quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lições dos protestos dos bombeiros

Embora encerrado, o movimento de protesto dos bombeiros contra seu nível salarial está longe de ser solucionado, mas já deixou lições e problemas e incógnitas de montão. Houve erros crassos, tanto da parte dos bombeiros quanto da parte do governo estadual. Os bombeiros comportaram-se como irresponsáveis e baderneiros, quando criaram o caos no trânsito no Rio no dia 11 de maio e, depois, invadiram seu quartel-geral na cidade. O Sr. Sérgio Cabral, governador do Estado, meteu os pés pelas mãos na sua reação inicial ao movimento e, depois, ao tentar uma saída "honrosa" do imbróglio causado pelos bombeiros e por ele mesmo.

Mais uma vez, a população do Rio deixou-se manipular e reagiu emotivamente e não racionalmente, colocando fitinhas vermelhas em seus carros e indo às ruas  para apoiar incondicionalmente os manifestantes. Acabaram, com isso, legitimando os atos irresponsáveis de bandalha dos bombeiros e endossando movimentos futuros de mesmo teor e irresponsabilidade de qualquer outro grupo de servidores, militares ou não, que queira fazer da baderna seu instrumento de protesto. Sentindo-se apoiados e estimulados, os bombeiros exigem uma anistia incondicional para os 439 companheiros baderneiros e vândalos que depredaram instalações de seu quartel-geral, alegando esdrúxula e irresponsavelmente que reagiram à proibição de entrar na "sua casa"-- casa esta construída com dinheiro público e que é sede de uma corporação militar e não uma casa da mãe joana. Encontraram logo o apoio de políticos irresponsavelmente demagógicos e, p'ra variar, da massa ignara.

Como não podia deixar de ser, outras classes de servidores públicos imediatamente pegaram carona no movimento dos bombeiros ao perceber sua aprovação pela opinião pública, e colaram nos brigadistas de incêndio que nem chicletes em sola de sapato -- nessa onda oportunista e irresponsável estão, por exemplo, os policiais militares e os professores estaduais, usando os biombos artificiais da "solidariedade" e da "dignidade".  Não tenho nenhuma dúvida de que todo esse pessoal, incluindo os bombeiros, ganha muito mal, mas isso absolutamente não lhes dá o mínimo direito de infernizar a vida da cidade e agir como vândalos materiais ou morais.

Dessa mixórdia toda sobrou ainda a fantástica constatação de que o grande Rio de Janeiro, com cerca de 61% da população da grande São Paulo (11milhões e 700 mil contra 19 milhões e 200 mil, respectivamente, dados de 2010) tem quase o dobro de bombeiros (quase 17 mil contra cerca de 9 mil) da maior cidade do país e quarta maior aglomeração urbana do planeta! Como se explica isso?!!

2 comentários:

  1. Por que o ato dos bombeiros cria um precedente perigoso

    Os bombeiros assim como qualquer categoria têm o direito de pedir melhoria salarial, ocorre que por servirem junto com a PM, sob regime militar, lhes é vetado o direto à greve. Nos últimos dias o que tenho visto no Rio é um circo. Uma categoria que vem sendo “doutrinada” por políticos faz meses, chega ao ponto de rasgar sua lei militar, invadir um quartel, ocupar e inutilizar viaturas.
    Ora, isso é inadmissível em um estado de direito. Imaginemos se médicos decidem fazer greve, invadir hospitais, furar pneu das ambulâncias e trancar as portas; E se um dia policiais em greve ocuparem os presídios e ameaçarem soltar os presos? Não obstante, teríamos ainda a possibilidade de Soldados do exército em greve, colocarem tanques para obstruir vias. Pergunto: Onde a sociedade vai parar? É esse o precedente que a sociedade deseja abrir com os bombeiros?
    Para que não corramos esse risco há uma legislação militar que rege as FFA, Bombeiros e a PM. Independente de qualquer pleito salarial, ela tem de ser respeitada. No momento em que a sociedade permitir que essa lei seja ignorada, estará pondo em risco sua própria ordem.

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  2. Concordo plenamente, como aliás expus na minha postagem. Esse movimento dos bombeiros até agora só serviu para provar (mais uma vez) que greve e anistia são dois conceitos permanente, consciente e demagogicamente deturpados neste país por todo mundo.

    A imprensa de hoje fala de projeto de desmilitarização dos bombeiros, e o chefe do Centro de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal defende o atual modelo, dizendo que "a disciplina militar ajuda no treinamento e na conduta dos profissionais". Se tumultuar a vida da cidade e invadir quartel e depredar suas instalações forem exemplos de disciplina militar estamos definitivamente roubados! Se, sob tutela militar, os bombeiros fizeram essa baderna toda e ainda se acham no direito de receber anistia, é fácil imaginar o que acontecerá se perderem esse "freio"!...

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