sábado, 7 de maio de 2011

Os navios a propulsão nuclear são perigosos?

Um novo vazamento radioativo faz as manchetes, mas desta vez não se trata da usina japonesa de Fukushima Daiichi mas sim de um navio quebra-gelo russo de propulsão nuclear que se deslocava no Ártico. Esse vazamento, anunciado pela agência federal da frota nuclear russa, Rosatomflot, ocorreu na quinta-feira, dia 5, e obrigou o navio a dar meia-volta e rumar para seu porto de matrúcula no mar de Barents. "Um fraco aumento da radioatividade no ar foi detetado no sistema de ventilação da sala do reator", informou a Rosatomflot. "A causa provável foi a perda de estanqueidade dos sistemas do primeiro recinto do reator", acrescentou a agência. Leia mais.

Desde 1955, data de lançamento ao mar do primeiro submarino desse tipo, o USS Nautilus, cerca de 600 navios de propulsão nuclear têm estado em operação -- hoje, eles são 150 navegando sobre o mar ou sob suas águas. São essencialmente navios militares, em sua maioria submarinos (cerca de 130 -- americanos, russos, franceses, britânicos ou até chineses), mas também porta-aviões (12), cruzadores (3) e 6 navios civis, os quebra-gelos. Entre outras vantagens, a energia nuclear proporciona uma grande autonomia aos navios que a utilizam -- os submarinos, por exemplo, podem ficar vários meses submersos -- e os motores são mais silenciosos e discretos.

Os navios a propulsão nuclear enfrentam os mesmos problemas que as usinas nucleares, quando de sua desmontagem e na estocagem de dejetos. Esses problemas são mais agudos para a Rússia, que detém a liderança mundial desse tipo de navios com cerca de 250 submarinos, cinco navios de guerra de superfície e oito quebra-gelos, totalizando perto de 900 reatores. Durante esses anos todos, nenhuma infraestrutura foi instalada para a retirada dos milhões de toneladas de navios nucleares que ultrapassaram seu limite de idade, ou para estocar e reciclar as centenas de milhares de toneladas de combustível nuclear utilizado. Uma grande parte dos submarinos russos desativados, desarmados mas não desmontados ainda flutua nas águas russas e são chamados por inúmeros observadores de "cemitérios de Chernobyl flutuantes" -- segundo uma documentação francesa, eles carregam trinta vezes mais a quantidade de combustível nuclear do reator n° 4 da usina de Chernobyl quando ele explodiu em 1986. Leia mais.
Submarino nuclear (russo?) (Le Monde).
Cemitério de submarinos russos (V. Bassler/Bellona).

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