sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nelson Rodrigues, um gênio polêmico

Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife em 23 de agosto de 1912, quinto dos quatorze filhos do casal Maria Esther Falcão e Mário Rodrigues. Por problemas políticos, seu pai, jornalista do Jornal do Recife e deputado, resolve transferir-se para o Rio para trabalhar no Correio da Manhã como redator parlamentar, aqui chegando com a família em julho de 1916.

Consta que aos 8 anos Nelson ganhou um concurso de redação na sua classe na escola, no qual o tema era livre. Escandalizou sua professora e o corpo docente escrevendo uma história de adultério. O marido chega em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo pela madrugada. Ele pega uma faca e mata a mulher, depois ajoelha-se e perde perdão. Apesar do tema, a qualidade da redação fez com que Nelson Rodrigues fosse premiado.

Nelson Rodrigues descobriu o Fluminense em 1919, primeiro ano do tricampeonato tricolor. Seu irmão Mário Filho tornou-se um famoso jornalista esportivo, e seu nome é o nome oficial do estádio do Maracanã.

Nelson Rodrigues começou sua carreira jornalística em 29/12/25, com apenas 13 anos, no jornal do pai, A Manhã, onde trabalhou também o Barão de Itararé. Faleceu na manhã de 21/12/1980, um domingo. Neste mesmo dia, à tarde, faria 13 pontos na loteria esportiva com seu irmão Augusto e alguns amigos de O Globo. Deixou 11 romances, vários contos e crônicas, e 17 peças teatrais.

Fez ele mesmo sua própria definição:

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."

A seguir, algumas de suas grandes frases:
  • O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: -- o da imaturidade. 

  • A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

  • O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa alguma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

  • Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

  • O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: -- um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.

  • Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.
  • A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.
  • Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos aumenta o desgaste de nossa delicadeza.

  • Deus está nas coincidências.
  • Invejo a burrice, porque é eterna.
  • Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais.
  • O dinheiro compra até o amor verdadeiro.
  • Só o inimigo não trai nunca.
  • A platéia só é respeitosa quando não está a entender nada.

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