terça-feira, 12 de abril de 2011

O sumô sofre para se adaptar ao mundo moderno

No início, o sumô, a tradicional luta japonesa, era um ato religioso, místico. Na origem do nascimento mesmo do Japão houve um combate considerado o fundador do sumô, o de Takemikazuchi, que permitiu no início do primeiro milênio à dinastia atual inaugurar o seu reinado. Em seguida, o sumô se desenvolveu como uma cerimônia religiosa, rica de todo o gestual que às vezes não é bem compreendido pelo ocidente. No início dos combates, os lutadores batem os pés no chão, gesto destinado a expulsar os demônios do mal. Eles jogam sal, para purificar o dohyō (ringue) e batem as mãos, sinal de oração/pedido no xintoísmo.

O sumô se tornou uma atividade física e esportiva, com o período de Kamakura e as guerras dos clãs por volta de 1.500 (data do descobrimento do Brasil, só para permitir uma visão cronológica mais real dos fatos). Muitos samurais se dedicavam então ao sumô, uma técnica de combate essencial para eles. Ao contrário do que se pensa, os samurais não lutavam com sabres ou espadas, mas sim com o arco quando montavam seus cavalos e, depois, no solo -- o sabre ou espada servia para cortar a cabeça do inimigo, e os golpes do sumô permitiam imobilizá-lo. O sumô não se impôs verdadeiramente como esporte senão a partir do século 17, durante o período do Edo (o Japão antigo).

O fim do shogunat (governo militar) ao final do século 19 e o restabelecimento ou reintrodução da figura e da autoridade do imperador geraram a organização de associações e de sindicatos, e sua profissionalização se deu progressivamente no início do século seguinte. Pouco a pouco, os sumotoris (lutadores de sumô) transformaram-se no que hoje são conhecidos: lutadores obesos, admirados por sua vontade e seu treinamento duríssimo. À exceção dos grandes campeões, os sumotoris levam uma vida quase monástica, em alojamentos comunitários.

Em 2007, após a morte de um aprendiz de lutador violentamente espancado por seu mestre e seus companheiros de treinamento, foi possível vislumbrar a brutalidade e as situações vexatórias que ocorrem no ambiente do sumô. Depois, ocorreu uma série de escândalos: vários sumotoris foram confirmados como usuários de maconha e excluídos da Federação, e um alojamento foi acusado de oferecer vagas a yakuzas, membros das temíveis máfias japonesas. A partir de maio de 2010 houve o maior abalo no sumô: foi descoberta uma negociata de apostas ilegais e de lutas fraudadas, ligadas a mafiosos, o que acarretou a demissão de 19 sumotoris e de um mestre.

Na semana passada a Federação de sumô anunciou que o mês de maio deste ano marcará o retorno dos torneios de lutas no Japão. Um primeiro torneio, de 8 a 22 de maio, permitirá avaliar os lutadores, iniciar uma nova classificação no esporte e saber os efeitos dos problemas recentes no futuro do sumô. Leia mais.
Lutadores de sumô (os sumotoris).
O campeão de sumô Hakuo ajudando as vítimas da tragédia de 11 de março. (AP/Jee Lin-man)

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