quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O fim do cartão de crédito?

O texto abaixo foi traduzido por mim do artigo de Farhad Manjoo, publicado na revista virtual Slate de ontem.

Pagar o que se compra com seu celular soa fantástico (ou assustador) até que você pare de pensar nisso. Parece que cada companhia tech grande, incluindo o Google, está de olho no fato de que cedo seremos capazes de comprar tudo e qualquer coisa agitando nossos celulares na frente de um terminal de pagamento (pay pad). Espere um momento: por que se pensa que isso é qualquer coisa melhor do que usar um cartão de crédito? Não é mais rápido, não é mais conveniente, e não é nem um pouco mais seguro. E mais, muitos celulares -- e a maioria dos terminais de pagamento das lojas -- não dispõem ainda de chips do tipo "comunicação de campo próxima" (near-field communication)  exigidos para esses tipos de transações, assim a ideia como um todo é, de qualquer modo, um tipo de fantasia.

Mencionei [diz Fahrad] esse tipo de falha ou imperfeição há vários meses, e ainda não ouvi nenhum bom argumento para justificar porque deveríamos estar pagando nossas compras com nossos celulares. É claro, gostaria de "enterrar" minha carteira, e adoraria se lojas e serviços dos velhos tempos (como ônibus e parquímetros, por exemplo) parassem de exigir dinheiro vivo. Mas, se se estamos a caminho de adotar algum modo ou meio novo de pagamento, não deveríamos escolher algo com vantagens óbvias sobre o que fazemos hoje?

Bem, achamos algo com essas vantagens óbvias. É um app chamado Card Case, e é feito pela Square, a brilhante empresa de pagamentos fundada pelo inventor do Twitter, Jack Dorsey. Como o Card Case roda no seu celular, isso pode soar inicialmente como os desajeitados sistemas celular-terminal de pagamento que estão sendo mascateados por outras empresas. Mas, o Card Case não deixa você pagar com o seu celular, mas sim com o seu nome. Com esse app, você vai a uma loja, escolhe o que quer comprar, e então diz ao caixa o seu nome. Pronto, você acabou de pagar o que comprou. Você não precisa pegar seu celular, você não precisa abrir o app, você não precisa assinar, você não precisa passar seu cartão em um terminal de pagamento, nem esperar por troco. Desde que seu celular esteja com você, o Card Case pode autorizar seu pagamento sem que você tenha que fazer nada. 

A versão do Card Case que permite tais pagamentos automáticos está sendo lançada hoje [o artigo é datado de ontem, 02/11]. Mas a Square instalou uma versão pré-lançamento no meu celular no início desta semana. Usei-a em um par de lojas em S. Francisco. Numa dessas vezes, entrei na Padaria do(a) Pinkie (Pinkie's Bakery) e pedi um bolinho (cupcake). A caixa me disse o total do pedido, e eu lhe disse "ponha-o no tab do Fahrrad". Ela viu meu nome e minha foto no iPad dela, e eu estaba liberado. Um recibo foi enviado para o meu celular. A experiência foi mágica, quase arrepiante ou assustadora.  Aconteceu tão rapidamente, e não incluiu tantas chatices das transações normais, que quando saí da padaria com o bolinho foi difícil não me sentir como se eu tivesse sido simplesmente retirado ou afastado de um assalto.

A Square foi fundada no ano passado, e em seu primeiro formato ela forneceu um modo ou maneira dos estabelecimentos aceitarem pagamentos. Ela fabrica uma leitora de cartões pequena, que se acopla a dispositivos com Android e IOS. Era, assim, um sistema de pagamento perfeito para negócios tradicionais que só aceitam pagamento cash. A outra vantagem da Square para os comerciantes foram o preço e a facilidade de uso. Para aceitar pagamentos, os estabelecimentos comerciais não têm que assinar um contrato ou pagar taxa de instalação. Desde seu lançamento, a Square já vendeu mais de 800 mil leitoras. 

O Card Case é o esforço da Square para fechar o círculo -- depois de resolver o lado do caixa nos negócios, ela agora quer resolver o lado do consumidor ou cliente. A primeira versão do Card Case, liberada para iPhone e Android em agosto, permitia também que você pagasse com seu nome mas não permitia pagamentos automáticos. Quando entrasse em uma loja, você tinha que pegar seu celular, abrir o app do Card Case, e digitar "Use Tab" para pagar.  Esse é o jeito como as coisas funcionam na versão Android do Card Case (a Square não disse quando liberará uma versão nova para celulares Android). Mas, no app do iPhone a Square tirou proveito de  uma nova tecnologia da Apple chamada "geofencing" [algo como "cercar por via terrestre", em tradução livre], que avisa a um app quando um celular entra em uma área geográfica específica. A chave dessa abordagem é que ela acontece no background, o app não precisa estar em operação para ela funcionar.

Isso pode soar um pouco assustador. Não é um app que é o culpado de que aconteça automaticamente um monte de compras fraudulentas? A Square acrescentou vários itens de segurança para minimizar a ocorrência de compras não autorizadas.  Primeiro, você tem que ligar/acionar o dispositivo de autopagamento individualmente para cada loja onde você quiser usá-lo -- é impossível dizer ao Card Case para ligar para a posição autopagamento para todas as lojas de S. Francisco. Segundo, seu nome só aparecerá na tela de uma caixa quando você estiver dentro de uma distância de 100 pés (cerca de 30,5 m) da loja. Mas, o que acontece se um inimigo seu o vê fora de uma loja e então entra e compra coisas usando seu nome?  Isto não acontecerá porque a caixa verá que o seu rosto (que aparece na tela dela) não coincide com o rosto dele. A foto evita também um contratempo, se houver dois John Smith na mesma loja na mesma hora. Finalmente, seu celular o informa quando uma compra é completada, assim, se alguém conseguir de alguma maneira comprar alguma coisa em seu nome, você saberá disso imediatamente.

Square card case (clique na imagem para ampliá-la). Ver mais detalhes no site da Square.

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