sábado, 7 de maio de 2011

O dilema populacional da China

Afinal, a população da China é ou não suficiente? Esta pergunta pode parecer absurda em relação a um país reconhecido por ter a maior população do planeta e por ter tomado medidas draconianas para restringir seu crescimento. Embora muitos, incluindo chineses e não-chineses, tenham se mostrado chocados com os brutais e coercitivos excessos da política de um só filho, tem havido igualmente um relutante reconhecimento de que a China precisava fazer algo para manter controle de seus impressionantes números.

As figuras do novo censo na China mostram porém que se confirmam alegações de anos recentes, de que a China na realidade está sofrendo de um problema demográfico diferente: uma taxa de natalidade muito baixa. Os números mais recentes, divulgados em 28 de abril e baseados em um recenseamento nacional feito em 2010, mostram uma população total de 1,34 bilhão para a China continental. Há também a demonstração de uma forte queda na taxa anual de crescimento da população, que foi de 0,57% na década 2000-2010 contra 1,07% na década anterior. Esses dados implicam que a taxa total de fertilidade, que é o número de crianças que pode ter uma mulher na idade para tanto, durante sua vida, pode ser agora de apenas 1,4, bem abaixo da "taxa de substituição"  de 2,1 que finalmente leva à estabilização da população.

Um crescimento demográfico mais lento é contraposto por um dramático envelhecimento da população. Chineses acima de 60 anos representam agora 13,3% do total, contra 10,3% em 2000 (ver gráfico). No mesmo período, pessoas abaixo de 14 anos caíram de 23% para 17%. A continuidade dessa tendência sobrecarregará cada vez mais não apenas os jovens que trabalham, que terão que sustentar seus parentes mais idosos, mas também os sistemas de aposentadoria e de saúde públicos. O chamado "dividendo demográfico" da China -- uma crescente participação dos adultos em idade de trabalho -- está quase superado. Leia mais.
A carga do envelhecimento -- a população da China por grupo etário, em milhões (The Economist).

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