sábado, 22 de outubro de 2011

Espanha está disposta a aceitar um desconto no valor de sua dívida que está nas mãos dos bancos

Volto a abordar a situação dos bancos espanhóis na presente crise que grassa na Europa, particularmente na zona do euro, por causa da forte posição do banco Santander no Brasil após a aquisição do banco Real. O Santander é o quarto banco no mundo em receitas e o oitavo em capitalização bursátil, contando com 90 milhões de clientes em todo o mundo.

A Espanha está disposta a aceitar que, em caráter excepcional e para eliminar as dúvidas sobre a solvência do sistema financeiro europeu, nos balanços dos bancos a dívida soberana se avalie a preços de mercado e não pelo valor de emissão, segundo fontes governamentais. Esta medida teria impacto pouco significativo sobre a dívida espanhola, à qual se aplicaria um desconto inferior a 5%, segundo as mesmas fontes, enquanto que a depreciação dos bônus gregos poderia chegar a 50%.

A proposta, que não prevê perdão de dívida e sim uma perda ou diminuição no valor contábil dos bônus, figura no documento que a Autoridade Bancária Europeia (EBA, em inglês) encaminhou ontem aos governos dos 27 países membros para aprovação na reunião no Conselho Europeu de hoje. A EBA propõe também elevar para até 9% o requisito de capital básico de qualidade máxima para as entidades do sistema, quatro pontos acima dos 5% exigidos nos testes de resistência (stress tests) publicados em julho passado. As mesmas fontes fizeram lembrar que a Espanha já tem exigido de suas entidades financeiras um 8% de capital básico, que se eleva para 10% para as entidades que não cotizam nas bolsas.

Para relativizar o impacto dessas propostas, o governo espanhol não esconde sua preocupação com o fato de que a recapitalização da banca agrave o estrangulamento do crédito e dificulte a recuperação econômica. Por isso, a Espanha pedirá que os requisitos de capital de qualidade máxima sejam acompanhados de uma flexibilização que permita computar como tal as provisões genéricas, as obrigações conversíveis ou as participações preferenciais, o que não conseguiu nos testes de stress anteriores.

Ainda não se sabe quantos bancos deverão se submeter às novas exigências, ainda que as mesmas fontes estimem que as entidades espanholas afetadas serão no máximo cinco: Santander, BBVA, Bankia, Caixabank e Panco Popular.  Considera-se um prazo de três a seis meses para que esses requisitos possam ser cumpridos.

Por outro lado, o governo espanhol rechaça que a União Europeia lhe exija novos ajustes, apesar de que em uma das minutas que serão debatidas hoje se diga que os países cujas dívidas soberanas estão submetidas a fortes tensões, em alusão a Itália e Espanha, deveriam efetuar um "esforço particular" para cumprir o objetivo de redução do déficit.




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