sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Passagens aéreas ficam 53% mais caras em 2011, diz IBGE

O setor aéreo continua penalizando os passageiros deste país de todas as formas possíveis e imagináveis, e geralmente em bloco: atendimento péssimo, atrasos constantes e recorrentes, aeroportos também péssimos e, p'ra completar, preços escorchantes. Tudo isso com a omissão, a incompetência, e a cumplicidade do governo federal via Infraero. Um país das dimensões do nosso fica à mercê de um duopólio (TAM e Gol), as empresas menores são sistemática e implacavelmente cerceadas na sua expansão (a Azul, com três anos de existência, não consegue autorização para voos diretos entre Rio e S. Paulo, tem que levar seus passageiros para Campinas), e nessa esparrela se ferram o país e os usuários. Vejam na reportagem abaixo, publicada hoje na Folha de S. Paulo, o impressionante e absurdo aumento das passagens aéreas no Brasil no ano passado.

O aumento de custo das empresas aéreas e a forte demanda por voos contribuíram para elevar o preço das passagens em 52,91% em 2011, a maior aceleração entre os itens que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que nesse período foi de 6,50%. A explicação é da coordenadora de índices de preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eulina Nunes dos Santos.

Entre as elevações nos custos das companhias aéreas em 2011, a especialista do IBGE destaca o encarecimento entre 35% e 40% do querosene de aviação no ano passado. "As empresas argumentaram que por muito tempo não repassaram os aumentos de custos aos consumidores, e fizeram isso em 2011", diz a especialista. Em 2010 as passagens aéreas subiram 3,17%.

Eulina ressalta que a demanda também exerceu forte influência no reajuste das passagens aéreas. Eventos sazonais, como Rock in Rio e Cirque du Soleil, motivaram famílias a viajar de avião. "São eventos locais, que acontecem por algumas semanas, mas que levam muitos a se deslocarem pelo país. As empresas aéreas aproveitam-se disso para aumentar as passagens", afirma Eulina.

Como o IPCA abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre um e 40 salários mínimos, o IBGE apura apenas os preços das passagens de viagens de lazer. A alta das passagens aéreas em 2011 influenciou em 0,19 ponto percentual o índice. Foi a sétima maior influência entre os itens não alimentícios.  "As passagens aéreas ainda têm pouco peso no IPCA, mas à medida que os níveis de renda e emprego avançam, a tendência é que elas ocupem maior espaço na destinação das rendas das famílias", ressalta Eulina.

Enquanto as passagens aéreas subiram fortemente, o grupo transporte em 2011 avançou 6,05%, após alta de 2,41% em 2010. No ano passado, a quebra de parte da safra de cana-de-açúcar contribuiu para alta de 15,75% do etanol, principal fator negativo da inflação de transportes no período. O grupo foi responsável por 1,13 ponto percentual do IPCA em 2011.

Fila de passageiros no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro - (Foto: Fernando Rabelo/Folhapress).

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