quarta-feira, 6 de abril de 2011

A OEA e Belo Monte

Quero fazer uma correção quanto à postagem de ontem sobre esse assunto: ao contrário do que disse, o Itamaraty respondeu à CIDH da OEA através da Nota número 724, de 15/12/10, no tocante à condenação que nos foi imposta por aquela Comissão em relação aos desaparecidos na chamada Guerrilha do Araguaia. A menção a essa Nota, aliás, consta da minha postagem sobre o assunto.

Voltando ao assunto de Belo Monte, a irritação manifestada pela presidente Dilma contra a intromissão da OEA via CIDH em um assunto interno nosso é compreensível apenas sob este enfoque, mais reitero que é indefensável a tese de que fomos apanhados de surpresa como alega o Itamaraty em sua Nota 142 de ontem. A menos que nossos diplomatas que cuidam da OEA em Brasília e na sede da Organização em Washington tenham desaprendido tudo o que lhes foi ensinado no Instituto Rio Branco e no desempenho de suas carreiras, esse desfecho tinha que ter sido vislumbrado pelo Itamaraty e medidas preventivas e persuasivas tinham que ter sido tomadas para evitar mais um entrevero com a OEA e mais um arranhão em nossa imagem internacional. Por outro lado, Dilma Rousseff está colhendo agora o que ajudou a semear no governo anterior, quando era eminência parda de Lula, Nosso Pinóquio Acrobata: a falta de transparência na condução de todo o processo de desenvolvimento do projeto de Belo Monte, e a maneira heterodoxa e altamente questionável com que o Ibama tem sido obrigado pelo governo a atuar com relação às questões socioambientais dessa usina. Deu no que deu: o governo foi autoritário, fechou as portas às negociações, e as ONGs legitimamente foram bater às portas da OEA.

Queiram ou não a presidente Dilma e o Itamaraty, gostem ou não ambos da OEA, o fato é que a Organização é apoiada pelo Brasil desde o seu nascedouro, somos signatários de sua Carta, e estamos (ou deveríamos estar) carecas de saber como ela atua e de conhecer suas picuinhas. Como diz o velho e bom ditado, quem cochila o cachimbo cai ...

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