terça-feira, 29 de novembro de 2011

Turquia lança filtros para bloquear sites impróprios na internet

A Turquia acaba de iniciar um polêmico sistema de filtros na internet com o objetivo de restringir o acesso dos jovens a possíveis conteúdos impróprios, medida que é vista como um tipo de censura por alguns setores.

A principal polêmica deste projeto gira em torno do bloqueio ao acesso às redes sociais, já que a Turquia é o quinto país com mais número de usuários no Facebook – 90% de seus internautas possuem conta no site. Os usuários também reclamaram que o chamado “filtro familiar” acabou bloqueando algumas páginas sem necessidade, como as de Victoria’s Secrets, Calvin Klein e Durex, uma marca de preservativo. No entanto, o ministro do Transporte e Comunicação do país, Binali Yildirim, negou que o governo turco queira impor uma “censura” na internet, como criticaram algumas associações de internautas. ”O objetivo é proteger as crianças de conteúdos prejudiciais. A internet é uma grande bênção, porém, assim como os remédios, pode ter efeitos colaterais. Proteger as crianças é uma tarefa do Estado”, declarou o ministro.

A aplicação dos quatro filtros (familiar, infantil, nacional e padrão) despertou tantas críticas que só foram aplicados os dois primeiros e, mesmo assim, de forma voluntária, o que acabou sendo desinteressante para os usuários da internet. Segundo o Organismo de Tecnologias da Informação e Comunicação (BTK), desde o último dia 22 de novembro – dia em que os filtros entraram em vigor -, apenas 3 mil pedidos foram feitos, o que acaba comprovando a falta de sucesso da medida.

O sistema parece não ter agradado nem àqueles que concordaram com a instalação, já que os poucos usuários dos filtros reclamaram do bloqueio de páginas convencionais. As inúmeras reclamações que chegaram aos escritórios do BTK fizeram com que o organismo prometesse uma revisão de seus filtros. O professor Mutlu Binark, especialista em novas mídias, foi um dos mais críticos dessa nova medida. “Com este novo sistema de filtros, os indivíduos acabarão abrindo mão de sua capacidade de raciocinar e escolher livremente”, denunciou.

A Fundação Bianet, que chegou a exigir uma postura da justiça contra essa medida, lamentou que “o BTK assuma o papel de decidir o que é prejudicial para as crianças”. Alguns intelectuais consideram que o novo sistema possui uma relação com a influência do teólogo Fethullah Gülen, líder de uma organização islâmica, sobre o Governo.

Os internautas turcos são muito sensíveis a qualquer iniciativa que ponha limite no acesso à internet. Em 2007, o governo colocou em vigor uma lei conhecida como “Lei Censura”, uma norma que busca conter a pornografia infantil, os jogos de apostas e as drogas na rede. De acordo com o site Engelliweb, mais de 15 mil páginas estão bloqueadas atualmente na Turquia. Destas, a maioria tem conteúdo pornográfico, mas também há sites de grupos políticos esquerdistas e nacionalistas curdos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário