domingo, 21 de agosto de 2011

Praticamente metade dos pacientes não controla hipotireodismo

Quase metade dos pacientes (46,6%) que tomam remédios contra hipotireoidismo não controla a doença. Esse é o resultado preliminar do primeiro levantamento em grande escala no Brasil sobre o tratamento da doença, apresentado no Congresso da Sociedade Latino-Americana de Tireoide em Lima, no Peru, neste mês. O estudo foi feito com 1.231 pacientes com idade média de 53 anos, acompanhados em hospitais de quatro universidades: UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Unicamp, Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal do Ceará.

O hipotireoidismo é um distúrbio caracterizado por uma menor atividade da glândula tireoide, que produz hormônios responsáveis por estimular o metabolismo e o trabalho celular. Segundo o coordenador do estudo, Mario Vaisman, professor de endocrinologia da UFRJ, o problema é que muitas pessoas tomam o remédio fora do intervalo correto (30 minutos antes do café da manhã) ou o tomam junto com outros remédios, o que prejudica a absorção do hormônio.

Mas o grande problema, de acordo com Laura Ward, presidente do departamento de tireoide da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), é a falta de adesão ao tratamento. A principal causa disso, diz a médica, é um dos sintomas da doença: o esquecimento. "O que vemos na prática é pessoas que tomam um dia sim e três não. Como não sentem dor, não levam a sério". O problema, no entanto, pode ter consequências graves a longo prazo, como insuficiência cardíaca.

Estudos apontam que há um aumento no número de casos de doenças da tireoide no mundo todo. Um deles é um estudo italiano que mostra que, entre 1988 e 2007, o número de casos de tireoidite de Hashimoto foi multiplicado por 90. A doença autoimune é a principal causa de hipotireoidismo. "Um dos fatores é o aumento de consumo de sal e, consequentemente, de iodo, pela população", diz Ward. Mas, afirma, há outros fatores que têm comprovada relação com esse aumento. Entre eles estão a maior exposição à radiação ionizante (como a de raio-X).

No entanto, Ward diz que não há dados que mostrem que devemos reduzir o consumo de iodo, mesmo porque um estudo recente da USP de Ribeirão Preto mostrou que gestantes ingerem menos iodo do que o recomendado, o que aumenta o risco de o bebê ter retardo mental. "Deveria haver uma campanha para reduzir o consumo de sal, principalmente dos produtos industrializados, e não de iodo", afirma a endocrinologista.  Em novembro, o Ministério da Saúde deve divulgar os resultados de um estudo nacional sobre a quantidade de iodo ingerida pela população e, dependendo dos resultados, poderá reduzir o nível da substância no sal de cozinha.

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