terça-feira, 9 de novembro de 2010

Saúde, o "aborto" do período pós-eleição?

De repente, após a eleição de Dilma, o tema "saúde" assumiu o mesmo lugar de destaque ocupado pelo tema "aborto" no período eleitoral. As coincidências de abordagem são inúmeras: muita hipocrisia, frases de efeito, jogo de empurra e absoluta falta de honestidade de parte dos condutores da mais nova polêmica artificial a mobilizar todos os espaços da mídia do país.  A expressão "subfinanciamento da saúde", lançada pelo governador pernambucano Eduardo Campos, já foi encampada pelo ministro Temporão e virou o jargão da moda.

No período eleitoral o assunto foi escamoteado pelos dois candidatos: assim como Dilma, Serra também só fez enganação quanto a seus projetos nessa área de vital importância para o país. O fato flagrante, ladinamente surrupiado pelos defensores da recriação da CPMF para "salvar" o setor, é que a transparência é zero na apresentação do "problema". Algumas perguntas e suas respostas ajudariam a conduzir decente e honestamente a discussão do tema:
  • o governo federal vem acumulando recordes sucessivos de arrecadação, propagados aos quatro ventos -- qual o destino dessa bolada bilionária? A saúde é contemplada nesse rateio e, em caso afirmativo, quanto lhe cabe ou coube até agora? Em sequência, o que o Ministério da Saúde tem feito com esses recursos?
  • quanto os Estados e os municípios vêm recebendo do governo federal e que destino dão a essa receita? Desdobrar a resposta em três períodos: antes, durante e após a CPMF.
  • por que efetivamente os Estados não vêm cumprindo a regra constitucional de aplicação de recursos para a saúde?
Enquanto a demagogia e a hipocrisia campeiam soltas, somos agredidos diariamente com notícias de pacientes morrendo nas portas dos hospitais, após esperarem horas ou mesmo dias por atendimento, hospitais e ambulatórios em péssimas condições físicas, equipamentos hospitalares importados deteriorando-se na alfândega ou mesmo já instalados, crianças e adultos vitimados por estudantes de medicina contratados e/ou acobertados como se médicos fossem por outros médicos, e por aí vai a lista de horrores.

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