quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Aviação comercial brasileira, um setor que cheira mal há décadas

Se alguém perder alguns minutos analisando o setor da aviação comercial brasileira perceberá facilmente que é, há décadas, um setor malcheiroso e de histórias estranhas e cabeludas -- e o pior é que são nele nulos ou supermínimos os sinais de qualquer mudança para melhor. Vejamos:
  • o setor contabiliza duas falências criminosas e inexplicáveis, contra os interesses do país: a da Panair e a da Varig -- a primeira imposta pela ditadura militar, sem qualquer justificativa minimamente defensável, a segunda praticamente forçada pelo governo Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata), que não só não mexeu uma palha para viabilizar a recuperação plena da empresa, como adotou uma estratégia de indiferença inequivocamente destinada a matar a empresa (neste capítulo, fica por ser devidamente explicado o papel de José Dirceu e da TAM, isoladamente e em dupla, para acabar com a Varig);
  • a Infraero, responsável pela planificação e gestão de todos os nossos aeroportos, tem 37 anos de existência e desde seu nascimento é vinculada à área militar (hoje capitaneada pelo Ministério da Defesa), uma aberração que nos torna motivo de chacota em todas as reuniões internacionais sobre transporte aéreo -- a bitola estreita da visão militar aplicada à aviação comercial explica e justifica o caos em que se encontram todos os nossos principais aeroportos, sem exceção, dos quais o pior exemplo é disparado o  Galeão;
  • respaldada pelos militares, motivados por corporativismo e outros que tais de mesmo baixo nível, a Infraero tem sido o principal bastião de resistência contra a privatização de nossos aeroportos -- pressionada porém pela péssima situação de nossos aeroportos e com a proximidade da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, e modestamente pelo governo, ela agora admite privatizar alguns deles mas alerta que os principais continuarão sob sua comprovadamente falida administração ou seja, a mudança p'ra valer será zero;
  • o Brasil possui a terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer (que disputa esse lugar renhidamente com a canadense Bombardier), mas nenhuma de suas principais empresas aéreas (a começar pela Gol e pela TAM) tem hoje sequer um avião de sua fabricação -- como empresas do porte da Air France, da Lufthansa e de muitas outras de renome, utilizam aviões desse fabricante brasileiro pelo mundo afora, é evidente que essa lacuna não pode ser atribuída a um mau marketing da Embraer. Como nossas frotas são predominantemente de aviões da Boeing, talvez esteja aí o fio do novelo ... Foi preciso um americano-brasileiro (David Neeleman) fundar, há pouco mais de dois anos, uma empresa aérea no país, a Azul, para que a Embraer emplacasse a primeira frota de aviões seus no Brasil -- foram encomendadas 42 aeronaves dos modelos Embraer 190 e Embraer 195, dos quais mais ou menos a metade está em operação, e há opção para a compra de 36 outras aeronaves.
Está ainda para ser contada a história completa e isenta da nossa aviação comercial, mas certamente não será leitura das mais agradáveis.

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