segunda-feira, 14 de março de 2011

Segurança de usinas nucleares: inquietação após os problemas no Japão

Ainda no calor da tragédia que assolou o Japão, à parte os enormes problemas humanos que isso causou e que ainda traumatizam os japoneses e o resto do mundo, uma outra preocupação atrai a atenção mundial que é a questão da segurança das usinas nucleares levando em conta o que ocorreu e ainda vem ocorrendo em pelo menos duas usinas japonesas desse tipo. A Suiça e a Alemanha acabam de anunciar uma moratória de pelo menos três meses na construção de novas usinas nucleares, ao mesmo tempo em que determinaram uma reavaliação do seu programa e de seu parque de usinas nucleares.

Antes de transcrever trechos de um artigo publicado hoje no conceituado jornal inglês The Independent sobre esse tema, acho oportuno fazer algumas considerações, mesmo que eventualmente elas sejam parcial ou totalmente redundantes com considerações feitas pelo citado artigo. Resumindo: - a) o Japão possui um longo e respeitabilíssimo acervo de segurança nesse campo, sob praticamente qualquer aspecto; - b) as usinas atingidas pela catástrofe japonesa estão entre as mais antigas do país, com critérios de projeto e segurança certamente compatíveis com o melhor do estado da arte disponível na época (o artigo do The Independent não endossa inteiramente esta tese); - c) é preciso, no caso do Japão, examinar o assunto levando em conta a terrível associação de dois fenômenos, um terremoto e um tsunami, de enorme poder de destruição.

Algumas questões levantadas pelo artigo citado acima: - a) mesmo no Japão, e antes da catástrofe, havia críticas de que nessas usinas teriam ocorrido concessões no confronto segurança x custo; - b) mesmo levando em conta a magnitude impressionante do desastre, levanta-se a questão de que se mesmo o Japão, com seu reconhecido e respeitado acervo nas áreas de segurança e de tecnologia, não é capaz de projetar e construir reatores imunes a desastres, quem então será capaz de fazê-lo? Leia mais.

2 comentários:

  1. Amigo VASCO:
    Independentemente da tragégia que abalou o Japão,a questão das usinas nucleares é secundária em minha opinião. A cauda da tragédia foi o TSUNAMI e não o terremoto, embora a ocorrencia do mesmo tenha sido o mesmo.
    As usinas nucleares sofreram as causas desses dois fenômenos, não porque estivessem mal projetadas, mas porque as forças desenvolvidas pela Natureza foram superiores ao que o Homem pode prever e se precaver.
    Considerando a história dos acidentes em usinas termonucleares, se confirmados os acidentes no Japão, esse serão os terceiros em nível MUNDIAL.
    Também considerando o número de usinas nucleares existentes e em atividade no mundo, o percentual é absolutamente favorável a esse tipo de geração de energia.
    A preocupação com a segurança, principalmente das populações que convivem no entorno dessas instalações, só tende a crescer.
    Em meu ponto de vista é uma forma bastante segura de geração de energia elétrica, pois até agora só tivemos dois acidentes com usinas desse tipo para as centenas que existem no mundo.
    As causas de exposição à radioatividade hoje são extremamente mais conhecidas quando comparadas ao lançamento da bombas atômicas de Hirossima e Nagasaki, quando nem mesmo os americanos tinham noção dos perigos da radioatividade para o Ser Humano. Não houve tempo para analisar os efeitos, que são de longo prazo. Eles explodiram TRÊS BOMBAS ATÔMICAS em menos de um mês (uma em ALAMOGORDO em 14.07.44 e duas nas cidades citadas em 06.08.44 e 09.08.44).
    Foi quando o MUNDO acordou pARA OS PERIGOS ATÔMICOS, MAS NÃO IMEDIATAMENTE.
    Inicialmente, todos se preocuparam só com o PODER DESTRUTIVO de tais armas, mas desconheciam seus efeitos perversos sobre seres humanos, o que só acontecu muito mais tarde.
    Hoje, a geração de energia elétrica por usinas nucleares pode ser considerada extremamente confiável, embora ainda seja classificada, em algumas circunstancias, como perigosa.
    O grande perigo envolvendo um reator nuclear é justamente ao SOBREAQUECIMENTO de sua barras de URÂNIO. Isso pode levar à formação de uma massa crítica de urânio equivalente ao necessário para ela exploda como em uma bomba. Daí a necessidade de resfriar o núcleo para impedir sua fusão, o que não é fácil.
    Não acredito em maiores consequencias dos desastres nas usinas nucleares japonesas, além da paralisação da geração de energia elétrica.
    Tudo o mais está sob contrôle.
    Só como complemento: as usinas brasileiras, ANGRA-1 e ANGRA-2, estão situadas em uma região
    que possivelmente não sofrerá terremotos como os acontecidos no Japão, mas estão localizadas na região chamada ITAORNA que, em tupi-guarani, quer dizer PEDRA PODRE!!!!

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  2. Caro Levy,

    Concordo com você quanto à segurança das usinas nucleares. O histórico da França, por ex., é imbatível: o país tem 77% de sua energia elétrica gerados por 56 reatores, só perdendo para a Lituânia (veja http://www.terra.com.br/reporterterra/nuclear/graficos.htm ). O Japão gera 36% de sua energia por via nuclear e seu histórico de segurança até a catástrofe também é respeitável.

    Isso não significa que se possa dormir sobre os louros. Os riscos potenciais dessas usinas permanecem e tem crescido o adensamento populacional dos locais onde estão ou podem se instalar, o que exige cuidados redobrados em todos os aspectos relativos a essas instalações. Além disso, a tecnologia ligada a elas também é dinâmica e a cada dia melhorias são descobertas e se tornam aplicáveis.

    Por falar nas nossas usinas de Angra, citadas por você, hoje mesmo o Globo publica comentário dizendo que se fossem decididas hoje não seriam instaladas onde estão, devido à relativa instabilidade geológica de seu entorno.

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