terça-feira, 13 de setembro de 2011

A crise força a Itália a pagar o preço mais alto da era euro para financiar-se

A Itália necessita de dinheiro, de muito dinheiro, de hoje até o final do ano se quiser continuar honrando seus compromissos com seus credores. Para isso, precisa vender 80 bilhões de euros de sua dívida nos próximos meses, apesar da queda que ela vem sofrendo nos mercados. E os investidores sabem disso, pelo que há margem para continusar dando um aperto no país transalpino.

Com um volume de dívida pública superior a 120% de seu PIB, a Itália é considerada o próximo país com mais possibilidades de necessitar de uma ajuda de seus sócios da zona do euro, para não entrar em uma situação de insolvência. Além disso, como uma prova de que chegaram a Roma os problemas de financiamento que deixaram a Grécia a um passo da bancarrota, o Estado italiano se viu obrigado a pagar nesta manhã a rentabilidade mais alta de toda a era do euro para vender bônus da dívida de 5 anos. Esse é o pedágio que lhe pedem os investidores para superar suas dúvidas crescentes, umas incertezas que se fazem notar em seu prêmio de risco, que está nos mesmos níveis que levaram o BCE (Banco Central Europeu) a reativar a compra de bônus dos países que estavam sob suspeita em agosto.

Forçada por um calendário complicado, a Itália voltou hoje novamente a recorrer ao mercado primário, onde se realizam as emissões de dívida soberana, para vender 7 bilhões de euros em títulos de prazos diferentes. A operação, tal e qual lhe ocorreu ontem em um leilão de (prazo de) um ano, lhe custou caro, pois se viu obrigada a garantir a rentabilidade mais alta desde que se incorporou ao euro em 1999 para vender 3,9 bilhões de euros em dívidas de 5 anos. De concreto, o tipo médio desses bônus foi a 5,59%, ao passo que na última operação de mesmos prazos realizada em julho foi-lhe suficiente oferecer 4,93%. Só em 2000 é que beirou os 5,6%.

No mercado secundário, onde são intercambiados os títulos de dívida uma vez emitidos e onde se estabelece o prêmio de risco, nem a compra de bônus pelo BCE, que segundo alguns operadores estaria voltando a comprar hoje papel italiano, nem o suposto apoio da China são suficientes para aplacar a perseguição dos mercados contra a Itália e, por extensão, contra a Espanha. A pressão sobre a dívida italiana medida em termos de prêmio de risco, que o sobrepreço que se exige dos bônus de um determinado Estado frente aos bônus alemães, que são adotados como referência, voltou nesta manhã a superar os 400 pontos básicos, fazendo com que esse indicador voltasse ao nível em que estava antes da reativação do programa de ajuda por parte do órgão emissor europeu, que gastou pouco menos de 70 bilhões de euros para ajudar Itália e Espanha nesse período.

No plano político, o aumento da pressão ocorreu no mesmo momento em que o Tesouro italiano informava, sem dar mais detalhes, que o ministro da Economia, Giulio Tremonti, se reuniu com uma delegação de investidores chineses. A confirmação se deu depois que o jornal Financial Times publicou que o governo italiano negocia com as autoridades chinesas para que um fundo do gigante asiático compre títulos da dívida italiana e invista em empresas estratégicas italianas.

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