surpreendido por esquecimentos. Um deles é sobre o número de funcionários. Segundo o relatório, o tribunal tem como "força de trabalho disponível" 1.119 funcionários. Foram omitidos os terceirizados: "apenas" 1.305 trabalhadores! Também chama a atenção que entre as 102 mil decisões daquela Corte, 89.074 foram, apesar de possíveis e previstas no regimento interno (que deveria ser modificado), monocráticas, de um só ministro (87%), das quais 36.754 couberam exclusivamente ao presidente.

Mais estranhas são afirmações, como as do ministro Marco Aurélio. Disse no programa "Roda Viva", da TV Cultura, que julgou, em 2011, 8.700 processos. Isso mesmo: 8.700 processos. Podemos supor que metade tenha sido julgada no mérito. Sobraram 4.350. Vamos imaginar, com benevolência, que cada processo tenha em média 500 folhas. Portanto, o ministro teve de ler 2.175.000 páginas. Se excluirmos férias forenses (e haja férias!), os finais de semana, os feriados prolongados, as licenças médicas, as viagens internacionais, as sessões plenárias, o ministro deve ter ficado com uns quatro meses para se dedicar a estes processos. Em 120 dias, portanto, teve de ler, em média, 18.125 páginas. Imaginando que tenha trabalhado 14 horas diárias leu, por hora, 1.294 páginas, das quais 21 por minuto, número invejável, digno de um curso de leitura superdinâmica. E de olhos de lince (pensei até em recomendar este "método" ao ministro Ricardo Lewandowski, que declarou ter dificuldade de ler as 600 páginas com depoimentos sobre o processo do mensalão). 

É, leitor, cabe rir. Fazer o quê? Mas fique tranquilo e encha o peito de ufanismo. Li no relatório do STF está levando sua experiência aos encontros internacionais "para emitir parecer sobre aspectos eleitorais da Albânia, serviço alternativo e regime jurídico do estado de emergência da Armênia", sem esquecer ös partidod políticos do Azerbaijão". 




 


EUA cancelam compra de aviões Super Tucano da Embraer

A novela da compra de aviões Super Tucano pelos EUA teve mais um capítulo, que pode ser o derradeiro, com o cancelamento da compra pelo governo americano, como informa a reportagem (reproduzida abaixo) publicada ontem pela Folha de S. Paulo.

A Embraer informou nesta terça-feira que lamenta o cancelamento do contrato de fornecimento de 20 aviões Super Tucano à Força Aérea dos Estados Undidos e que cumpriu as exigências feitas pelo país. Os EUA cancelaram o negócio, de US$ 355 milhões, citando problemas com a documentação. [Desculpa esfarrapada e ridícula -- não dá p'ra acreditar que a decisão de compra de aviões militares por um país como os EUA tenha sido feita com base em documentação errada ou incompleta. Sintomaticamente, essa "falha" de documentação só foi anunciada depois que a concorrente americana da Embraer entrou na justiça contra o resultado da concorrência, que deu vitória à Embraer. É sempre bom lembrar que os EUA vetaram a venda desse mesmo avião à Venezuela e à Colômbia sob a alegação de que ele está equipado com tecnologia americana -- praticamente toda a aviônica do Super Tucano seria americana.]

"Junto com sua parceira nos Estados Unidos, Sierra Nevada Corporation (SNC), a Embraer participou do referido processo de seleção disponibilizando, sem exceção e no prazo próprio, toda a documentação requerida", disse a empresa. Segundo nota da companhia brasileira, a decisão a favor do Super Tucano, divulgada pela Força Aérea Americana no dia 30 de dezembro, foi "uma escolha pelo melhor produto, com desempenho em ação já comprovado e capaz de atender com maior eficiência às demandas apresentadas pelo cliente". "A Embraer permanece firme em seu propósito de oferecer a melhor solução para a Força Aérea dos Estados Unidos e aguardará mais esclarecimentos sobre o assunto para, junto com sua parceira SNC, decidir os próximos passos", diz a nota.

O caso

A Força Aérea americana disse que vai investigar e refazer a licitação, que também está sendo contestada na Justiça dos EUA pela norte-americana Hawker Beechcraft após sua aeronave AT-6 ser excluída da competição --o que levou o negócio a ser suspenso no começo de janeiro. O contrato havia sido concedido pela Força Aérea dos EUA para a Embraer e a parceira Sierra Nevada Corp.

No ocasião, a Força Aérea havia dito que acreditava que a competição e a avaliação para seleção do fornecedor tinham sido justas, abertas e transparentes. Hoje, porém, mudou o tom.  "Apesar de buscarmos a perfeição, nós às vezes não atingimos nosso objetivo, e quando fazemos isso temos que adotar medidas de correção", disse nesta terça-feira o secretário da Força Aérea, Michael Donley, em comunicado. "Uma vez que a compra ainda está em litígio, eu somente posso dizer que o principal executivo de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor". O comandante da área de materiais da Força Aérea dos Estados Unidos, Donald Hoffman, ordenou uma investigação sobre a situação, afirmou o porta-voz da Força Aérea.

O contrato, em negociação há um ano, gerou resistências, principalmente entre congressistas do Kansas, Estado-sede da Hawker. Pedidos de investigação internacional para apurar eventual subsídio do Brasil à Embraer chegou a ser cogitado.  A avaliação é que um contrato dessa magnitude (em momento de crise econômica) e um setor tão sensível não podem chegar às mãos de uma empresa estrangeira.

Pacote de serviços

O negócio havia sido anunciado no final de 2011 e incluía, além do fornecimento das aeronaves, um pacote de serviços, como treinamento de mecânicos e pilotos responsáveis pela operação do avião. Pelo contrato, a Embraer teria 60 meses para entregar esse primeiro lote, prazo que começaria a contar já neste mês. O primeiro avião teria de ser entregue em 2013.

A unidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), produziria grande parte do avião. A montagem final seria feita nos EUA.  A companhia mantinha expectativas de vender mais 35 aviões, o que poderia elevar o contrato à cifra de US$ 950 milhões.

Defesa

O fornecimento das 20 unidades do A-29 Super Tucano era o primeiro contrato da Embraer com a Defesa americana. Quando anunciou o contrato, a Embraer disse que o negócio seria "uma grande vitrine". "Esse é o primeiro contrato com a Força Aérea dos EUA. Esse é um item sensível no maior mercado de defesa do mundo. Muitos países vão olhar isso", disse na ocasião Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança.

Com esse pedido, a Embraer alcançaria 200 encomendas do modelo Super Tucano (desenvolvido pela FAB em 1995 e exportado para vários países do mundo). Apenas 40 precisam ainda ser entregues, mas esse número inclui o pedido que havia sido feito pela Força Aérea americana.  O A-29 Super Tucano, projetado para missões de contra-insurgência, atualmente é empregado por seis forças aéreas e possui encomendas de outras, segundo a Embraer.

De acordo com a licitação, as aeronaves da Embraer seriam utilizadas para treinamento avançado em voo, reconhecimento e operações de apoio aéreo no Afeganistão. 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Depósito milionário para ex-vice do BB é investigado

O ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Toledo, que até dezembro ocupava uma das áreas mais importantes da instituição, está sendo investigado por ter recebido quase R$ 1 milhão numa conta bancária no ano passado, informa reportagem de Andreza Matais, publicada na Folha desta terça-feira.

Toledo foi exonerado do banco depois de ser identificado pelo governo como participante de um movimento cujo objetivo seria desestabilizar o presidente do banco, Aldemir Bendine, e ficar com seu cargo, como revelou a coluna "Painel" da Folha.

O BB abriu sindicância para apurar o caso por suspeita de lavagem de dinheiro, notificou a Polícia Federal e trocou informações sobre o caso com ela.  Toledo era vice-presidente da área de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking do banco. A investigação só teve início após a demissão de Toledo pela instituição e teve como origem relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), do Ministério da Fazenda, sobre a movimentação bancária de Toledo no ano passado.

O executivo abriu uma conta no Banco do Brasil em janeiro de 2011 e recebeu cinco depósitos mensais no valor total de R$ 953 mil. O dinheiro foi transferido para a conta dele pela aposentada Liu Mara Fosca Zey, de 70 anos. Antes de fazer as transferências para a conta de Toledo, Zerey recebeu um depósito de R$ 1 milhão numa conta que até então havia movimentado apenas para receber o dinheiro da aposentadoria. Quem depositou o dinheiro na conta da aposentada foi o empresário Wanderley Mantovani, que atua em diversos segmentos e é sócio do dono do frigorífico Marfrig, Marcos Molina, numa usina de biodiesel, a Biocamp.

Mantovani afirma que comprou uma casa da aposentada, mas não existe registro oficial da transação em cartório. Toledo diz que atuou no negócio como procurador da aposentada, e por isso movimentou o dinheiro em sua conta bancária pessoal.

O Marfrig recebeu nos últimos anos vários empréstimos do BB. O irmão do ex-vice-presidente do BB, Alex Toledo, é gerente de comunicação e marketing do Marfrig. [Que feliz conjunção de interesses, hem?]

Com 30 anos de carreira no BB, Toledo é o primeiro vice-presidente exonerado na história recente do banco. A história do depósito na conta bancária dele  está cheia de furos e contradições. Ele afirma que o dinheiro é proveniente da venda de uma casa da aposentada, mas não existe registro dessa venda em cartório e uma certidão da Prefeitura de São Paulo mostra que a casa continua em nome da aposentada, que continua vivendo no imóvel um ano e meio depois da alegada transação.


Toledo afirmou que só conheceu o comprador do imóvel, Wanderley Mantovani, durante a transação, mas Mantovani afirmou que tem "relação de amizade" com o ex-dirigente do BB há pelo menos três anos.

Disputa política

A exoneração de Toledo ocorreu em meio a uma disputa política que envolve a cúpula do BB e a Previ, o poderoso fundo de pensão dos funcionários da instituição. O presidente do BB, Bendine, homem de confiança do ministro da Fazenda, Guido Mantega, acusa o presidente da Previ, Ricardo Flores, de conspirar para derrubá-lo. O grupo de Flores diz que o presidente do BB quer um aliado em sua cadeira para ter influência no destino dos recursos do fundo de pensão.

Um dos indícios detectados pela cúpula do banco de que havia um movimento para derrubar Bendine no ano passado foi o vazamento para a imprensa de informações sobre a compra do Banco Postal pelo BB, um negócio bilionário concluído em 2011. Uma reportagem da revista Época sugeriu que o negócio teria sido mal conduzido por Bendine, e seus amigos enxergaram o dedo de Toledo no material publicado.

Poucos executivos do Banco do Brasil tinham informações sobre a transação. Toledo, que se aproximou de Flores nos últimos meses, era o vice-presidente mais bem informado sobre o assunto e por isso as suspeitas recaíram sobre ele. Toledo nega ter participado no vazamento.

 

MP quer retirar dicionário Houaiss de circulação

O Ministério Público Federal quer retirar de circulação exemplares do dicionário Houaiss, sob alegação de que a obra contém "referências preconceituosas" e "racistas" contra ciganos. Entre os significados para a palavra "cigano" contidos em versões eletrônicas do Houaiss que a Folha consultou consta como "uso pejorativo" do termo: "aquele que faz barganha", "esperto ao negociar" e "apegado ao dinheiro, agiota, sovina".

A ação proposta pela Procuradoria em Uberlândia (MG) partiu de representação de morador da cidade de origem cigana.  "Ao se ler em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a nomenclatura cigano significa aquele que trapaceia, [...] ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, [...] fica claro o caráter discriminatório", afirmou o Ministério Público na ação.

A Procuradoria informou que a editora Objetiva se negou a atender pedido para retirada dos "termos pejorativos", sob a alegação de que apenas edita a obra, que é de responsabilidade do Instituto Antônio Houaiss.  As editoras Globo e Melhoramentos, que também editam dicionários com definições semelhantes, atenderam às solicitações feitas, segundo a Procuradoria.

A ação pede a supressão dos termos e o pagamento, pela editora e pelo instituto, de R$ 200 mil de indenização por dano moral coletivo.  Segundo a Procuradoria, a significação atribuída pelo Houaiss violaria o artigo 20 da Lei 7.716/89, que tipifica o crime de racismo. No Brasil, segundo o Ministério Público, são mais de 600 mil pessoas ligadas aos ciganos.

O Instituto Antônio Houaiss informou que a única pessoa que pode falar sobre a questão, o diretor Mauro Villar, está fora do país.

[Essa ação do MP mineiro parece mais um quadro do extinto programa humorístico Casseta e Planeta, do que uma tentativa  realmente séria e bem intencionada de se reparar uma possível injustiça. É mais um ato de picadeiro do nosso judiciário. É inconcebível que, em pleno século 21, exista ainda alguém que não saiba e entenda o que é um dicionário. É inaceitável que alguém que tenha passado por uma escola de Direito possa acusar de "racista" um dicionário!! Ao sinalizar que o termo "cigano" tem também uma acepção que é "pej." (pejorativa) o dicionário Houaiss cumpriu seu indispensável papel de alertar seu usuário de que tal significado é "depreciativo, despectivo, desfavorável, aviltante, ..." -- basta ler a definição de "pejorativo" no mesmo dicionário! Há prevalecer essa concepção esdrúxula e idiota do MP mineiro, vamos inventar mais uma aberração tupiniquim, que seria a criação de um tipo de dicionário artificialmente "asséptico", depurado de termos que qualquer mentecapto togado entenda como "racistas".  P'ra começar, teríamos que, por exemplo, ridiculamente mexer nas definições de "judeu", "beócio", "galego", "portugalizar", e por aí vai ... Definitivamente, nossa Justiça tem uma série de outras limitações físicas e mentais, além da cegueira -- sem falar na sua inércia seletiva.]

O jeito petista de administrar a Petrobras (II)

Na postagem anterior sobre esse assunto cometi uma grave omissão, que me apresso a corrigir, desculpando-me pela falha. É que, inexplicavelmente, me esqueci de mencionar que, dentro do conceito sui generis do PT de gerir uma estatal, e, no caso, simplesmente a maior do país, algum luminar do governo petista resolveu, sem mais nem menos, criar uma nova diretoria na Petrobras, a Diretoria Corporativa e de Serviços.

Essa diretoria tem tudo para se destacar como o mais requintado exemplo do conceito miúdo, rasteiro, debochado, demagógico e irresponsável de um governo petista com relação à gestão da coisa pública: - a) foram necessários 59 anos de vida da Petrobras, dos quais 9 anos de administração petista, para alguém "descobrir" a necessidade dessa diretoria; - b) não se trata de uma diretoria para otimizar a atuação da empresa, mas sim para servir a um alto dirigente  petista, o senador José Eduardo Dutra, que já presidiu a Petrobras (de janeiro de 2003 a julho de 2005) e se encontrava "desempregado".

Certamente, haverá quem ache que estou pegando pesado demais. Afinal, o senador é boa praça, tem relevantes serviços prestados ao PT e, ainda mais, passou recentemente por sérios problemas de saúde. O que é que custa dar-lhe um cargo na alta direção da empresa que já presidiu, mesmo que seja preciso criá-lo do nada, num estalar de dedos?

Com essa nova diretoria o PT, via Dilma Rousseff, cria um novo feudo político dentro da Petrobras e abre novo e precioso espaço para o desembarque de seus filiados e afilhados paraquedistas, que em sua esmagadora maioria têm como único comprovante de "competência" a carteirinha do partido. Fica cada vez mais fácil entender porque o PT considera a Petrobras "intocável" ...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Saiba mais sobre as Auroras (Boreal e Austral) da Terra com vídeo educativo da NASA

Auroras são luzes coloridas que aparecem no céu à noite, principalmente nas regiões polares da Terra. Mas, como surgem? O causador desse fenômeno são o nosso próprio Sol e o plasma solar que é ejetado durante um evento magnético, como uma erupção solar ou uma rajada maciça de vento solar. Esse plasma se desloca para fora do Sol junto com o vento solar, e quando se encontra com o campo magnético da Terra ele percorre as linhas de campo [magnético] que se juntam nos polos. Átomos do plasma interagem com átomos na atmosfera superior da Terra -- essa interação produz as luzes coloridas que chamamos de aurora.

Veja o interessante vídeo ilustrativo da NASA sobre o fenômeno das auroras:

http://www.nasa.gov/multimedia/videogallery/index.html?media_id=97423582


Belas e impressionantes imagens dessas auroras podem ser vistas em postagem anterior.

WikiLeaks começa a divulgar "The Global Intelligence Files"

 [O texto abaixo foi traduzido por mim e é de autoria de Anna Heim; foi publicado hoje no site The New Web.]

WikiLeaks começou a publicar um novo lote de revelações, "The Global Intelligence Files" (Os Arquivos de Inteligência Global), que contém informações retiradas de 5 milhões de emails da Stratfor, a companhia de "inteligência global" que tem sede no Texas.  Em seu site, a Stratfor se apresenta como "um provedor de análise geopolítica para assinantes" -- há poucas semanas ela fez uma postagem, "The Hack on Stratfor",  em que dava sua versão dos fatos, informando que estava examinando a atuação de hackers em seu banco de  dados.

Sites de download ilegal de e-books são fechados

Dois sites com sede na Irlanda – o library.nu e o ifile.it –, nos quais foram feitos milhares de downloads ilegais gratuitos de e-books, foram forçados a sair do ar depois de receberem ordens emitidas pela aliança global de editoras Association of American Publishers (AAP). Eles só saíram do ar efetivamente sete meses depois de terem recebido as ordens, noticia Paul Sawers [The Next Web, 15/2/12].

Estima-se que a operação de pirataria tenha movimentado 7 milhões de libras anuais (o equivalente a R$ 19 milhões) por meio de anúncios, contas premium e doações. O library.nu comprou mais de 400 mil e-books e os tornou disponíveis para download gratuito em um site que escondia seu servidor verdadeiro. O ifile.it facilitava os uploads. “A ação é um passo significativo para o fechamento de dois grandes sites que roubavam conteúdo de editoras, mas também mostra o imenso investimento de tempo e custo requerido para que detentores de direitos autorais protejam seus trabalhos”, disse Tom Allen, presidente da AAP, aliança que inclui, dentre outras, editoras como HarperCollins, Cambridge University Press, Elsevier e German Publishers and Booksellers Association (Börsenverein).

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Falhas e omissões atrasam processos contra políticos, aponta levantamento

Inquéritos que tiveram políticos brasileiros como alvo nos últimos anos demoraram mais tempo do que o normal para chegar a uma conclusão, e processos abertos pelo Supremo Tribunal Federal contra eles se arrastam há mais de dez anos sem definição, de acordo com um levantamento inédito feito pela Folha. O levantamento em 258 processos mostra que, além da grande quantidade de recursos prevista na legislação, os atrasos são provocados por falhas de juízes, procuradores e policiais.

Consulte a íntegra dos processos contra políticos no "Folha Transparência"

Em média, a Polícia Federal leva pouco mais de um ano para concluir uma investigação. Já os inquéritos analisados pela Folha que já foram encerrados consumiram o dobro de tempo.  Documentos com a íntegra destes 258 processos estão disponíveis na página da "Folha Transparência", conjunto de iniciativas do jornal para divulgar informações de interesse público mantidas sob controle do Estado. Os primeiros 21 processos já estão no ar.

Durante quatro meses, a Folha analisou processos que envolvem políticos e estão em andamento no STF ou foram arquivados pela corte recentemente, incluindo inquéritos ainda sem desfecho e ações penais à espera de julgamento. Os processos envolvem 166 políticos que só podem ser investigados e processados no Supremo, um privilégio garantido pela Constituição ao presidente da República e seu vice, a deputados federais, senadores e outras autoridades.

O senso comum sugere que esse tipo de coisa acontece porque os políticos têm condições de pagar bons advogados para defendê-los na Justiça, mas a análise dos processos mostra que em muitos casos as investigações simplesmente não andam, ou são arquivadas sem aprofundamento.  Só dois casos do conjunto analisado pelo jornal estão prontos para ir a julgamento.



Mais antigo dos integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal), onde despacha há 23 anos, o ministro Celso de Mello, 66, defende a extinção do foro privilegiado para todos os políticos e autoridades em matéria criminal

Em entrevista a Rubens Valente, Fernando Mello e Felipe Seligman, publicada na Folha deste domingo (26) (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha), o ministro diz que o benefício não tem similar no mundo e deveria ser limitado a casos de delitos cometidos em razão do mandato. 

A mudança só seria possível se o Congresso aprovasse uma emenda à Constituição acabando com o privilégio, mas o ministro afirmou em entrevista à Folha que pensa em propor a seus colegas no STF uma solução alternativa. 

[Quando o STF concluir de vez com sua interminável apreciação sobre a Lei da Ficha Limpa, em todos seus mínimos detalhes, ela será o instrumento natural e automático para acabar com esse absurdo do foro privilegiado para políticos.]

Ministro Celso de Mello, do STF - (Foto: Sergio Lima/Folhapress).

Dilma agora tem pressa para a compra do novo caça da FAB

Assim que assumiu o governo, Dilma Rousseff decidiu adiar sine die a decisão sobre a compra de novos aviões para a FAB - Força Aérea Brasileira, um dos inúmeros imbróglios da indigesta herança de governo que recebeu de seu criador, patrono e tutor, Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata, NPA). No governo do NPA o caça francês Rafale chegou a ser considerado como escolha líquida e certa, numa estranha e não revelada mancomunação de bastidores entre o NPA e Sarkozy. A escolha prévia do Rafale causou estranhezas, porque até então esse caça era utilizado apenas pelos franceses -- recentemente, o Rafale foi salvo pelo gongo ao vencer uma megaconcorrência na Índia.

Em sua edição de hoje, o jornal O Estado de S. Paulo informa (texto a seguir) que, agora, Dilma tem pressa em concluir o processo de compra do novo caça da FAB.

A escolha do novo caça de múltiplo emprego da Força Aérea Brasileira (FAB), o programa F-X2, entrou na etapa final. O processo está muito atrasado. A primeira versão foi apresentada há 16 anos, em 1996. Depois disso, houve vários adiamentos, o último em 2011. A presidente Dilma Rousseff está disposta a anunciar a decisão no menor prazo possível, talvez ainda no primeiro semestre deste ano, como disse o ministro da Defesa, Celso Amorim.

Há boas razões para isso. A janela de oportunidade permanecerá aberta apenas por mais seis meses. Depois de setembro, será difícil para qualquer dos três finalistas iniciar a entrega dentro do novo prazo, entre 2015 e 2016. A contar do momento do anúncio do vencedor, até a assinatura do contrato principal e dos compromissos acessórios, a negociação vai exigir um ano de ajustes. Nesse período o governo não fará nenhum pagamento. Mais que isso, o negócio, estimado entre US$ 4 bilhões e US$ 6,5 bilhões, está no ponto mais favorável, segundo especialistas em financiamento de equipamentos militares ouvidos pelo Estado. A operação de crédito é um dos pontos sensíveis da escolha. Há vários meses circulam no mercado de Defesa informações de que os concorrentes francês (Dassault, com o caça Rafale) e sueco (Saab, com o Gripen) teriam alongado os prazos de carência e amortização.

A americana Boeing (com o Super Hornet F-18) enfrenta problemas: o Eximbank não pode financiar a venda de produtos militares, levando a operação para os bancos privados e juros altos.

A seleção do Rafale para a encomenda de 126 unidades para a aviação da Índia é um fator considerado na escolha brasileira - todavia, não é decisivo. A transação ainda depende dos acertos financeiros e de transferência de tecnologia. É o viés que interessa na F-X2, cujo fundamento é o acesso irrestrito ao conhecimento. Há também uma discreta preferência pelos modelos bimotores, o F-18 e o Rafale, principalmente entre os "caçadores". Os engenheiros destacam a possibilidade de desenvolver um projeto completo, oferecida apenas pela Saab.

Fora de forma. O plano da Aeronáutica para a frota de combate fixa a desativação dos 12 Mirage 2000C/B do 1.º Grupo de Defesa Aérea - comprados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em acordo direto com o governo da França, em 2005 -, a partir de 2014 ou pouco além. O limite pode ser estendido, mas o custo de manutenção dos supersônicos vai crescer. Os F-X2 não chegarão a tempo de substituir a frota de superioridade aérea.

Por algum tempo o trabalho terá de ser feito pelo F-5M, o resultado da revitalização pela Embraer Defesa no velho F-5E americano, hoje o principal caça da FAB. Entretanto, ressalta um brigadeiro do setor tecnológico da Força, esses jatos estão sob risco de entrar em fadiga de célula - o nome do esgotamento físico das máquinas. O empreendimento completo da Defesa estabelece como meta, até 2027, o contrato de 124 caças. Em configurações próprias, sobre a mesma plataforma, vão substituir toda a frota de ataque da FAB.

[Há quem ache que, em consequência da vitória na concorrência na Índia, a negociação para uma eventual compra do Rafale pelo Brasil se torne mais complicada do que aparentava ser. Entre os motivos alegados estaria o ressurgimento da resistência de certos setores franceses ao nível de transferência de tecnologia exigido pelo Brasil, aliado ao fato de que as negociações da Dassault, fabricante do Rafale, com a Índia estão apenas se iniciando  e serão complexas.]

 O caça francês Rafale, da Dassault - (Foto: Google).

O caça sueco Gripen, da SAAB - (Foto: Google).

O Super-Hornet F-18, da Boeing - (Foto: Google).

Os tentáculos do "capo" José Dirceu em Portugal

Se, um dia, qualquer das máfias italianas (a siciliana Cosa Nostra, a napolitana Camorra ou a calabresa 'Ndrangheta) sair pelo mundo afora à caça de um executivo de ponta, certamente ninguém desbancará José Dirceu, a versão tupiniquim mais requintada de um capo mafioso. Há quem diga, ou considere, que ele é uma síntese do que de pior e melhor havia em Rasputin, Richelieu e Maquiavel, um inequívoco reconhecimento de sua extrema habilidade em tramar e permanecer imune a qualquer punição ou contratempo (desempenho melhor que o de Rasputin e Maquiavel ...).

O jornal português Público publicou no domingo passado (19/2/12) uma reportagem de duas páginas -- que reproduzo parcialmente a seguir --, com o título José Dirceu e Portugal, em que  descreve o que chama de "negócios transatlânticos do antigo chefe da Casa Civil de Lula". Tenho o exemplar do jornal à mão mas, estranhamente, não se consegue acessar a reportagem pelo site do jornal -- mas seu texto praticamente integral está disponível em um site brasileiro. Na reportagem, o jornal menciona que José Dirceu está ligado a um grupo de sociedades, de advocacia e de consultoria, que são usadas por grupos portugueses e internacionais que querem investir no Brasil.

Segundo o jornal, José Dirceu é colaborador do Ongoing [forte grupo empresarial português de múltiplas atividades, fundado no final do século 19, que foi investigado pelo Ministério Público no Brasil em outubro de 2010] e parceiro do escritório português Lima, Serra, Fernandes & Associados, e esteve, por exemplo, no epicentro das negociações que deram à Telefónica o controle da operadora brasileira Vivo, entre 2009 e 2010, e que teve como contrapartida a entrada da Oi na Portugal Telecom. Diz o Público que "o advogado e antigo presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) apresenta-se como consultor de multinacionais, promovendo grandes negócios, alguns dos quais precisam de aprovações políticas para se concretizarem". A partir de São Paulo, José Dirceu opera através de duas sociedades: a JD Consultores e o escritório de advocacia Oliveira e Silva & Associados -- para entender essas denominações, basta lembrar que o nome completo dele é José Dirceu Oliveira e Silva.

Em Brasília, a ponte é feita através da consultora JD&S, encabeçada por Júlio César, casado com uma assessora do Palácio do Planalto e braço direito de José Dirceu. E é este consultor que, por vezes, surge para concretizar grandes operações associadas ao líder petista. Seu nome consta de negócios envolvendo grupos portugueses, como é o caso do Ongoing, e espanhóis, como a Isolux, que é representada por Júlio César. Nenhuma dessas três sociedades de José dirceu (JD Consultores, Oliveira e Silva, e JC&S) tem site um site oficial, segundo o jornal português [realmente, não encontrei sites que correspondam ao mínimo de perfil dessas empresas].

Diz o Público que José Dirceu tem muitos amigos em Portugal. Um deles é João Abrantes Serra, um dos sócios do escritório Lima, Serra, Fernandes & Associados, liderado por Fernando Lima, atual presidente da Galilei, ex-Sociedade Lusa de Negócios [grupo empresarial português] e dona do BPN - Banco Português de Negócios. Embora Abrantes Serra tenha confirmado ao jornal uma ligação de vários anos com o escritório brasileiro Oliveira e Silva, de José Dirceu, tal vínculo não consta no site institucional do escritório de advocacia português. Fernando Lima explicou, porém, que o escritório tem local próprio em S. Paulo, onde está "quase sempre" um dos sócios, João Vaz Fernandes. Os registros na Ordem dos Advogados do Brasil indicam que o domicílio profissional de Vaz Fernandes é na Rua Botucatu, o mesmo endereço da firma de José Dirceu. Por outro lado, o escritório LMF & Associados está ainda associado ao JD&S através de André Serra, filho de João Abrantes Serra, o que foi confirmado por Fernando Lima.

Fernando Lima negou-se a confirmar, alegando "sigilo profissional", se o Ongoing é cliente do LSF & Associados. No Brasil o Ongoing recorre, entre outros, aos serviços jurídicos de Lilian Ribeiro, que tem escritório com José Dirceu.  Terá sido, ainda, por via de João Serra que o ex-embaixador em Madri e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, aparece associado à promoção de alguns negócios do outro lado do Atlântico, envolvendo especificamente grupos espanhóis.

Além das relações pessoais citadas acima, diz o jornal português que José Dirceu também é amigo pessoal de Nuno Vasconcellos e Rafael Mora, respectivamente presidente e  vice-presidente do Ongoing, e de Miguel Relvas, ministro de Assuntos Parlamentares (que confirmou manter com José Dirceu uma relação de amizade desde 2004, mas disse que "não o vê há cerca de um ano"). Recentemente, segundo ainda o Público, a imprensa brasileira noticiou que José Dirceu preparava o terreno para a Bandeirantes entrar na RTP [Rádio e Televisão de Portugal], e evidenciou a amizade do brasileiro com o ministro Miguel Relvas, responsável institucional por aquele canal público, como sendo "facilitadora do negócio".

Eis aí um pequeno e expressivo recorte do currículo de José Dirceu, o mentor maior do Mensalão e de inúmeras outras proezas de mesmo quilate ético e moral no cenário político e empresarial brasileiro.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Espécie desconhecida de mariposa ameaça produção de vinho na Itália

Uma espécie desconhecida de mariposa preocupa produtores da região vinícola do norte da Itália, segundo pesquisadores.

Cientistas italianos descobriram a mariposa em 2006, mas não conseguiram identificá-la. O que eles sabem é que as lagartas que dão origem às mariposas atacam as folhas das videiras, devorando as partes mais comestíveis, destruindo as plantações. Ao examinar uma parte do código genético da mariposa, os pesquisadores confirmaram que ela é de uma espécie desconhecida.

A equipe de cientistas italianos teve a ajuda do especialista em insetos do Centro para Biodiversidade de Leiden, na Holanda, Erik van Nieukerken. "Inicialmente, consultamos a literatura (científica) para descobrir o que já se sabia a respeito", disse o especialista à BBC, acrescentando que eles descobriram que pouco era conhecido sobre este grupo de mariposas. Nieukerken e a equipe de cientistas examinaram então o código genético da mariposa. "Percebi que esta mariposa, apesar de ser muito comum na América do Norte, não tinha um nome", disse o cientista.

A nova espécie foi batizada de Antispila oinophylla e, anteriormente, foi confundida com outra espécie da América do Norte, a Antispila ampelopsifoliella.  A descoberta foi divulgada na revista especializada ZooKeys.

Apenas com os estudos do DNA da mariposa os cientistas descobriram que a nova espécie gosta de videiras. No leste da América do Norte, local de origem desta mariposa, elas se alimentam de vários tipos de frutas silvestres. Ao observar o comportamento da mariposa, os cientistas afirmam que, na Itália, ela parece ter preferência por folhas das uvas Charddonnay, Cabernet Sauvignon e Muscat.

Até o momento, a nova espécie de mariposa foi encontrada nos vinhedos das regiões de Trento e Veneto, no norte da Itália. Desde seu primeiro registro, a população destes insetos está aumentando e se espalhando. Os cientistas afirmam que o impacto econômico da praga ainda não foi determinado e, até o momento, não se sabe como estas mariposas chegaram à Itália.

Nieukerken afirma que é muito fácil ocorrer o transporte acidental de casulos contendo larvas da mariposa em meio a vegetais. "Elas são muito pequenas e exatamente da mesma cor das folhas. Então, se você está levando plantas, provavelmente você não vai notá-las", disse o cientista à BBC.

O cientista contou ainda que outra espécie de mariposa, deste mesmo grupo, foi descoberta em plantações de nozes e que os especialistas precisam descobrir mais informações sobre estes insetos. "Este grupo é pouco estudado. Se você souber exatamente o que é e de onde é, você vai saber a história evolucionária... e poderá entender melhor como controlar", disse Nieukerken à BBC.

 Mariposa tem preferência por alguns tipos de folhas, incluindo as de certas uvas - (Foto: NBC Naturalis).

Incêndio em base brasileira na Antárdida deixa dois mortos

Os corpos dos dois militares brasileiros mortos no incêndio da Estação Comandante Ferraz, base militar e científica brasileira na Antártida, foram encontrados e reconhecidos neste sábado, 25, segundo o Ministério da Defesa. Eles foram identificados como o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos. A idade deles não foi divulgada.

O fogo começou na madrugada deste sábado e destruiu a estação. Havia 60 pessoas na base - metade delas pesquisadores de universidades nacionais, que escaparam ilesos. O sargento Luciano Gomes Medeiros sofreu ferimentos, mas não corre risco de morte. À tarde, a base foi abandonada pelos militares que ainda tentavam conter as chamas.

O fogo começou na praça das máquinas, onde funcionavam os geradores de energia da estação, e se alastrou com rapidez. A Comandante Ferraz tem um formato contínuo. A praça das máquinas não é separada fisicamente dos alojamentos, laboratórios e demais ambientes. "A estação acabou." A frase foi usada por um oficial da Marinha lotado na Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), envolvida nas atividades brasileiras na Antártica, em telefonema à bióloga Yocie Yoneshigue Valentin, coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável por algumas das mais importantes pesquisas brasileiras no continente.

A especialista, que voltou da Antártida este ano, ainda conseguiu contato com alguns colegas que escaparam do incêndio com a roupa que vestiam. "Eles deixaram tudo para trás, documentos, pesquisas, bagagem. É uma perda irreparável. Contaram que uns foram sendo acordados pelos outros, porque o alarme de segurança da estação não soou. Estamos consternados. Parece que não sobrou nada", lamentou.

Cientistas que estavam na estação contam que os dois militares que morreram não conseguiram sair da praça de máquinas quando as chamas se espalharam. Os corpos continuavam à tarde dentro da estrutura onde funcionam os geradores da base, totalmente destruída. O fogo começou às 2h. Uma explosão acordou a todos. As causas são desconhecidas. Os 30 pesquisadores, um alpinista que presta apoio às ações de campo, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 funcionários civis do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (especializados em reparos e manutenção) foram transferidos ao amanhecer, em helicópteros, para a base antártica Eduardo Frei, do Chile.

De acordo com a Marinha, um avião cedido pela Força Aérea da Argentina resgatou o grupo brasileiro na base chilena, levando-o para a cidade de Punta Arenas, na Patagônia do Chile. De lá os brasileiros deverão voltar em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que decolou neste sábado à tarde do Rio. Em contatos por e-mail com parentes no Brasil, os pesquisadores relataram de modo bastante sucinto o que aconteceu e avisaram que somente em Punta Arenas, por causa dos transtornos e dificuldades decorrentes do incêndio, poderão retomar os contatos.

"Aconteceu um incêndio na estação. Fomos resgatados agora sem ferimentos. (...) Estamos na base chilena. (...) Assim que puder telefono", avisou cedo o biofísico João Paulo Machado Torres, da UFRJ, à mulher Susana Fonseca.  Uma equipe de 15 militares da Marinha, comandadas pelo capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra, permanecera na base, sediada na Baía do Almirantado, ilha Rei George, no arquipélago Shetlands do Sul, a 130 km do continente antártico, para apagar o fogo. À tarde, a Marinha informou que até eles tiveram que abandonar a base, oficialmente devido às "condições meteorológicas adversas". "Assim que as condições meteorológicas permitirem, a Marinha do Brasil, com apoio do navio 'Lautaro`, da Armada do Chile, enviará uma equipe do grupo-base, liderada pelo chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz (capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra) para avaliar os danos causados à estrutura da Estação", informa comunicado da Marinha.

Dois navios da Marinha argentina e dois botes da estação antártica polonesa apoiaram as ações da equipe brasileira, além de três helicópteros da base do Chile. O militar ferido foi levado para a estação da Polônia, onde recebeu os primeiros socorros, sendo a seguir transferido para a estação chilena. A Marinha informou que o navio brasileiro "Almirante Maximiano" partiu de Punta Arenas em apoio às ações que terão que de ser desenvolvidas para avaliar os danos à Estação Comandante Ferraz.

Os trabalhos dos pesquisadores da UFRJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Vale dos Rio dos Sinos (Unisinos) e Universidade Federal do Rio Grande (Furg), entre outras instituições presentes à base brasileira, tiveram que ser abandonados às pressas por causa do fogo. Não há ainda informações sobre se poderão ser recuperados mais adiante. A Estação Antártica Comandante Ferraz existe desde 1984. Ela é ocupada pelo Brasil 365 dias por ano. Sua destinação é a ciência, de acordo com os tratados assinados pelo Brasil com as nações que compartilham o território antártico.

Estação Antártica Comandante Ferraz, do Brasil, em chamas - (Foto: Armada de Chile/Reuters).

O jeito petista de administrar a Petrobras

Acho que ninguém tem dúvidas do enorme valor e da extrema importância da Petrobras para o Brasil e sua economia, mas essa avaliação não pode nem deve ser feita à luz de manifestações histéricas e estéreis de "intocabilidade" da empresa, sob qualquer que seja o ângulo de enfoque dessa apreciação. O "X" da questão é que a esquerda inflamada, e principalmente os petistas, usam esse biombo da "intocabilidade" da Petrobras para esconder da opinião pública a desastrada e nociva administração que os governos petistas têm imposto à empresa, especialmente na manipulação criminosa e demagógica dos preços dos combustíveis. Quando se trata de usar demagogicamente a empresa para um controle fajuto de preços, para enganar o povão e avacalhar com a economia da empresa, a Petrobras não tem absolutamente nada de "intocável" para o PT.

O que os governos petistas vêm fazendo com os preços dos combustíveis há 9 anos (8 anos de Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, e 1 ano de Dilma), via Petrobras,  é utilizá-los de forma predatória e ultrapassada como um instrumento de controle artificial da inflação, a mesma burrice demagógica que vem afundando a Argentina há décadas. Contra fatos não há argumentos: numa política suicida a longo prazo, o governo impõe o represamento dos preços dos derivados de petróleo (especialmente para gasolina, óleo diesel e querosene de aviação) visivelmente para não irritar o consumidor e, assim, facilitar o uso político da Petrobras. O colunista Celso Ming, do jornal O Estado de S. Paulo, comenta no dia 14 deste mês de fevereiro que essa política demagógica provoca pelo menos três graves distorções.

A primeira distorção é o aumento artificial do consumo, graças ao pagamento de parte da conta do consumidor pela Petrobras. Como menciona o último Relatório da empresa, ao longo de 2011 o consumo (vendas) de gasolina no Brasil cresceu 20%, o do óleo diesel, 9%, e o de querosene de aviação, 12% -- enquanto isso, o PIB cresceu apenas 2,7% no mesmo período.

O próprio ex-presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, aponta uma segunda distorção: o desvio desses produtos subsidiados para o exterior -- e não se trata aqui de cidades de fronteira, onde o consumidor estrangeiro prefere se abastecer nos postos brasileiros. "Se a Petrobras continuar com essa política e o preço internacional continuar nesse patamar" -- disse Gabrielli -- "vai haver um processo irracional e ilógico de alguns distribuidores comprando derivados da Petrobras e exportando".

Uma terceira distorção é a necessidade de importar derivados a preços cada vez mais altos para atender ao consumo doméstico e, ao mesmo tempo, revender esses mesmos derivados no mercado interno a preços mais baixos. Resultado óbvio dessa "estratégia" petista: queda de 52,3% no lucro líquido da Petrobras no último trimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010. Com isso, a empresa se descapitaliza e passa a ter dificuldades crescentes seu pesado programa de investimentos, onerado pela próxima entrada em cena do pré-sal.

Como toda medida burra e demagógica, essa política acaba causando outros danos -- no caso, afetando diretamente o consumo e a produção de etanol combustível. Com o controle do preço da gasolina, o governo automaticamente inviabiliza o uso econômico do etanol toda vez que o preço deste é superior a 70% do preço da gasolina. Aí, os carros com motores bicombustível viram elefantes brancos, e o planejamento de produção do setor de açúcar e álcool vais p'ras cucuias. Quem paga essa conta? A Petrobras e o infeliz do consumidor tupiniquim.

Se mantida essa política camicase, a Petrobras poderá ter dificuldade de atrair investidores e gerar recursos já no curto prazo.  A questão, agora, é saber se a nova presidente da empresa, Maria das Graças Foster, pupila e cria dileta de Dilma Rousseff, tem o apoio irrestrito desta para fazer a indispensável alteração desse quadro em 2012, um ano eleitoral -- se tiver o respaldo e fizer a tarefa, será uma agradabilíssima surpresa.

Aproveito o espaço e o assunto para comentar algo mais no tocante ao relacionamento de Dilma Rousseff com a Petrobras e, por tabela, com a Eletrobrás. Durante minha atuação à frente da área internacional da Eletrobrás, testemunhei inúmeras vezes, em reuniões e viagens, a enorme admiração de Dilma (então ministra de Minas e Energia) pela Petrobras, o que me leva a alimentar a esperança de que ela dê um freio de arrumação na gestão da empresa -- a indicação de Maria das Graças Foster parece nitidamente apontar nessa direção.  Muitas vezes, ao elogiar a Petrobras, Dilma emendava com restrições à atuação da Eletrobrás, o que é uma enorme injustiça recorrentemente feita por críticos desavisados, ignorantes e mal intencionados do setor energético brasileiro. Não incluo Dilma nesse rol, mas não lhe perdôo a injustiça da comparação porque ela conhece profundamente as duas empresas e não cometeria de graça essa burrice -- ela não é de comparar alhos com bugalhos.

Não se pode comparar as duas empresas, a começar pelo core business de cada uma -- combustível se estoca, energia elétrica não. Quem tiver boa memória, ou consultar os arquivos da mídia, verá que no governo Fernando Henrique os petroleiros fizeram uma greve de 33 dias, o governo não cedeu, e o país não parou. No entanto, apagões de diferentes proporções (sem jamais chegar à duração de nem mesmo um dia) no setor elétrico em 2001 (ainda no governo FHC), em 2005 e 2007 (estes últimos no governo Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata) provocaram danos e crises que até hoje aterrorizam o setor elétrico do país. O nível de regulação das áreas de atuação das duas empresas é completamente distinto, provocado não apenas, mas também, pelo índice aceitável de interrupção do suprimento de cada uma delas aos diversos setores da economia do país.

Outro fator a levar em conta é que a Eletrobrás e suas subsidiárias são muitíssimo mais utilizadas como cabides de empregos de afilhados políticos -- em sua esmagadora maioria petistas -- do que a Petrobras e suas empresas, embora o nível de ocupação desta pelos petistas esteja muito longe de ser desprezível. O número de paraquedistas incompetentes e apadrinhados por metro quadrado no Sistema Eletrobrás bate com folga o número de paraquedistas usados na invasão da Normandia ...




terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ausência temporária

Estarei ausente no período de 15 a 24 deste mês, ocorrendo portanto uma interrupção nas postagens nesse período. Até à volta, com meus agradecimentos a quem me tem prestigiado acessando meu blogue -- que já conta com mais de 50.000 acessos!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Alto estrategista militar americano quer comandos militares americanos atuando no mundo sem ter que ouvir antes o Pentágono

O artigo que reproduzo abaixo, traduzido de reportagem publicada ontem pelo New York Times, me foi enviado pelo dileto amigo Ednardo, a quem agradeço.

No momento em que os EUA recorrem cada vez mais a forças de Operações Especiais para enfrentar ameaças que se desenvolvem espalhadas mundo afora, o militar que ocupa o topo da hierarquia no comando dessas Operações, um membro dos temidos Seals da Marinha americana que supervisionou o ataque que matou Osama Bin Laden, está à busca de um novo tipo de autoridade que lhe permita deslocar seus comandos mais rapidamente e fora dos canais normais do Pentágono para esse tipo de operação.

O oficial militar, almirante William H. McRaven, que chefia o Comando de Forças Especiais, está pressionando por um papel mais amplo para suas forças de elite, que têm operado tradicionalmente nos cantos escuros da política externa americana. Seu plano lhe daria mais autonomia para posicionar suas forças e seu equipamento bélico onde os serviços de inteligência e os acontecimentos globais indicarem que elas sejam mais necessárias. O plano permitiria também que as forças de Operações Especiais expandissem sua presença em regiões onde não operaram significativamente na década passada, especialmente na Ásia, na África e na América Latina. [Digna de atenção e reflexão a inclusão da América Latina nessa "cesta básica" do Comando de Forças Especiais americano. É bom lembrar que, ainda que como "balão de ensaio", surgiu recentemente nos meios acadêmicos americanos a ideia da criação de uma "Bacia do Atlântico" que "eliminaria" a separação entre os oceanos Atlântico Sul e Norte, o que "justificaria" a presença militar americana por estas bandas como uma "extensão" natural da área de atuação da OTAN.]

Enquanto Obama e seus líderes no Pentágono têm, cada vez mais, feito das forças de Operações Especiais sua arma militar preferida, planos semelhantes a esse fracassaram no passado devido à oposição de comandantes regionais e do Departamento de Estado. Os comandantes militares regionais têm tido o receio de perda de autoridade, e alguns embaixadores em zonas de crise têm expressado suas preocupações quanto ao fato de que os comandos possam efetuar missões que sejam vistas como uma ofensa à soberania de um país anfitrião (host country), como o estremecimento nas relações com o Paquistão em seguida ao ataque a Bin Laden.

Autoridades da administração federal, militares e autoridades do Congresso dizem que o Comando de Operações Especiais se engajou em uma campanha de lobby para ver aprovada sua iniciativa. Autoridades do Pentágono e do governo observam que, enquanto é certo que esse Comando terá um aumento de orçamento e de pessoal quando o novo plano de gastos do Departamento de Defesa for anunciado amanhã, nenhuma decisão foi tomada quanto à ampliação da autoridade do almirante McRaven. Ontem, a Casa Branca e o Departamento de Estado declinaram de comentar a proposta deste militar.

As propostas são apresentadas como um novo modelo de estratégia de combate, numa época de redução dos orçamentos do Pentágono, diminuição do número de militares, e de um declínio do interesse popular em grandes guerras de ocupação, de acordo com autoridades do Pentágono, oficiais militares e empreiteiros civis abordados para comentar o plano [de McRaven]. Todos eles falaram sob condição de anonimato, porque as decisões ainda não foram tomadas.

Pelos novos conceitos, um número significativo de forças de Operações Especiais -- projetadas em 12.000 --  permaneceriam estacionadas à volta do mundo. Enquanto equipes de comandos estariam de prontidão para atacar alvos terrorista e resgatar reféns, igualmente significativo seria o ampliado número desses efetivos voltado para missões de treinamento e ligação, e para coletar informações que melhor subsidiem o Comando a melhor avaliar os riscos à segurança nacional. Autoridades e oficiais enfatizaram que, em quase todos os casos, as forças de Operações Especiais seriam ainda assim convocadas pelo comandante regional de quatro estrelas apenas para missões específicas.

"Não se trata realmente de se ter o Socom [sigla inglesa para Comando de Operações Especiais] comandando a guerra global ao terrorismo", disse McRaven em uma breve entrevista na semana passada, referindo-se ao Comando de Operações Especiais. "Não acho que estamos prontos para fazer isso. Trata-se de definir como posso dar um apoio melhor" aos comandantes regionais de combate.

Na década passada, mais de 80% das forças de Operações Especiais dos EUA foram comissionadas no Oriente Médio. Com as forças militares convencionais voltando para casa depois de se retirarem totalmente do Iraque, o almirante McRaven quer ter autoridade para espalhar suas equipes de comandos em regiões em que se tornaram rarefeitas para suprir forças para operações de guerra após o 11 de setembro.

Mais ainda, o almirante McRaven quer ter autoridade para deslocar rapidamente suas unidades para locais de tensão, sem passar pelo procedimento padrão do Pentágono que regula o deslocamento de tropas no exterior. Historicamente, o deslocamento de tropas dos EUA no estrangeiro começa com o pedido de um comandante de combate global, que passa pelo Estado Maior Conjunto e, depois, é submetido ao secretário de Defesa para aprovação, num processo deliberadamente cauteloso.

O deslocamento de ameaças à segurança nacional pode ser um argumento a favor dos planos do almirante McRaven. Com as forças de Operações Especiais concentradas no Oriente Médio e no Sudoeste da Ásia ao longo da década passada, comandantes em outras regiões têm buscado ter mais a presença dessas unidades em suas áreas.

Autoridades do Departamento de Estado dizem que ainda não foram abordados sobre essas propostas. No passado, embaixadores em zonas de tensão se opuseram a deslocamentos ampliados de unidades de Operações Especiais, e exigiram garantias de que os chefes de missões diplomáticas estariam inteiramente envolvidos nos planos e missões dessas unidades.

Comandantes sêniors de Operações Especiais prometeram que seus esforços seriam coordenados com o representante diplomático sênior em cada país. Esses oficiais descreveram também como as novas autoridades enfatizariam o trabalho com as forças de segurança locais, sempre que possível. Haveria exceção quando um governo local fosse incapaz de cooperar -- ou não quisesse fazê-lo -- com uma missão americana autorizada, ou se não houver governo responsável com que trabalhar.

Os planos do almirante McRaven gerararam preocupações mesmo dentro da comunidade de Operações Especiais. Dois consultores do Pentágono disseram que conversaram com oficiais sêniors de Operações Especiais que  se mostram preocupados com a possibilidade de que suas unidades fiquem demasiado sobrecarregadas. Eles se preocupam também com a possibilidade de que as forças de Operações Especiais -- que são ainda menos de 2% de todo o contingente militar americano -- se tornem de tal maneira uma espécie de "pau p'ra toda obra", que passem a ser solicitadas a executar missões acima de sua capacidade.

[...] O Comando de Operações Especiais (COE) conta agora com um pouco menos de 66.000 pessoas -- contando tanto o pessoal militar, quantos os civis do Departamento de Estado --, o dobro em relação a 2001. Seu orçamento alcançou o valor de US$ 10,5 bilhões, partindo de US$ 4,5 bilhões em 2001 (após o devido ajuste inflacionário).

Ao longo da década passada, efetivos do Comando de Operações Especiais foram deslocados para operações, exercícios, e treinamento de combate, e outras missões de ligação em mais de 70 países. Desde a invasão do Iraque em 2003, o Comando de Operações Especiais manteve deslocamentos de tropas no exterior de mais de 12.000 soldados por dia, com 80% desse pessoal comissionado no Oriente Médio.

Mesmo enquanto o Pentágono reduz sua força convencional, com um novo foco na região Ásia-Pacífico e cortes na Europa, o COE diz que precisa manter em caráter permanente no exterior aquela força de 12.000 homens espalhada ao redor do mundo -- com as tropas que saíram do Iraque sendo distribuídas em regiões que não tinham tido muito desse tipo de presença ao longo da década passada.

 Segundo os planos em evolução do almirante McRaven -- que ele denomina de Aliança Global FOE [FOE = Forças de Operações Especiais] --, as forças de Operações Especiais se moveriam ao redor do mundo sob sua direção, para reforçar as forças disponíveis para o principal oficial de Operações Especiais responsável por cada teatro de operações. O aumento de contingente de tropas de Operações Especiais nesses outros lugares permitiria aos EUA estar pronto para responder mais rapidamente a uma gama mais ampla de ameaças.

As diretrizes atuais permitem ao Comando de Operações Especiais executar missões por conta própria para tipos de operações muito específicos, embora isso raramente isso tenha sido feito, e oficiais envolvidos no atual debate digam que isso continuará sendo um evento raro. "Ele [McRaven] está tentando fornecer uma agilidade global", disse um ex-oficial militar que foi abordado sobre aqueles planos. "Se sua rede não for elástica, não será tão ágil como o inimigo", acrescentou.

Almirante William H. McRaven (56 anos), o militar por trás do ataque que matou Osama Bin Laden - (Foto: Wikipedia).