domingo, 21 de novembro de 2010

Crônica de um vexame anunciado

Ontem o presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, em inglês), o italiano Giovanni Bisignani, disse com todas as letras que os aeroportos brasileiros são um "desastre" e que podem causar uma "vergonha nacional" na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016. Um pouco antes disso, um dirigente da FIFA já tinha manifestado sua preocupação quanto ao andamento das obras nos nossos estádios para 2014. Como sempre, ficamos sabendo de nossas mazelas primeiro via estrangeiros, porque por aqui, quanto aos eventos citados (mas não só neles), a transparência dos governos federal, estadual e municipal, e da CBF, é a mesma que a de um vidro fumê.

Os aeroportos e os estádios são apenas dois dos itens essenciais de uma impressionante lista de providências urgentes que precisam ser tomadas e concluídas. A lista passa, mas não se esgota nelas, por questões complexas, caras e demoradas, como infraestrutura urbana, de transporte e sanitária, segurança pública, rede hospitalar e ambulatorial, acomodações de atletas e dirigentes, rede hoteleira, formação e treinamento de pessoal em inúmeras áreas, sistemas de comunicações eficientes desde os municípios ao governo federal, aparelhamento das diversas polícias, e vai por aí afora.

Com raras e honrosas exceções por parte da Prefeitura do Rio, o silêncio sobre as obras para aqueles dois eventos é ensurdecedor e a falta de transparência é escandalosa (mas característica e sintomática). O brasileiro já está anestesiado com as agressões e vexames por que passa diariamente dentro do país com a desídia dos governos federal, estaduais e municipais com seus problemas mais básicos, mas precisa acordar e reagir urgentemente contra a séria possibilidade de ser motivo de chacota planetária por um eventual fiasco administrativo, gerencial, de planejamento e de execução com relação à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Se isto infelizmente ocorrer, será um seríssimo revés à nossa credibilidade e a inúmeras pretensões que legitimamente alimentamos no cenário internacional.

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